A Torres Joalheiros promoveu uma exposição dedicada ao Alpine Eagle, o relógio de design integrado da Chopard que rapidamente se tornou no ponta de lança da coleção da marca genebrina. Filho do co-CEO Karl-Friedrich Scheufele, Karl-Fritz Scheufele é o rosto da nova geração da família e foi crucial para o desenvolvimento do Alpine Eagle.
Numa sala adequadamente decorada, a Torres Joalheiros promoveu uma exposição histórica dedicada ao Alpine Eagle no primeiro andar da sua flagship store da avenida da Liberdade. E não só contou com um alargado acervo de modelos da própria linha, como também exibiu várias das mais recentes novidades — como o Alpine Eagle Flying Tourbillon, o Alpine Eagle Pine Green de mostrador verde, novas versões do Alpine Eagle XL Chrono, o Alpine Eagle Cadence 8HF de alta frequência e ainda múltiplas versões joalheiras. Sem esquecer o mentor da coleção: Karl-Fritz Scheufele também passou por Lisboa para apadrinhar a exposição.
As iniciais são KFS, mas não se trata de Karl-Friedrich Scheufele — atual co-presidente da Chopard, juntamente com Caroline Scheufele. Os dois irmãos sucederam aos pais na direção da marca e, aparentemente, já estarão descansados relativamente ao futuro: a nova geração tem gosto e vontade de continuar a desenvolver o legado da família e a projetar a Chopard. E o Alpine Eagle é justamente a concretização de um projeto familiar que necessitou vários anos de desenvolvimento e que não tem parado de crescer desde o seu lançamento, em 2019, num piscar de olhos retrospetivo a um modelo original de 1980.
Atualmente com 41 referências, a linha Alpine Eagle insere-se na tipologia dos relógios desportivos de luxo com design integrado que nasceu na década de 70 e marcou o advento do relógio de pulso moderno (por contraponto com a estética tradicional com asas para segurar a correia ou bracelete). Foi seguindo essa linha de robustos modelos em aço com um nível de acabamento mais próximo da alta relojoaria e um elevado preço condizente que a Chopard introduziu, em 1980, o St. Moritz — um modelo impulsionado pelo então jovem Karl-Friedrich Scheufele e que rompeu com as versões mais elegantes em ouro que constavam do catálogo da marca genebrina. Foi mesmo o primeiro projeto do atual co-presidente, então com apenas 22 anos, e que na altura teve algumas dificuldades em persuadir o seu pai Karl de que seria boa ideia seguir por um novo caminho.
Praticamente quarenta anos volvidos, o paralelismo associado ao advento do Alpine Eagle é verdadeiramente notável e representa uma espécie de fechar do círculo genealógico — porque desta vez foi Karl-Fritz Scheufele, filho de Karl-Friedrich, quem despoletou o processo com a cumplicidade do avô Karl. O reformado patriarca resistiu um pouco à criação do St. Moritz de 1980, mas incentivou a criação do Alpine Eagle de 2019. O jovem Karl-Fritz contou também com o apoio da tia Caroline Scheufele numa espécie de complot transgeracional destinado a convencer o pai. Karl-Friedrich acabou por ver no filho a sua irreverência de 40 anos antes e apercebeu-se de que a ressurreição do St. Moritz seria um trunfo decisivo para o catálogo da Chopard. Até porque estabelece uma ponte entre a coleção masculina e a feminina.
«Quando cheguei aqui à exposição na Torres Joalheiros parecia estar de regresso a 2019, quando lançámos a linha Alpine Eagle», disse-nos Karl-Fritz Scheufele aquando da sua passagem por Lisboa. «Gosto muito destas exibições, porque encontramos muita gente e temos todo o tipo de feedback. E as pessoas também podem ver o St Moritz, o modelo que iniciou tudo. Ver os relógios ao vivo é sempre melhor do que um vídeo ou fotografias. O Alpine Eagle tornou-se num dos best sellers da Chopard e tem ajudado as pessoas a descobrir a marca. Por outro lado, trouxe-nos outro tipo de clientela».
Sendo diretamente inspirado no St. Moritz de 1980, coloca-se obviamente a questão da diferente nomenclatura. Mas se, por um lado, a designação St. Moritz está protegida por um acordo vigente entre a edilidade da famosa estância de inverno suíça do mesmo nome e o Grupo Swatch, por outro, a ligação atual da família Scheufele a instituições conservacionistas é tão forte que se tornava quase imperativo aproveitar o novo lançamento relojoeiro para chamar a atenção para causas ambientais. Como a preservação da águia alpina. E foi a íris da águia dos Alpes que serviu de inspiração ao padrão radial e texturado dos mostradores da linha Alpine Eagle.
Aposta familiar
«O meu pai sempre me disse para fazer o que eu gostava e nunca sentir qualquer pressão para me juntar ao negócio de família», recorda Karl-Fritz Scheufele. «Depois as coisas aconteceram com naturalidade. Comecei a trabalhar em pequenos projetos e até comecei por intervir noutra área de negócio da família, a dos vinhos e da hospitalidade. Achei que a dinâmica de trabalhar em família era entusiasmante e naturalmente comecei a fazer mais coisas. E agora trabalho mais diretamente com o meu pai na área dos relógios e também no hotel que temos em Paris».
A génese do Alpine Eagle é reminiscente da do St. Moritz: «A história é similar. A diferença foi que o meu pai na altura não teve aliados para lançar o St Moritz e eu tive o apoio do meu avô. Na altura eu ainda era um pouco naif, até achei que o processo de lançamento estava a demorar mais do que devia — mas depois apercebi-me de que as coisas não eram bem assim. Aprendi a apreciar o que o tempo traz e a importância de cada setor no desenvolvimento de um produto».
A linha Alpine Eagle assume-se como particularmente versátil e propícia a múltiplas interpretações em várias direções. «É a plataforma ideal para diferentes versões, que podem ter vários tipos de material e acabamento. É um relógio divertido de desenvolver porque é muito versátil, temos movimentos incríveis e muito savoir-faire tanto na parte da relojoaria como da joalharia. Temos alargado a coleção do modo que fez mais sentido para nós. No plano joalheiro, a minha irmã começou a trabalhar no departamento de desenvolvimento de produto e teve a ideia de usar pedras preciosas em forma de baguete e diversas cores», revela Karl-Fritz Scheufele.
«Historicamente, não há muitos relógios ‘rainbow’ como aqueles que ultimamente têm surgido, mas nós fomos dos primeiros a usar essa combinação colorida de pedras preciosas, senão mesmo os primeiros. Há também toda uma série de movimentos que ainda não utilizamos e ainda várias braceletes por explorar. A expansão da coleção será muito cool, a minha irmã e eu queremos alargar as fronteiras do Alpine Eagle».
No entanto, apesar da profusão de novos modelos, Karl-Fritz prefere ter no pulso o primogénito: «Uso o primeiro protótipo que foi feito. Do ponto de vista sentimental, é o meu preferido. Tem a inscrição KF e KF2. Com o mostrador cinzento, dá para usar com todo o tipo de roupa e é o relógio perfeito para o dia a dia!». Com o retorno em força do mercado aos modelos de design integrado, a Chopard sabia que cada detalhe teria de ser perfeito para que o Alpine Eagle pudesse fazer a diferença. O produto final comprova a sua excelência e parece não haver limites para a coleção.
O primeiro impacto visual é mesmo proporcionado pela força do design integrado e a evidente predominância metálica na arquitetura do relógio — desde o aço, numa nova variante Lucent A223 parcialmente reciclada e de dureza 40 por cento superior ao aço normal, até ao ouro ético Fairmined de 18 quilates, passando pela combinação dos dois numa variante mista bicolor e pela utilização do titânio. A justaposição de diferentes tipos de tratamento de superfície, entre o polido e o escovado, dá-lhe uma sofisticação estética que é confirmada pelo lado funcional; a bracelete metálica é claramente protagonista no Alpine Eagle, com uma construção assente em ‘lingotes’ centrais que se destacam em relevo e são presos através de parafusos no lado interior da pulseira.
O Alpine Eagle é um produto refinado que exala a chancela da Chopard de A a Z, dos calibres às ligas utilizadas — passando pelos acabamentos e pela especificidade histórica com a tal conotação transgeracional, que ficou comprovada pela presença do jovem Karl-Fritz Scheufele em Lisboa.