Baselworld 2017: Tudor Black Bay – mais um mergulho na história

A Tudor tem conseguido notáveis exercícios de estilo na adaptação de códigos estéticos do seu passado a uma coleção actual de inspiração vintage. Estreada com o Heritage Chronograph (em 2010) e incluindo ainda o Heritage Advisor (2011), essa linha surge em todo o seu esplendor estilístico no Heritage Black Bay – cuja família nascida em 2012 acaba de ser enriquecida com mais versões de três ponteiros e sobretudo um novo cronógrafo automático.

Quando o Heritage Black Bay surgiu, em 2012, logo se tornou num grande favorito entre os membros da imprensa especializada e os aficionados mais exigentes – para mais, sendo um dos modelos de mergulho com melhor relação preço/qualidade/simbolismo do mercado. E não se tratava de uma mera reedição: era uma livre reinterpretação retro-chic de um histórico modelo de mergulho que a Tudor lançou em 1954 e que foi produzindo com múltiplas variações até aos anos 80.

Apresentando dimensões contemporâneas mas com alguma restrição (41mm é um tamanho médio para um relógio desportivo), o Heritage Black Bay inclui muito da velha escola: a coroa, o mostrador convexo e até o quadrado nos ponteiros das horas e dos segundos que lhe granjearia o cognome ‘Snow Flake’. O sucesso do conceito é facilmente traduzível pelos dois prémios alcançados por duas diferentes versões no Grand Prix d’Horlogerie (o prémio Revivalismo pelo design e o Petite Aiguille pelo preço acessível). Este ano, a família alargou-se de modo significativo com a adição de uma vertente cronográfica: o Heritage Black Bay Chronograph é a principal novidade desvelada pela marca esta semana em Baselworld.

Tudor Heritage Black Bay Chronograph

Tudor Heritage Black Bay Chronograph © Espiral do Tempo
Tudor Heritage Black Bay Chronograph © Espiral do Tempo

Dois anos após a introdução do primeiro movimento de manufatura, a Tudor apresenta um novo calibre – um movimento cronográfico automático incluído no novo Heritage Black Bay Chronograph elaborado a partir de um calibre MT5813 de base Breitling mas com muito trabalhinho em cima: arquitetura integrada, 70 horas de reserva de corda, roda de colunas, embraiagem vertical, espiral em silício e disposição bicompax (dois submostradores às 3 e às 9) com data às 6 horas. E certificado pelo COSC. Com dois calibres lançados entre 2015 e 2017, a Tudor fornece uma impressionante demonstração de poderio industrial e de autonomia técnica perante a sempre poderosa sombra da Rolex, a sua marca irmã… embora o segundo, mesmo sendo considerado pela marca como ‘de manufatura’, tenha a tal nuance de partir de um movimento de base da Breitling. A parceria entre as duas marcas é bidirecional: a Tudor também fornece o seu calibre de três ponteiros à Breitling.

Tudor Heritage Black Bay Chronograph
Tudor Heritage Black Bay Chronograph. © Tudor

A versão inaugural do Black Bay Chronograph surge com mostrador negro e uma luneta metálica – cortando não só com as lunetas coloridas de todas as edições Black Bay lançadas desde 2012, mas também com as lunetas coloridas das duas versões do Heritage Chronograph (preta e azul). A luneta apresenta um tratamento escovado circular com gravação a preto da escala taquimétrica.

udor Heritage Black Bay Chronograph © Espiral do Tempo/ Miguel Seabra
Tudor Heritage Black Bay Chronograph © Espiral do Tempo/ Miguel Seabra

Como acontece com todos os elementos da família Heritage, o Black Bay Chronograph é distribuído com uma bracelete de metal ou uma correia de couro envelhecida em alternativa a uma bracelete em tecido do tipo ‘Denim’. Ou seja, duas alternativas. A bracelete de tecido, elaborada numa fábrica tradicional de tecelagem em França, é a constante a todos os modelos da linha Heritage – sendo depois possível escolher uma de aço (4.800 francos suíços) ou de pele com fecho de báscula (4.500 francos suíços).

Heritage Black Bay

Tudor Heritage Black Bay S&G
Tudor Heritage Black Bay S&G (Steel and Gold). © Tudor

Mas a família Black Bay foi enriquecida muito mais para além da edição de um modelo cronográfico que seguramente terá novas variantes (de cor de mostrador, de tipo de caixa) no futuro. Há novos modelos Black Bay de três ponteiros que apresentam a novidade de uma janela para a data e diferentes tipos de material e luneta – todos eles com movimento de manufatura.

Heritage Black bay Steel © Tudor
Tudor Heritage Black Bay Steel © Tudor
Tudor Heritage Black Bay Steel
Tudor Heritage Black Bay Steel. © Espiral do Tempo/ Miguel Seabra

O Heritage Black Bay Steel (3.600 francos suíços com bracelete em aço; 3.300 em pele) tem uma luneta em aço sem a inserção de alumínio dos seus modelos antecessores lançados entre 2012 e 2016; a luneta em aço de rotação biderecional e escovada circularmente e o visual surge bem distinto das outras versões Black Bay devido a um efeito mais monocromático na caixa. A outra grande novidade é a inclusão de uma janela para a data no mostrador, enquanto os Black Bay anteriores não apresentavam essa função de calendário.

Heritage Black bay Steel © Tudor
Heritage Black Bay Steel © Tudor

Já o Heritage Black Bay S&G (Steel and Gold) combina o metal precioso por excelência com o aço dominante numa versão mais sofisticada (e também com janela para a data) mas que se mantém a um preço muito acessível abaixo dos 5.000 euros – mesmo a variante com bracelete metálica com elos centrais revestidos a ouro (4.750 francos suíços, mais 1.100 do que a alternativa em pele).

Heritage Black Bay 41 mm

Tudor Heritage Black Bay 41 mm
Tudor Heritage Black Bay 41 mm. © Espiral do Tempo/ Miguel Seabra

Finalmente, foi também desvelado um novo Heritage Black Bay 41 com movimento ETA que se mantém como o modelo de base (2.800 francos suíços com bracelete em aço; 2.500 em pele) e surge agora num tamanho que acompanha o popular modelo de 36mm lançado em 2016.

Tudor Heritage Black Bay 41
Tudor Heritage Black Bay 41. © Tudor

A Tudor nasceu da intenção de Hans Wilsdorf, após registar a Rolex em 1908, em ter uma segunda marca com uma excelente relação preço/qualidade mas de preço mais acessível, tendo feito tudo para adquirir os direitos de utilização de um nome nobre que evoca uma das mais célebres dinastias da realeza britânica. Ou seja, a partir de 1946, a Tudor passou a beneficiar da superlativa capacidade industrial da casa-mãe em todos os componentes (desde os vidros de safira às braceletes em aço, passando pelos mostradores; muitas peças até eram marcadas Rolex) e nas soluções tecnológicas (sistema hermético Oyster de estanqueidade), mas utilizando mecanismos oriundos da manufatura de calibres ETA (a maior fornecedora de movimentos mecânicos da relojoaria suíça) exclusivamente até 2015 – ano em que passou a ter o seu próprio calibre de manufatura. E é no sentido da autonomia que a Tudor pretende continuar.

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