A Mille Miglia decorre este ano entre os dias 16 e 19 de junho. E pelo 34ª ano consecutivo, a Chopard é a parceira principal e cronometrista oficial. A marca complementa assim a sua coleção com dois novos cronógrafos Mille Miglia 2021 Race Edition. A este propósito, relembramos parte de uma reportagem dedicada à mítica corrida, que conta com o testemunho de Karl-Friedrich Scheufele, copresidente da Chopard, cuja paixão pelo automobilismo lançou as bases para a história associação.
Costuma dizer-se que a paixão comanda a vida. Karl-Friedrich Scheufele tem uma paixão por engenharia mecânica que se exprime em duas áreas que logrou tornar complementares — e o copresidente da Chopard pode expressar melhor do que ninguém a afinidade do mundo automóvel com o universo relojoeiro: «Nos carros e nos relógios, interessam-me sobretudo o design e a tecnologia — duas vertentes que têm de ser perfeitamente integradas. A tecnologia tem de corresponder ao que a forma promete. Um carro antigo dá-nos a melhor das experiências de condução; um carro moderno bloqueia todas as sensações que costumávamos ter porque não sentimos a estrada, e a qualidade de condução deixa de ser importante. É por isso que fomos pioneiros em atividades relacionadas com viaturas clássicas; somos patrocinadores principais do rali Mille Miglia desde 1988; e, a partir daí, desenvolvemos uma linha dedicada a quem gosta de carros vintage e relógios mecânicos clássicos. Mas não só».
E continua: «A nossa associação à Mille Miglia começou em meados da década de 80. Um amigo convidou-me a descobrir a prova e fiquei logo tão entusiasmado que acompanhei os concorrentes; no ano seguinte, decidi participar e descobri que os organizadores não tinham relógio oficial. Nem hesitei», recorda Karl-Friedrich Scheufele. «Em 1989, participei ao lado de Jacky Ickx, que me disse que preferia ver a paisagem a conduzir… mas que depois adormeceu na viagem! O envolvimento com o rali Mille Miglia foi o catalizador que nos levou a produzir os primeiros relógios relacionados com o desporto motorizado, e os modelos com a chancela Mille Miglia conheceram logo grande sucesso».
Mille Miglia
A autodenominada ‘corsa più bella del mondo’ é um museu automóvel itinerante de enquadramentos pitorescos variáveis — numa corrida retrospetiva protagonizada pelas melhores máquinas automóveis produzidas pelo homem na primeira parte do século XX e realizada ao longo de maravilhosos cenários naturais carregados de referências culturais incontornáveis na história da Humanidade. A Mille Miglia é daquelas competições onde o importante é mesmo participar, porque vencer torna-se apenas um mero privilégio suplementar.
E são mesmo mil milhas exatas: 1600 km, de Brescia a Roma, e de regresso a Brescia em viaturas construídas entre 1927 e 1957 — o espaço temporal em que decorreu a Mille Miglia original, a corrida transalpina que exalava um fascínio tal que seduziu os melhores pilotos do planeta e juntou centenas de milhares de espetadores nas bermas das estradas do centro e do norte de Itália.
O regresso
Um acidente fatal que vitimou vários espetadores levou ao cancelamento da prova e deixou pilotos e aficionados inconsoláveis durante duas décadas, até que a corrida de velocidade pura foi reabilitada em 1977, sob a forma de um não menos fascinante evento com outro caráter. Passou a ser uma prova de regularidade dedicada aos carros clássicos de outrora, imperdível para colecionadores, e que se tornou gradualmente num acontecimento sociocultural obrigatório. A capacidade cúbica e a prestação dos bólides deixaram de ser tão relevantes — a única imposição prende-se com o ano de origem do veículo, que tem de ser entre 1927 e 1957. O que significa que algumas máquinas já caminham para os 90 anos de idade e são deliciosamente lentas…
Como devagar se vai ao longe, é mesmo com vagar que melhor se aprecia o trajeto entre Brescia e Roma que desce a Península Itálica pelo lado do mar Adriático (costa leste), e que no regresso sobe pelo lado do mar Tirreno (costa oeste). As mil milhas constituem uma autêntica viagem no tempo — atravessando centros históricos e reservas naturais, cenários medievais, renascentistas, neoclássicos e modernos, a cidade e o campo, os lagos, os vales e a montanha, a civilização laica e os monumentos religiosos. Sem esquecer a deliciosa gastronomia transalpina, das pastas aos gelados…
No entanto, para a edição deste ano, que decorre entre os dias 16 e 19 de junho, há algo de novo: o percurso normal da corrida foi invertido, o que significa que 375 carros participantes percorrem a rota de 1.618 km (1.005 milhas romanas) no sentido contrário ao do movimento dos ponteiros do relógio…
Da corrida aos relógios
A Chopard tem aproveitado até à saciedade o fascínio pela Mille Miglia, e, desde 1988, tem estabelecido uma coleção sob a designação «Mille Miglia», estampada com o logo da célebre Freccia Rossa (Flecha Vermelha). Os relógios são oferecidos aos participantes e cada edição da prova é comemorada com um novo modelo numerado; esse modelo é depois comercializado, mas sempre em produção restrita — o que faz dos relógios Chopard Mille Miglia peças muito procuradas por colecionadores.
Em 1998, o relógio comemorativo adotou uma original bracelete de borracha vulcanizada reminiscente dos pneus Dunlop Racing dos anos 60 que se tornou numa poderosa imagem de marca repetida na maior parte das edições desde então: a estilização tornou-se tão feliz que atualmente o conceito Mille Miglia estende-se a uma alargada linha de acessórios que inclui canetas, botões de punho e marroquinaria.
A glamorosa associação da Chopard à corrida ‘Flecha Vermelha’ não se faz através do mero patrocínio ou da entrega de relógios aos pilotos. O patriarca Karl Scheufele participou em várias ocasiões e Karl-Friedrich Scheufele em muitas mais, escolhendo viaturas no vasto acervo automóvel da família — seja um Mercedes 300 SL de 1955 ou o Porsche 550 RS de 1955 (igual ao que vitimou James Dean), por vezes tendo a companhia do amigo tenor José Carreras, da top model Eva Herzigova ou do omnipresente Jacky Ickx.
Karl-Friedrich é sempre muito discreto e não gosta muito de falar na exclusividade da sua garagem dos Scheufele: «Digamos que temos à volta de quatro dezenas de carros… é importante que nem a minha mulher nem a minha mãe saibam exatamente quantos, para podermos comprar mais alguns sem sermos apanhados! O primeiro clássico que adquiri foi um Porsche 356 de 1960; comprei-o quando tinha 25 anos para o restaurar. Os carros e os relógios têm muito em comum e atraem um tipo de paixão similar – embora a logística de guardar uma coleção de relógios seja bem menos complexa!». O termo ‘clássico’ define valores estéticos intemporais. É uma designação que se aplica na perfeição a modelos que entraram para a lenda da indústria automóvel, tal como se aplica na perfeição a relógios mecânicos que se regem por princípios imunes às modas passageiras.
O sucesso da associação à Mille Miglia incentivou a Chopard a patrocinar várias outras provas clássicas de grande impacto social — como o Grand Prix Historique do Mónaco (versão do famoso Grande Prémio realizado no Principado com bólides vintage de Fórmula 1) e o rali Mil Millas (na Argentina), ambos objeto de modelos comemorativos. E também passou a conceber edições limitadas que celebram um piloto (o incontornável Jacky Ickx já tem vários modelos com o seu nome) ou uma marca (como sucedeu com a Alfa Romeo).
O advento da fábrica de movimentos Fleurier Ebauches, que passou a complementar a manufatura L.U.C, permitiu a Karl-Friedrich Scheufele estrear os novos calibres numa nova gama de poderosos relógios com linhas mais modernas e evocativas dos protótipos vanguardistas que dominam as corridas de resistência: a coleção Superfast, mais contemporânea.
Este ano, pela 34 vez consecutiva, a Chopard tem o orgulho de participar novamente na Mille Miglia como parceira e cronometrista oficial. Lança assim novos modelos cronográficos: uma edição limitada a 1000 exemplares em aço e uma edição limitada bicolor, em aço e ouro rosa ético, limitada a 250 exemplares. Ambos equipados com movimentos com certificado Chronometer.