A Nomos organizou o seu quinto Forum internacional em Glashütte, dissertou sobre uma nova paleta caleidoscópica e aproveitou para apresentar novidades. Pelo meio, discutiu-se o estado atual da indústria relojoeira.
Foi um dia bem passado a discutir relojoaria em Glashütte, depois de um dia bem passado a apreciar a monumentalidade de Dresden. E foi, sobretudo, uma demonstração de vitalidade por parte da Nomos — uma das mais idiossincráticas marcas do universo relojoeiro e também uma das poucas a produzir internamente todos os seus calibres mecânicos, rivalizando com os mais conhecidos colossos da indústria.

A quinta edição do Nomos Forum reuniu jornalistas, distribuidores nacionais, agentes oficiais e ainda influencers da área da relojoaria e da moda vindos de todo o mundo. A reunião teve como palco uma igreja convertida em salão numa das colinas de Glashütte e, para além da apresentação da estratégia da marca para o futuro próximo e dos relógios novos que estavam na calha, teve dois preletores que abordaram o fenómeno relojoeiro de maneiras distintas.

O jornalista londrino Robin Swithinbank falou da evolução do mercado, da baixa atual que se seguiu aos anos recordistas do pós-confinamento e deixou no ar a pergunta sobre se o futuro da relojoaria de base mecânica tradicional residiria mais no design ou na tecnologia.

Já a estilista berlinense Kamilla Richter analisou as 31 cores da edição especial do Tangente 38 Date (que foi apresentada no início de abril, durante a Watches & Wonders) no contexto da arte contemporânea e de recentes coleções de algumas das mais importantes casas de moda. Curiosamente, uma das imagens destacadas por ela tinha perfume português, numa referência à histórica fábrica Riopele — que fornece, de Famalicão e num volume de vendas anual de 100 milhões de euros, tecidos de elevada qualidade desenvolvidos a partir de fibras naturais, sintéticas, artificiais e recicladas para algumas das principais maisons.

Esse banho de cor deu uma nova dimensão cromática a uma marca que será estilisticamente a mais teutónica de todas as manufaturas relojoeiras alemãs em atividade, tendo em conta a fortíssima influência estética Bauhaus (também muito presente na Junghans, mas recorre a calibres de fornecimento suíço) e a sua inclusão na Deutcsher Werkbund, que opera precisamente segundo os princípios da escola Bauhaus.

E a Nomos é tão germânica que, no próprio dia do Forum, os seus responsáveis principais — o fundador Roland Schwertner e os parceiros Uwe Ahrendt e Judith Borowski — estavam em Berlim a ser condecorados pelo governo com a Ordem de Mérito pela sua “história de sucesso na pós-reunificação”, premiando o papel que a Nomos tem tido em Glashütte desde a fundação da companhia no dia 1 de janeiro de 1990. Ou seja, somente dois meses depois da queda do Muro de Berlim.

A Nomos é uma de nove marcas relojoeiras com sede em Glashütte e a única que, no seu segmento de preço entre os 1.000 e os 5.000 euros, produz calibres próprios — rivalizando com vizinhas manufaturas de alta-relojoaria de preço bem mais elevado e que são herdeiras de uma tradição relojoeira local com mais de 175 anos, como a A. Lange & Söhne, a Glashütte Original e a Moritz-Grossmann. E nenhuma marca produz na Alemanha tantos relógios mecânicos como a Nomos, que é uma empresa independente (a Lange integra o grupo Richemont, a Glashütte Original o Swatch Group) e que emprega cerca de 200 trabalhadores locais.

A proveniência é muito especial. O nome Glashütte é uma designação de origem protegida e só pode ser usado se pelo menos 50 por cento do valor do calibre for gerado na vila. No caso da Nomos, a percentagem situa-se mesmo nos 95 por cento. Sem esquecer as várias patentes associadas a sistemas de data, indicações de reserva de carga e sobretudo o sistema de escape de conceção própria (escapando ao monopólio dos produtores suíços nesse nevrálgico aspeto mecânico). Também ganhou mais de 170 prémios internacionais, incluindo um galardão no Grand Prix d’Horlogerie de Genève, a distinção ‘Best of the Best’ nos Red Dot Awards e o Good Design Award.
Novos relógios com toque d’ouro
No que diz respeito à apresentação de modelos novos, a vedeta do Nomos Forum foi o Tangente 2date e mais o seu novo calibre ultraplano DUW 4601 — o 12º calibre de manufatura da marca veio adicionar uma rápida mudança de data aos movimentos manuais da coleção, aumentar a reserva de corda para 52 horas e apresentar um novo acabamento raiado a partir do sistema de balanço de conceção própria. Para além de que permite também ver a data numa segunda dimensão espacial, na periferia do mostrador.

Mas já tivemos anteriormente a oportunidade de dissecar a ‘dupla personalidata’ do Tangente 2date nas suas duas variantes (mostradores branco prateado e azul raiado). Houve outras novidades apresentadas sob embargo e de que não pudemos falar na altura; uma delas, sob a forma de dois modelos distintos, já se pode revelar: o Tangente Neomatik Doré e o Orion Neomatik Doré, que partilham entre si, embora em caixas de arquitetura distinta, a mesma combinação de cores.

A nova versão Doré do Tangente Neomatik e do Orion Neomatik assenta em caixas de aço mas com um polvilhar dourado sobre o mostrador branco através de ponteiros em ouro, tipografia Neomatik dourada e índices aplicados (no caso do Orion). Ambos os modelos especiais apresentam dimensões contidas — 35mm de diâmetro por 6,9mm de espessura para o Tangente; 36,4mm por 8,5mm para o Orion — e são motorizados pelo calibre automático Neomatik DUW 3001 com pequenos segundos e 43 horas de autonomia.

Dois modelos elegantes e algo conservadores que vieram contrastar com o banho cromático da tal edição especial do Tangente Date com 31 cores e a inesperada ‘folia’ da data dupla no Tangente 2date. O preço também é relativamente contido: à volta de 3.000 para o Tangente Doré e de 3.500 para o Orion Doré.

As correias castanhas também seguem a tradição da casa saxónica: são de pele genuína Shell Cordovan e confecionadas na famosa correaria Horween, em Chicago; uma opção da Nomos desde o início pelo couro americano que já faz parte integral do ADN da manufatura alemã de Glashütte!

Mais informação em www.nomos-glashuette.com.