De inspiração vintage, linhas clássicas e personalidade discreta, o 1966 44 mm da Girard-Perregaux tem, no entanto, qualquer coisa de original e até de disruptiva. Por três motivos: uma caixa de 44 mm, pouco usual num relógio desta natureza, um mostrador sfumato super elegante e um perfil abaulado que se percebe muito bem. Basta encarar o relógio no ângulo certo.
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Não vale a pena inventar muito no que diz respeito ao nosso #specialguest desta semana. Um relógio de linhas clássicas e elegantes que convidámos a passar algum tempo connosco por um simples primeiro motivo: o mostrador de efeito sfumato.
Claro que não vamos reduzir o relógio ao mostrador. Aliás, de reduzido pouco tem. O 1966 44m (em mãos tivemos a Ref. 49551-52-231-BB60) pertence à coleção 1966 da Girard-Perregaux que, supostamente, evoca os primeiros relógios de bolso, num tributo a alguns dos mais icónicos modelos da marca, mas também ao primeiro movimento de alta-frequência que a Girard-Perregaux lançava no ano de 1966, precisamente. Harmonia estética é a palavra chave da coleção, mas, no caso específico deste modelo, alguma coisa como ‘disruptivo’ também. É que estamos perante um relógio de perfil clássico (tipo dress watch) com 44 mm de diâmetro – algo que não se vê todos os dias. Portanto, trata-se de um relógio de inspiração vintage, mas de dimensões muito contemporâneas.
Lançado no ano passado, este 1966 44 mm tem uma caixa em ouro rosa redonda, ligeiramente abaulada com linhas curvas que se prolongam pelas asas, luneta, vidro de safira e fundo. O perfil curvo tem a sua razão de ser: ergonomia, mais do que fundamental num relógio destas dimensões. Assim à primeira vista, olhar para ele e dizer que evoca antigos relógios de bolso talvez não seja tão evidente. Principalmente pelo facto de ter uma caixa tão fina e um mostrador tão amplo. No entanto, mais do que evocar os tais relógios de bolso, este modelo evoca mesmo modelos vintage da Girard-Perregaux da década de 60.
Em termos práticos, resulta no pulso? Sim, resulta.
Tanto em pulsos mais finos…
… como em pulsos de tamanho mais regular.
Por isso, este é um relógio muito confortável, apesar do tamanho, que assenta muito bem. E como tem uma dimensão simpática, garante uma presença marcada, que chama a atenção, numa certa contradição com o espírito mais discreto que tende a estar associado a relógios deste perfil.
Agora, se é daquelas pessoas que gosta de sentir no pulso o peso equivalente ao tamanho, então a conversa já é outra.
Mostrador
Apesar de a caixa ser especialmente fina, é alta o suficiente para atribuir alguma profundidade ao mostrador. E o mostrador é realmente muito bonito. O tom acastanhado/ acinzentado ( a marca chama só castanho), num efeito degradée com acabamento escovado, faz lembrar (e neste caso faz mesmo lembrar) um efeito sfumato que funciona, principalmente, na relação com o ouro rosa da caixa e dos indexes aplicados às 12, 3, 6 e 9 horas. Depois, como é amplo, o efeito decorativo tem ainda mais impacto.
A data é indicada numa janela às 3 horas, com lettering branco, para melhor legibilidade. Já as horas e minutos são apresentados por meio de ponteiros centrais de formato feuille; por fim, o ponteiro dos segundos, bem longo e com contra-peso, ocupa todo o raio do mostrador.
Mas o mais curioso é olharmos para o relógio de perfil e ver como os ponteiros parecem acompanhar visualmente a curvatura do vidro – exatamente como sucede nos modelos que terão servido de inspiração para este relógio de pulso e exatamente como sucede com outros modelos da mesma altura.
Movimento
O 1966 44 mm presta também tributo aos avanços técnicos da marca no campo da cronometria, logo está equipado com o calibre de manufatura GP 01800-004, automático, de 190 componentes, com 54 horas de reserva de corda e uma frequência de 4Hz (28.800 alt/h). O rotor é em ouro rosa, tal como a caixa, e todo o movimento é finamente biselado e decorado – com Côtes de Genève e perlage. O fundo transparente é sempre uma mais valia num relógio de estética tão simples e pura, pois surge sempre como mais uma razão para olhar ainda mais vezes para o relógio…
Este modelo está disponível com opções de mostrador silver, com caixa em ouro branco, mas também numa versão de mostrador acastanhado igualmente com caixa em ouro branco. De qualquer forma, o castanho/ ouro rosa é sempre uma combinação com sucesso garantido. Por aqui, gostamos muito. No relógio que tivemos em mãos desconfiámos primeiro da correia preta, em vez de castanha (como é mais natural na tal combinação castanho/ ouro rosa) – mas os indexes pretos, bem como o nome e ano da fundação da marca são apontamentos que acabam por ligar com o tom da correia, ainda para mais quando esta está tão bem integrada na caixa.
Conclusão (ou mais alguns apontamentos…)
Quando recebemos o 1966 44mm para fotografar algo nos saltou à vista e que nos fez sorrir: a Girard-Perregaux é uma casa relojoeira fundada em 1791. Estava a nossa menina e moça Lisboa a ser reconstruída e ampliada, devido aos efeitos do sismo de 1755, quando a marca suíça abriu portas e começou a manufaturar relógios.
É também este o peso invisível de uma peça como o Girard-Perregaux 1966 – o peso de séculos de tradição e savoir-faire que faz de cada relógio produzido atualmente uma súmula de uma herança histórica.
Em termos fotográficos não será uma peça com muitos pormenores diferentes para serem captados, mas tudo o que é visível é soberbo de acabamentos e de distinção. Além disso, todos quisemos colocar o relógio no pulso para “ver como me fica!”.
Isto é importante?
Sim.
Porque significa que o facto de ser um relógio de 44 mm, ancorado num perfil assumidamente clássico, torna-o um relógio apetecível e até mesmo versátil. Juntemos-lhe o mostrador, um design simples/puro e a ausência de floreados.
O resultado é um relógio sofisticado e contemporâneo que convence sem falar muito.
Consulte o site oficial da Girard-Perregaux para mais informações.
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