Hublot: fusionar a cerâmica

Numa edição do salão digital Watches & Wonders caraterizada pela pujança das cores e que teve o verde como protagonista, houve um modelo específico a destacar-se pela sua singularidade cromática: o Big Bang Unico Yellow Magic, mais um exemplo da competência da Hublot na confecção de relógios em cerâmica. Não foi o único; há novidades também nas coleções Richard Orlinski e Sang Bleu.

Big Bang MECA-10 Ceramic Blue
Outro exemplo de especialização na cerâmica: o Big Bang Meca-10 Ceramic Blue | © Hublot

Muita cor e sobretudo muito verde. O primeiro grande certame relojoeiro do ano, obviamente realizado a partir de uma plataforma digital, mostrou a vontade da maior parte das marcas envolvidas em propor novos modelos coloridos — numa reação compreensível ao período cinzentão e depressivo que o mundo tem atravessado devido à pandemia. No entanto, entre todos os relógios divulgados no Watches & Wonders, houve um que saltou claramente da paleta cromática: o cronógrafo Big Bang Unico Yellow Magic, da Hublot. Se as cores evocam emoção e criam paixão, o amarelo não deixou ninguém indiferente.

Hublot Big Bang Unico Yellow Magic em cerâmica amarela
Ousadia cromática: o Big Bang Unico Yellow Magic não deixou ninguém indiferente | © Hublot

O Big Bang Unico Yellow Magic é mais um exemplo da competência da Hublot na confecção de relógios de cerâmica, fazendo jus ao seu lema ‘A Arte da Fusão’. E só pôde ser feito em amarelo graças à cerâmica, embora tenha sido extremamente difícil tê-lo feito. A aparente contradição é explicável: o amarelo até pode ser a cor primária mais abundante na natureza, mas é um tom muito difícil de reproduzir num tal material. A Hublot tem aperfeiçoado ao longo da última década a técnica de construção em cerâmica e já lançou vários modelos coloridos verdadeiramente impactantes, só que o amarelo afigurava-se muito difícil de alcançar… até este ano, com criação da primeira cerâmica amarela brilhante.

quatro modelos Hublot Big Bang integral Ceramic em azul, branco, cinzento e preto.
Com caixa e bracelete de cerâmica: a linha Big Bang Integral Ceramic | © Hublot

“A força da nossa inovação está no desejo de sermos os primeiros, sermos únicos, sermos diferentes”, sublinha Ricardo Guadalupe. “A nossa cerâmica brilhante colorida foi patenteada em 2018 e o Big Bang Unico Yellow Magic não é apenas uma combinação perfeita com as cores vibrantes que são tendência da Pantone em 2021; mostra também o futuro”. A euforia do CEO da Hublot não se deve aos efeitos animadores e otimistas do amarelo, tem sobretudo a ver com a confiança que deposita no domínio tecnológico da cerâmica. O investimento num laboratório de metalurgia e materiais tem permitido à Hublot, que recentemente cumpriu o seu 40º aniversário, afirmar-se como uma das marcas mais vanguardistas da atualidade — enquanto associa materiais inovadores ao visual moderno dos seus relógios.

Mais cor e mais resistência

Nesse sentido, e não esquecendo os modelos em safira transparente num patamar de preço ainda mais elevado, a cerâmica tem sido um trunfo incontornável e redobrou de importância com a aplicação de cores vibrantes mediante um processo patenteado desenvolvido in-house. Foram necessários quatro anos de aperfeiçoamento para encontrar o equilíbrio perfeito entre temperatura e pressão, permitindo que a cerâmica seja sintetizada sem queimar os pigmentos. A Hublot não só logrou manter as propriedades e a colorimetria dos pigmentos, como também aumentou a resistência ao desgaste de uma cerâmica que por si já é mais dura (1350 HV) do que as cerâmicas tradicionais (1200 HV). Depois do preto e do branco inaugurais, a marca lançou o vermelho e logo depois o azul, o bege e o verde; agora foi a vez do amarelo — numa ensolarada edição limitada a 250 exemplares. A luneta, os indicadores, os algarismos e os ponteiros amarelados ajudam a destacar o mecanismo do movimento cronográfico de manufatura Unico HUB1242, com a sua roda de colunas visível no lado do mostrador. A bracelete é em cauchu, mas a Hublot também já mostrou ser capaz de produzir braceletes em cerâmica noutros modelos.

Hublot Big Bang Sang II em azul, branco e cinzento
Novos Big Bang Sang II em cerâmica azul, branca e cinzenta | © Hublot

As séries com as assinaturas Richard Orlinski e Sang Bleu têm sido excelentes veículos artísticos para a exploração de novas fronteiras cromáticas através da cerâmica, com caixas multifacetadas e de arestas cortadas em diamante. Na Watches & Wonders foi desvelado um novo Classic Fusion Richard Orlinski 40mm azul e um tríptico Big Bang Sang II em azul, branco e cinzento. “A introdução de novas cores em estruturas de cerâmica abre perspectivas totalmente novas para a arquitetura do mostrador, dos ponteiros, da caixa; cada cor proporciona uma experiência e um impacto completamente diferentes, oferecendo novas maneiras de realçar a personalidade de quem usa o relógio”, diz Maxime Plescia-Buchi — um famoso artista tatuador que emprestou a sua criatividade na criação de modelos Hublot ainda mais radicais, devido a complexos mostradores e à geometria peculiar.

Hublot Big Bang Integral Tourbillon Full Sapphire, uma modelo totalmente e safira transparente num fundo preto
Um diferente tipo de exercício: o Big Bang Integral Tourbillon Full Sapphire, com caixa e bracelete em safira transparente | © Hublot

A arte da fusão

A Hublot foi a primeira marca de prestígio a usar uma bracelete em cauchu; a bracelete em borracha de grande qualidade fazia mesmo parte do revolucionário conceito inaugural da marca fundada por Carlo Crocco em 1980, que não hesitou em associá-la ao ouro. Foram necessários três anos de pesquisa e desenvolvimento até à obtenção de uma borracha natural que complementasse idealmente a caixa inspirada nas escotilhas (hublots, em francês) dos iates de luxo. Na altura foi considerado um sacrilégio, mas o uso pioneiro da bracelete preta de cauchu convenceu gradualmente os mais céticos e acabou por fazer escola na relojoaria de luxo: resistente à corrosão e maleável para melhor conforto, é ideal para mergulhos na praia ou piscina e fica surpreendentemente bem com um smoking.

Hublot Classic Fusion Orlinski Ceramic em cerâmica azul num fundo azul
Outra das novidades: o Classic Fusion Orlinski Ceramic com caixa em cerâmica e bracelete em cauchu | © Hublot

À fusão do cauchu com o aço ou o ouro sucedeu-se a notável evolução da marca a partir de 2005, montando um avançado polo industrial em Nyon. E, apesar de recorrer amiúde à sua liga exclusiva de ouro, ao carbono e mesmo à safira transparente, a Hublot tem apostado declaradamente na cerâmica por acreditar nas suas qualidades intrínsecas e estéticas. As primeiras caixas de cerâmica surgiram com a Rado em 1962, houve uma incursão da IWC na década de 80 e a Chanel estreou o emblemático J12 em 2000 — mas a cerâmica ganhou sobretudo maior aderência na última década: é quatro vezes mais dura do que metais convencionais, não provoca alergias, é antimagnética, muito leve e à prova de risco, mantém o aspeto sofisticado quer seja polida ou escovada; o facto de a cor na cerâmica ser uma propriedade, e não um revestimento como os que se utilizam nos metais, dá-lhe o mesmo aspeto e pigmentação durante muito mais tempo.

Hublot Big Bang UNICO Red Magic em cerâmica vermelha num fundo vermelho
Sinal vermelho: o Big Bang Unico Red Magic | © Hublot

A cerâmica era outrora utilizada sobretudo nas indústrias aeronáutica e biomédica, mas a pesquisa e o desenvolvimento no âmbito da relojoaria melhorou os processos e tornou o fabrico (que requer fusão a elevadas temperaturas e depois o esfriamento num complexo processo de moldagem), menos oneroso. A cerâmica também abriu novos campos para a criatividade — e a Hublot tem dado prova disso mesmo.

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