Numa edição do salão digital Watches & Wonders caraterizada pela pujança das cores e que teve o verde como protagonista, houve um modelo específico a destacar-se pela sua singularidade cromática: o Big Bang Unico Yellow Magic, mais um exemplo da competência da Hublot na confecção de relógios em cerâmica. Não foi o único; há novidades também nas coleções Richard Orlinski e Sang Bleu.
Muita cor e sobretudo muito verde. O primeiro grande certame relojoeiro do ano, obviamente realizado a partir de uma plataforma digital, mostrou a vontade da maior parte das marcas envolvidas em propor novos modelos coloridos — numa reação compreensível ao período cinzentão e depressivo que o mundo tem atravessado devido à pandemia. No entanto, entre todos os relógios divulgados no Watches & Wonders, houve um que saltou claramente da paleta cromática: o cronógrafo Big Bang Unico Yellow Magic, da Hublot. Se as cores evocam emoção e criam paixão, o amarelo não deixou ninguém indiferente.
O Big Bang Unico Yellow Magic é mais um exemplo da competência da Hublot na confecção de relógios de cerâmica, fazendo jus ao seu lema ‘A Arte da Fusão’. E só pôde ser feito em amarelo graças à cerâmica, embora tenha sido extremamente difícil tê-lo feito. A aparente contradição é explicável: o amarelo até pode ser a cor primária mais abundante na natureza, mas é um tom muito difícil de reproduzir num tal material. A Hublot tem aperfeiçoado ao longo da última década a técnica de construção em cerâmica e já lançou vários modelos coloridos verdadeiramente impactantes, só que o amarelo afigurava-se muito difícil de alcançar… até este ano, com criação da primeira cerâmica amarela brilhante.
“A força da nossa inovação está no desejo de sermos os primeiros, sermos únicos, sermos diferentes”, sublinha Ricardo Guadalupe. “A nossa cerâmica brilhante colorida foi patenteada em 2018 e o Big Bang Unico Yellow Magic não é apenas uma combinação perfeita com as cores vibrantes que são tendência da Pantone em 2021; mostra também o futuro”. A euforia do CEO da Hublot não se deve aos efeitos animadores e otimistas do amarelo, tem sobretudo a ver com a confiança que deposita no domínio tecnológico da cerâmica. O investimento num laboratório de metalurgia e materiais tem permitido à Hublot, que recentemente cumpriu o seu 40º aniversário, afirmar-se como uma das marcas mais vanguardistas da atualidade — enquanto associa materiais inovadores ao visual moderno dos seus relógios.
Mais cor e mais resistência
Nesse sentido, e não esquecendo os modelos em safira transparente num patamar de preço ainda mais elevado, a cerâmica tem sido um trunfo incontornável e redobrou de importância com a aplicação de cores vibrantes mediante um processo patenteado desenvolvido in-house. Foram necessários quatro anos de aperfeiçoamento para encontrar o equilíbrio perfeito entre temperatura e pressão, permitindo que a cerâmica seja sintetizada sem queimar os pigmentos. A Hublot não só logrou manter as propriedades e a colorimetria dos pigmentos, como também aumentou a resistência ao desgaste de uma cerâmica que por si já é mais dura (1350 HV) do que as cerâmicas tradicionais (1200 HV). Depois do preto e do branco inaugurais, a marca lançou o vermelho e logo depois o azul, o bege e o verde; agora foi a vez do amarelo — numa ensolarada edição limitada a 250 exemplares. A luneta, os indicadores, os algarismos e os ponteiros amarelados ajudam a destacar o mecanismo do movimento cronográfico de manufatura Unico HUB1242, com a sua roda de colunas visível no lado do mostrador. A bracelete é em cauchu, mas a Hublot também já mostrou ser capaz de produzir braceletes em cerâmica noutros modelos.
As séries com as assinaturas Richard Orlinski e Sang Bleu têm sido excelentes veículos artísticos para a exploração de novas fronteiras cromáticas através da cerâmica, com caixas multifacetadas e de arestas cortadas em diamante. Na Watches & Wonders foi desvelado um novo Classic Fusion Richard Orlinski 40mm azul e um tríptico Big Bang Sang II em azul, branco e cinzento. “A introdução de novas cores em estruturas de cerâmica abre perspectivas totalmente novas para a arquitetura do mostrador, dos ponteiros, da caixa; cada cor proporciona uma experiência e um impacto completamente diferentes, oferecendo novas maneiras de realçar a personalidade de quem usa o relógio”, diz Maxime Plescia-Buchi — um famoso artista tatuador que emprestou a sua criatividade na criação de modelos Hublot ainda mais radicais, devido a complexos mostradores e à geometria peculiar.
A arte da fusão
A Hublot foi a primeira marca de prestígio a usar uma bracelete em cauchu; a bracelete em borracha de grande qualidade fazia mesmo parte do revolucionário conceito inaugural da marca fundada por Carlo Crocco em 1980, que não hesitou em associá-la ao ouro. Foram necessários três anos de pesquisa e desenvolvimento até à obtenção de uma borracha natural que complementasse idealmente a caixa inspirada nas escotilhas (hublots, em francês) dos iates de luxo. Na altura foi considerado um sacrilégio, mas o uso pioneiro da bracelete preta de cauchu convenceu gradualmente os mais céticos e acabou por fazer escola na relojoaria de luxo: resistente à corrosão e maleável para melhor conforto, é ideal para mergulhos na praia ou piscina e fica surpreendentemente bem com um smoking.
À fusão do cauchu com o aço ou o ouro sucedeu-se a notável evolução da marca a partir de 2005, montando um avançado polo industrial em Nyon. E, apesar de recorrer amiúde à sua liga exclusiva de ouro, ao carbono e mesmo à safira transparente, a Hublot tem apostado declaradamente na cerâmica por acreditar nas suas qualidades intrínsecas e estéticas. As primeiras caixas de cerâmica surgiram com a Rado em 1962, houve uma incursão da IWC na década de 80 e a Chanel estreou o emblemático J12 em 2000 — mas a cerâmica ganhou sobretudo maior aderência na última década: é quatro vezes mais dura do que metais convencionais, não provoca alergias, é antimagnética, muito leve e à prova de risco, mantém o aspeto sofisticado quer seja polida ou escovada; o facto de a cor na cerâmica ser uma propriedade, e não um revestimento como os que se utilizam nos metais, dá-lhe o mesmo aspeto e pigmentação durante muito mais tempo.
A cerâmica era outrora utilizada sobretudo nas indústrias aeronáutica e biomédica, mas a pesquisa e o desenvolvimento no âmbito da relojoaria melhorou os processos e tornou o fabrico (que requer fusão a elevadas temperaturas e depois o esfriamento num complexo processo de moldagem), menos oneroso. A cerâmica também abriu novos campos para a criatividade — e a Hublot tem dado prova disso mesmo.