O GMT 0º é o mais recente modelo lançado pela Isotope, a micromarca britânica fundada por um português. Apresenta um segundo fuso horário e o seu nome evoca o grau zero de latitude do meridiano de Greenwich, que deu origem ao termo GMT tão utilizado na relojoaria.
Fundada por José Mendes Miranda, um português com formação no audiovisual que se radicou em Londres há cerca de uma década, a Isotope deu nas vistas em 2019 com o lançamento do seu relógio de mergulho Goutte d’Eau e promete aproveitar o élan com a recente introdução de um interessante modelo de preço acessível: o GMT 0º. Trata-se de um novo relógio dotado de ligeiras complicações mecânicas suplementares que são apresentadas de maneira inédita no mostrador, recorrendo a um disco central para indicação do segundo fuso horário e a um ponto colorido que se destaca na correspondente janela para a data.
A peculiar configuração do mostrador é reforçada com um elemento de estilo preponderante e intrinsecamente ligado à Isotope — a ‘Lacrima’, uma forma ovalada em forma de lágrima que surge omnipresente nos mostradores da marca e que no GMT 0º até aparece em dose dupla: no centro do mostrador onde se situa o disco do segundo fuso horário e em função de seta nesse mesmo disco que aponta para a escala de 24 horas. A lágrima/gota identificativa surge também no fundo da caixa, mas como janela oval com vista para o mecanismo.
O nome de batismo do terceiro modelo da jovem história da Isotope (após o Rider Jumping Hour e o Goute d’Eau Compressor Diver) fala por si e remete imediatamente para a sua função ‘viajante’. Com a revolução dos transportes e o desenvolvimento dos caminhos de ferro no século XIX, tornou-se necessário encontrar uma solução para determinar um tempo de referência à escala global. O engenheiro canadiano Stanford Fleming encontrou uma maneira de simplificar o sistema, criando um tempo universal baseado no tempo solar e dividindo o planeta em 24 fusos horários — acrescentando uma hora por cada 15 graus de longitude. Em cada um desses fusos apenas uma hora prevaleceria e atravessar uma zona de tempo para outra implicava que os relógios fossem adiantados ou atrasados uma hora. Claro que surgiu então outro problema: onde deveriam começar e acabar as diferentes zonas horárias… e qual seria a zona horária de referência. Acabou por ser Greenwich.
A decisão passou pela Conferência Internacional dos Meridianos de 1884, onde 25 países adoptaram oficialmente como meridiano de origem (o ‘meridiano inicial’) aquele que passa pelo Observatório Real de Greenwich, no sudeste de Londres. Desde então permaneceu a base do sistema de medição do tempo no mundo ocidental e na maior parte do globo. Estando a Isotope sediada em Londres e com a Grã-Bretanha a apresentar o mesmo fuso horário de Portugal, país de origem do seu fundador, tornou-se fácil encontrar a nomenclatura ideal para um relógio com tais caraterísticas.
Até porque o sistema relojoeiro mais simples de apresentação de um segundo fuso horário é apelidado de GMT (sistema GMT – Greenwich Mean Time), consistindo na visualização imediata de duas zonas temporais através de dois ponteiros das horas a partir do centro — o ponteiro principal e um suplementar, diferenciado através de uma cor ou formato diferente, geralmente com leitura sobre uma escala de 24 horas situada na luneta ou no mostrador. No Isotope GMT 0º, essa tipologia assenta no habitual conjunto de três ponteiros ao centro (horas e minutos de haste semiesqueletizada e com luminescência na ponta; segundos de cor diferente), mas a diferença é feita através do disco central com a indicação a partir da gota/lágrima na escala de 24 horas, uma solução mais vista noutro tipo de relógios (por exemplo, o disco do alarme no lendário Master Memovox da Jaeger-LeCoultre).
O procedimento é simples: o ponteiro convencional das horas pode ser alterado para o tempo local no destino, mantendo-se o ponteiro em gota no disco com o tempo de origem na escala de 24 horas (ou vice-versa). A originalidade do mostrador sai reforçada com uma espécie de anel picotado formado por 31 orifícios sob o qual um ponto colorido determina o dia em curso — e a combinação do disco para o segundo fuso horário com o ponto para o dia (que, na verdade, é um ponto num disco situado abaixo do mostrador) é mesmo anunciada por José Mendes Miranda como sendo inédita na relojoaria.
Estanque a 200 metros, a robusta caixa ligeiramente oval em aço com 41,5mm de diâmetro ‘veste’ abaixo do que a sua dimensão pode fazer supor, devido às asas relativamente curtas. Mesmo apesar dos seus 14,2mm de espessura, necessários para albergar o movimento suíço Swisstech S24-45 ‘customizado’ com os discos do segundo fuso horário e da data. Todos os ajustes são feitos através de várias posições da coroa. O calibre automático e respetivo rotor preto podem ser parcialmente vistos através da tal escotilha ovalada no fundo, decorado com as cidades de referência dos 24 fusos horários mundiais.
Para além da presença da tal ‘Lacrima’ (lágrima ou gota) inerente ao ADN da marca e integrada em vários detalhes mais ou menos discretos no GMT 0º (como a caixa quase imperceptivelmente oval que parece redonda aos olhos do utilizador), há dois outros pormenores de design particularmente interessantes. Um tem efeito prático: uma pressão em botões nas asas, que parecem parafusos, permite a troca rápida da bracelete de Cordura. O outro é simbólico: o motivo da coroa é uma homenagem ao tio do fundador, o símbolo da Corrente Infinita que costumava desenhar para manter a criançada da família entretida e que representa tanto união como o movimento eterno. Sem esquecer que o design das asas é reproduzido na fivela da bracelete.
Para já, o Isotope GMT 0º está disponível em seis versões — quatro regulares mais duas em edição limitada, uma em verde caqui combinada com laranja (49 peças) numa caixa escurecida em DLC e outra com um mostrador bordeaux (também uma tiragem de 49 exemplares) evocativo do Vinho do Porto, cidade de onde é oriundo José Mendes Miranda e que partilha o mesmo meridiano de Greenwich.
Uma nova edição especial será desvelada mais perto do verão e também terá inspiração cromática lusa. Quanto à comercialização do Isotope GMT 0º, ela é feita online — tal como sucede na esmagadora maioria dos casos envolvendo micromarcas. O preço vai dos 814 euros nas versões regulares até aos 940 euros para as edições limitadas.
Características técnicas
Isotope
GMT 0º
Edição limitada de 49 exemplares da versão com mostrador verde caqui e caixa DLC preta e 49 exemplares da versão com mostrador bordeaux.
Ano de lançamento | 2021
Movimento | Mecânico de corda automática, Calibre Swisstech S24-45, 28.800 alt/h, 40 horas de reserva de corda. Precisão de -12 a +12 segundos por dia.
Funções | Horas, minutos, segundos , data e segundo fuso horário.
Caixa 41,5 x 39,5 mm | Aço 316L ou DLC preto. Vidro em cristal de safira abobadado e com tratamento antirreflexo. Fundo com gravação dos fusos horários de 24 cidades mundiais. Estanque até 200 metros.
Mostrador | Branco, preto, azul e verde caqui (edições regulares). Verde caqui e bordeaux (edições limitadas). Ponteiros e gota com SuperLumiNova®.
Bracelete | Cordura com sistema de troca fácil. Fivela em aço.
Preço | 814.01 € ( versões regulares); 940.13 € (edições limitadas com mostrador verde e caixa DLC preta e versão com mostrador bordeaux).
Visite o site oficial da Isotope para mais informações.