A.Lange & Söhne Zeitwerk: janelas para o tempo

Sabia que o Zeitwerk não é apenas um relógio de estética original inspirada no relógio digital da Opera Semper, em Dresden? É também um exercício mecânico único na história da relojoaria — e acaba de receber melhorias significativas.

Quando, em 1994, a A. Lange & Söhne renasceu das prestigiadas cinzas enterradas durante décadas pelo regime da Alemanha Democrática, espantou o mundo com um relógio de pulso que estabeleceu um novo padrão estético. Quinze anos depois desse emblemático Lange 1 e sua descentrada configuração de mostrador, a prestigiada manufactura germânica apresentou um instrumento do tempo revolucionário e dotado de um rosto igualmente surpreendente: o Zeitwerk, animado por duas grandes janelas onde as horas e os minutos vão saltando em formato digital, na companhia de dois indicadores analógicos para os segundos e a reserva de carga. Tanto o Lange 1 como o Zeitwerk espantaram o universo relojoeiro — mas, enquanto o Lange 1 foi imediatamente aclamado, o Zeitwerk precisou de algum tempo para ser compreendido.

A. Lange & Söhne Zeitwerk
Um rosto familiar com discretas atualizações estéticas e um importante upgrade mecânico: o submostrador dos segundos é maior, foi adicionada uma pitada de vermelho no indicador de autonomia de corda e a espessura foi reduzida em meio milímetro | © A Lange & Söhne / Espiral do Tempo

No passado dia 24 de outubro, treze anos após a sua estreia, recebeu um importante upgrade na motorização e pequenas afinações na carrosseria do seu modelo de base, que na segunda geração surge agora declinado em duas combinações inéditas: mostrador preto com caixa em ouro rosa e mostrador prateado com caixa em platina.

A predominância digital do Zeitwerk faz dele um dos menos convencionais protagonistas da alta-relojoaria; no entanto, a inspiração histórica dá-lhe todo o sentido. Porque se a abertura para a data sobredimensionada do pioneiro Lange 1 já havia sido inspirada pelas duas janelas sobre o palco da Ópera Sempre de Dresden (que indicam o tempo de cinco em cinco minutos), o Zeitwerk foi mais longe na aproximação desse original de relojoaria grossa idealizado por Johann Christian Friedrich Guttkaes: apresenta o tempo em dois orifícios panorâmicos, com uma leitura digital intuitiva da esquerda para a direita. De um lado, as horas; do outro, os minutos. A potência exigida para fazer saltar os discos das horas e dos minutos era a razão porque o sistema nunca tinha sido concretizado antes; o problema foi resolvido através de um dispositivo de força constante num calibre com ‘somente’ 38 horas de autonomia. Agora, o novo Calibre L043.6 assegura um funcionamento de 72 horas até à sua recarga por via manual. O botão às quatro horas também é novo num Zeitwerk ‘simples’ e permite um ajuste mais rápido: basta premi-lo para mudar as horas.

A. Lange & Söhne Zeitwerk
O novo Calibre L.043.6 tem todos os elementos decorativos caraterísticos da marca | © A Lange & Söhne / Espiral do Tempo

O impacto visual do Zeitwerk é fortíssimo e a estética em movimento fascinante: de 60 em 60 segundos, o mecanismo murmura um clique e o(s) disco(s) na janela dos minutos avança(m) 60 vezes até à altura em que também o disco sob a janela das horas efetua a sua própria rotação; nesse instante, há três discos a deslizar em simultâneo e o momento mais espetacular verifica-se às 11h59 – quando o ponteiro dos segundos faz a sua rotação até às 12 horas. Simplesmente mágico. 

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