A Ming surpreendeu ao retomar o caminho dos relógios de mergulho com o novo 37.09 Bluefin — e reforça o seu estatuto de marca de nicho tornada marca de culto.
Designer, fotógrafo de renome e colecionador de relógios, Ming Thein fundou a marca com o seu nome em 2017 e já a conseguiu guindar ao estatuto de culto — tendo em conta inesperados lançamentos que incluem o mais leve relógio mecânico do mundo, edições especiais rapidamente esgotadas, volumosas listas de espera e um rol de prémios que inclui o da Revelação na edição de 2019 do Grand Prix d’Horlogerie de Genève.
Numa primeira fase de afirmação, a companhia oficialmente designada Horologer Ming SA e com sede em La Chaux-de-Fonds lançou alguns relógios de mergulho — afinal de contas, uma categoria especialmente adorada pelos aficionados. O último foi o 18.01 H41, em 2020. O recentemente apresentado 37.09 Bluefin é a nova incursão da Ming na tipologia de mergulho e representa a estreia de uma luneta rotativa interior.
37.09 Bluefin
Os anos de espera desde o último modelo de mergulho não foram inativos, já que a equipa liderada por Ming Thein foi procurando diversas vias e hesitando entre as proezas técnicas e uma maior elegância. No final, a opção recaiu sobre a arquitetura mais elegante da linha 37 para o estabelecimento do 37.09 Bluefin com uma estanquidade bem superior à que se pensava possível: 600 metros, profundidade notável para um tool watch com 38mm de diâmetro por 12,8mm de espessura (sendo 2,8mm referentes ao vidro de safira abobadado). Ou seja, um tamanho versátil para utilização civil ou profissional.
Obviamente, foi necessário adaptar os códigos estéticos da linha 37 às exigências de mergulho através de uma construção interna diferente — para garantir maior resistência à pressão e de modo a albergar uma escala de medida de tempo necessária a qualquer mergulhador. Em vez da tradicional luneta rotativa no exterior da caixa à volta do mostrador, a Ming integrou-a num mostrador de safira carregado com material luminescente Super-LumiNova X1 em vários setores. E como sucede nas construções do tipo compressor, a escala rotativa interior é operada a partir de uma coroa suplementar (que não é de rosca e não necessita de ser puxada, podendo ser operada debaixo de água) que acompanha a habitual coroa destinada ao acerto do tempo.
Também houve um aturado trabalho no plano do grafismo, de modo a reforçar o minimalismo típico da Ming — e recorrendo também à cor para uma excelente capacidade de leitura necessária a um relógio de mergulho, com indexes Hyceram para as horas e safira azul colorida através de um processo de metalização que dão maior dinâmica ao conjunto. As diversas camadas e misturas de material luminescente contribuem também para esse dinamismo visual.
Quanto à mecânica, a Ming voltou a emparceirar com a Sellita para a produção de um calibre de base SW300-1 que foi modificado para garantir 50 horas de autonomia, carga automática bidirecional e ponteiro dos segundos ao centro. As pontes foram esqueletizadas e o rotor personalizado com uma decoração granulada de acordo com os padrões da marca. A opção mecânica contribuiu para manter um preço à volta dos 5.000 euros, relativamente ‘acessível’ em comparação com outras especialidades dotadas de calibres exclusivos.
Para ‘vestir’ adequadamente o relógio, foi necessário desenvolver uma nova bracelete — desenvolvimento que requereu quase tanto tempo como a preparação do relógio em si e um elevado investimento financeiro. Trata-se de uma bracelete em cauchu FKM moldada para o relógio e que pode ser usada nos restantes relógios Ming com 20mm entre-asas, tendo sido moldada para acompanhar esteticamente a curvatura da caixa e ergonomicamente a curvatura natural do pulso; macia e resistente, é mesmo considerada a mais confortável bracelete Ming até à data — sendo complementada por uma fivela especial que dispensa presilhas.