Dubai Watch Week 2019: os novos relógios (1)

A Dubai Watch Week tornou-se rapidamente no evento relojoeiro culturalmente mais relevante do mundo logo a partir da sua segunda edição e a recentemente concluída quarta edição só veio confirmar esse estatuto. Mas, para além dos fóruns, debates e workshops, também houve relógios novos apresentados durante o certame. Aqui fica uma primeira leva deles.

No Dubai. Toda a efervescência cultural gerada pela Dubai Watch Week tinha de ser obrigatoriamente complementada com relojoaria de excepção — afinal de contas, os relógios são precisamente a razão da existência do evento que disparou meteoricamente para o topo das preferências da imprensa especializada precisamente devido aos debates e trocas de ideias que os múltiplos eventos da programação geraram. E houve muitos relógios novos a serem apresentados durante o certame. Muitos deles são edições limitadas dedicadas ao mercado árabe, mas não só.

O anfiteatro onde se realizavam diariamente vários foruns temáticos © DWW
O anfiteatro onde se realizavam diariamente vários foruns temáticos © DWW

A área de exposição das marcas disposta no recinto do evento, montado na zona do arco do Dubai International Financial District, era composta por uma grande nave que corria longitudinalmente por baixo do arco e dois grandes pavilhões laterais — um da Rolex com uma exposição sobre o Submariner e a coleção da família Seddiqi, o outro dedicado à nova linha Alpine Eagle da Chopard e com espaço para festas ao cair da noite. Para além disso, havia apresentações de marcas e/ou edições limitadas no pavilhão Creative Hub ou cocktails/festas no espaço do restaurante Cipriani tornado disco/bar à noite. Entre os vários espaços e eventos, aqui ficam os primeiros cinco dos vários relógios a destacar na Dubai Watch Week.

Ferdinand Berthoud FB 1.3-1 em azul safira

Ferdinand Berthoud FB 1.3-1 em azul safira © Ferdinand Berthoud
Ferdinand Berthoud FB 1.3-1 em azul safira © Ferdinand Berthoud

Batizada em honra do lendário relojoeiro Ferdinand Berthoud, a Chronométrie Ferdinand Berthoud tem colecionado prémios a partir do FB1 e das suas variantes; a mais recente versão FB 1.3-1 foi exposta no stand da sister company da Chopard durante a Dubai Watch Week e está limitada a somente cinco exemplares numerados. A combinação cromática entre a estrutura da caixa de platina (44mm de diâmetro por 13mm de espessura) com inserção em cerâmica nas entre asas e o mostrador azul é de grande beleza, porque o tom azulado translúcido é intenso e captura muito bem a luz. Uma combinação claramente ganhante de uma marca e um relógio que sempre teve a nossa admiração desde o seu advento.

Ferdinand Berthoud FB 1.3-1 em azul safira ©Miguel Seabra / Espiral do Tempo
Ferdinand Berthoud FB 1.3-1 em azul safira © Miguel Seabra / Espiral do Tempo

Uma obra-prima da alta relojoaria apresentada num invólucro que, apesar da sua modernidade, também evoca os cronómetros de marinha que tanta fama deram a Ferdinand Berthoud.

Armin Strom Gravity Equal Force

Armin Strom Gravity Equal Force ©Miguel Seabra / Espiral do Tempo
Armin Strom Gravity Equal Force ©Miguel Seabra / Espiral do Tempo

Alto lá! Quando o diretor-técnico Claude Greisler e Thierry Hess (o boss Serge Michel não veio até ao Dubai) me mostraram o novo Gravity Equal Force, a minha reação foi imediata: “este modelo pode ser um gamechanger para vocês!”. E não devido à vertente técnica, porque nesse departamento a Armin Strom sempre foi forte; o Gravity Equal Force pode dar definitivamente um forte impulso a uma marca que sempre mereceu mais atenção do que a que tem porque apresenta um detalhe estético determinante: a tradicional lingueta que saía protuberante da luneta às 6 horas surge agora estilisticamente reduzida — e essa lingueta, parte fundamental do ADN da Armin Strom desde os seus primórdios, era precisamente a razão porque muita gente não punha ‘a mão na massa’ no momento da compra! Ela continua lá, mas de maneira muito mais discreta e — presumo eu — bem mais consensual. De resto, o Gravity Equal Force tem outras grandes valências: um engenhoso movimento idealizado para transmitir permanentemente força constante ao balanço, o recurso ao aço para manter um preço mais acessível e um inédito diâmetro de 41 milímetros mais adaptável ao gosto atual. O mostrador descentrado, composto por um submostrador e pequenos segundos subsidiários acompanhados por pontes trigémeas a suportar o tambor da corda e o microrrotor, também causa grande impacto.

Singer Reimagined Track 1 Emirates Edition

Singer ReImagined Track 1 Elirates Edition ©Miguel Seabra / Espiral do Tempo
Singer ReImagined Track 1 Emirates Edition ©Miguel Seabra / Espiral do Tempo

Aquando da sua estreia, há cerca de dois anos e meio, o Track 1 da nova marca Singer Reimagined conquistou imediatamente os mais exigentes amantes de cronógrafos devido a uma mecânica de alto gabarito concebida nos ateliers do mestre Jean-Marc Wiederrecht e uma estética assinada pelo CEO Marco Borraccino com inspiração nos anos 70. Sem surpresa, o Track 1 conquistou múltiplos prémios um pouco por todo o mundo e tem sido declinado em versões que jogam com diferentes materiais e cores. Depois do recente Track 1 London Edition, sobre o qual já escrevemos e que também fotografámos na Dubai Watch Week, o Track 1 Emirates Edition foi evidentemente concebido a pensar no evento e dedicado aos colecionadores locais. Tendo por cor principal um verde azeitona, apresenta uma estrutura particularmente leve devido ao uso do alumínio na tradicional caixa cushion de 43 milímetros que recebeu um tratamento de plasma, dando à superfície propriedades idênticas às da cerâmica.

Ressence Type 1 DXB

Ressence Type 1 DXB © Ressence
Ressence Type 1 DXB © Ressence

Claramente um dos relógios mais surpreendentes e originais que saíram da Dubai Watch Week — mesmo sabendo-se que a Ressence tem precisamente por conceito base que originou a sua criação um sistema altamente original desenvolvido pelo designer e CEO Benoît Mintiens. A jovem marca belga não costuma fazer edições limitadas porque a sua produção já é relativamente restrita, mas a tiragem de 19 peças baseada na caixa do Type 1 Squared — e batizada DXB em honra ao código do aeroporto do Dubai — rapidamente conquistou quem esteve na sua apresentação. A caixa, uma variante cushion do Type 1 mais fina e ligeiramente mais pequena, fica especialmente bem com um mostrador de estrutura geométrica com uma esqueletização de inspiração árabe e uma cor situada algures entre o salmão e o deserto. Um relógio que simboliza também a grande aposta da firma Ahmed Seddiqi & Sons, organizadora da Dubai Watch Week, nas marcas independentes. O sistema de funcionamento é o típico da Ressence: base mecânica ETA que apoia o conceito orbital assente em três satélites biaxiais excêntricos (horas, segundos e dias da semana).

Ressence Type 1 DXB ©Miguel Seabra / Espiral do Tempo
Ressence Type 1 DXB ©Miguel Seabra / Espiral do Tempo

De Bethune Dream Watch 6

De Bethune Dream Watch 6 © De Bethune
De Bethune Dream Watch 6 © De Bethune

Pierre Jacques, CEO da De Bethune, aproveitou a Dubai Watch Week para desvelar o Dream Watch 6 — uma peça única elaborada a partir de uma parceria em que o movimento criado pelo virtuoso mestre relojoeiro (e co-fundador da marca!) Denis Flageollet é integrado numa estrutura idealizada pelo lendário designer suíço Jörg Hysek segundo a tradicional estética da marca. Um fabuloso relógio de mesa que é também uma peça de arte contemporânea e que, infelizmente para tantos, está destinada a um único colecionador. As anteriores cinco edições do Dream Watch foram todas relógios de pulso.

De Bethune Dream Watch 6 ©Miguel Seabra / Espiral do Tempo
O Dream Watch 6 da De Bethune na apresentação durante a Dubai Watch Week ©Miguel Seabra / Espiral do Tempo

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