Os reguladores da Chronoswiss

É um dado adquirido que a linguagem universal do tempo e da relojoaria consiste num mostrador redondo com ponteiros concêntricos. Mas há muitos dialetos que expressam o mesmo tempo de maneira diferente — como no caso dos mostradores reguladores. E a Chronoswiss tem tradição nesta área. 

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Chronoswiss Grand Régulateur © Chronoswiss |
Imagem de abertura: Flying Regulator Jumping Hour © Chronoswiss

É um dado adquirido que a linguagem universal do tempo e da relojoaria consiste num mostrador redondo com ponteiros concêntricos das horas e dos minutos (e na maior parte dos casos, também segundos). Mas há muitos dialetos que expressam o mesmo tempo de maneira diferente — como no caso dos mostradores reguladores, tão em voga há mais de dois séculos e que no final da década de 80 viveram uma fase de renascença graças à ação preponderante do alemão Gerd-Rüdiger Lang, fundador da Chronoswiss. Quase trinta anos depois, na edição de 2016 de Baselworld, a Chronoswiss apostou fortemente no Regulator através de uma alargada panóplia de variantes (Regulator, Flying Regulator e Regulator Jumping Hour) dotados dessa caraterística disposição de mostrador. Entre eles, o Regulator Classic Rallye — que passou pelo estúdio da Espiral do Tempo.

Regulator Classic Rallye
Regulator Classic Rallye © Espiral do Tempo / Paulo Pires

O conceito ‘regulador’ surgiu no final do século XVIII, quando o relojoeiro francês Louis Berthoud idealizou um mostrador cuja caraterística mais marcante era a posição descentrada do seu ponteiro das horas — de modo a impedir que a leitura do ponteiro dos segundos fosse comprometida. Os relógios de pêndulo de alta precisão passaram a adotar esse tipo de mostrador e começaram a ser usados essencialmente em observatórios, centrais horárias, manufaturas relojoeiras, escolas e fábricas — ou seja, eram a bitola onde quer que fosse importante marcar o tempo ‘ao segundo’ e controlar a precisão dos relógios. Daí a justificação do nome ‘regulador’ para um instrumento de pêndulo com segundos ao centro e no qual os ponteiros das horas e dos minutos estavam claramente afastados, a fim de evitar uma justaposição que causasse problemas de leitura a quem necessitava de uma rápida e imediata perceção do tempo.

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Régulateur 30, comemorativo dos 30 anos da Chronoswiss, numa combinação dos modelos históricos Régulateur e Delphis. © Chronoswiss

Nos tempos modernos, o formato ‘regulador’ foi adaptado aos relógios de pulso após uma aposta pessoal de Gerd-Rüdiger Lang, que fundou a Chronoswiss em 1983 para perpetuar as linhas clássicas e o artesanato da relojoaria tradicional. Numa altura em que o quartzo era a lei, o mestre alemão permaneceu convicto de que existia um mercado para edições limitadas de relógios mecânicos de qualidade superlativa e inspirados em elementos de estilo de outrora; o conceito foi rapidamente apreendido por conhecedores e colecionadores que recusavam converter-se ao quartzo e que aderiram incondicionalmente aos modelos com fases da lua, cronógrafos e mostradores em esqueleto. O grande salto da marca germano-suíça deu-se precisamente com o ‘Régulateur’, um relógio mecânico de corda manual em edição limitada que esgotou num ápice devido ao seu mostrador pouco usual a partir de três eixos diferentes.

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Chronoscope, um cronógrafo em ‘formato’ Régulateur . © Chronoswiss

A partir daí, o ‘Régulateur’ tornou-se numa linha emblemática da Chronoswiss. Em 1990, o ‘Régulateur Automatique’ dava continuidade à história de sucesso do modelo de corda manual, nessa altura já há muito esgotado e avidamente procurado entre os círculos de colecionadores. Os mecanismos foram concebidos pelo conceituado fabricante Enicar, cujo legado Gerd-Rüdiger Lang procurou preservar sob a forma do calibre C.122 que só se pode encontrar nos relógios Chronoswiss. E a linha ‘Régulateur’ foi sendo enriquecida com diferentes cores de mostrador e tamanhos de caixa, enquanto se consumava definitivamente o regresso em força da relojoaria mecânica. No dobrar do milénio surgiram o Chronoscope, primeiro cronógrafo automático de pulso com o mostrador de um modelo regulador, e o Tourbillon Régulateur, primeiro relógio turbilhão de pulso com mostrador regulador que foi concebido para comemorar os 200 anos sobre a patente do ‘Régulateur à Tourbillon’ de Abraham-Louis Bréguet, em 1801.

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Gerd-Rüdiger Lang (à direita), fundador da Chronoswiss, reformou-se por volta de 2010 e passou os destinos da marca a Oliver (à esquerda) e Eva Ebstein. © Chronoswiss

Entretanto, Gerd-Rüdiger Lang reformou-se e passou os destinos da marca à família Ebstein por volta de 2010 — com Oliver e Eva Ebstein a dirigirem a Chronoswiss a partir da nova sede em Lucerna. E a estratégia da coleção desvelada na edição de 2016 de Baselworld assentou no lema ‘regulate your time’ que serviu de mote à apresentação das variantes Regulator Classic, Flying Regulator e Regulator Jumping Hour. O Regulator Rallye assenta na variante automática de base, mas apresenta uma combinação cromática desportiva (preto e vermelho) inspirada nas corridas automóveis que se afasta dos modelos reguladores clássicos dos primórdios da marca.

Regulator Classic Rallye
Regulator Classic Rallye © Espiral do Tempo / Paulo Pires

Estes relógios apresentam fundo transparente, precisamente outro dos grandes legados de Gerd-Rüdiger Lang, que adotou o vidro de safira na década de 80 e foi imediatamente imitado pela concorrência; hoje, o fundo transparente é popular na relojoaria — conseguirá a originalidade do Regulador tornar-se igualmente mais comum? ET_simb

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