Greubel Forsey: via desportiva com o GMT Sport

No Dubai | Fundada neste milénio, a Greubel Forsey rapidamente se estabeleceu entre as marcas de maior exclusividade relojoeira com novas interpretações do turbilhão e a conquista de múltiplos prémios. Hoje apresentou oficialmente o GMT Sports, o seu primeiro modelo de vocação desportiva, que tivemos a oportunidade de conhecer sob embargo durante a Dubai Watch Week. O veredicto é extremamente favorável…

O que acontece quando um mestre relojoeiro e uma marca de topo são confrontados com o desafio de criar algo de verdadeiramente diferente? Só há duas hipóteses: a recusa, por sair fora dos padrões estabelecidos para a marca; ou a aceitação, com o consequente estabelecimento de uma nova dimensão no respetivo currículo. Para a dupla formada por Robert Greubel e Stephen Forsey não deve ter sido fácil ser constantemente confrontada com os pedidos dos seus melhores clientes e amigos, solicitando a criação de um modelo Greubel Forsey mais desportivo. Depois de vários anos, o desafio foi aceite e agora consumado no GMT Sport.

© Miguel Seabra / Espiral do Tempo
Primeiro Greubel Forsey de vocação desportiva: o GMT Sport © Miguel Seabra / Espiral do Tempo

Para uma marca de alta-relojoaria, não é propriamente fácil inserir na coleção um relógio de vocação claramente desportiva. O mestre François-Paul Journe afirmou durante muito tempo que nunca faria um relógio desportivo, até ser convencido por um colecionador amigo seu e lançar a LineSport. Os responsáveis da A. Lange & Söhne também refutaram quaisquer sugestões de criação de uma linha mais desportiva, até desvelarem o Odysseus no passado mês de outubro. A história remonta à década de 70, quando reconhecidas manufaturas seculares deram uma nova dimensão ao seu catálogo com os chamados relógios desportivos de luxo que estabeleceram então uma nova categoria — liderada pelo Royal Oak da Audemars Piguet (1972) e pelo Nautilus da Patek Philippe (1976), sem esquecer todos os relógios da mesma tipologia nascidos nessa década de 70, desde o Laureato da Girard-Perregaux ao 222 (futuro Overseas) da Vacheron Constantin. A Greubel Forsey não é uma casa secular — completou em 2019 ‘apenas’ 15 anos — mas tem um posicionamento ainda mais elevado e uma produção ainda mais restrita do que qualquer uma dessas reputadas manufaturas.

GMT Sport: arquitetura ergonómica e complexidade mecânica © Greubel Forsey
GMT Sport: arquitetura ergonómica e complexidade mecânica © Greubel Forsey

Desde a sua fundação, em 2004, a Greubel Forsey especializou-se em modelos com múltiplos turbilhões e balanços inclinados. Rapidamente começou a acumular os mais prestigiados prémios nas mais diversas iniciativas do género, da International Chronometry Competition ao Grand Prix d’Horlogerie de Genève. O GMT, lançado em 2011, foi um modelo que rapidamente se destacou por ser o primeiro Greubel Forsey dotado de outra complicação que não o turbilhão graças a um segundo fuso horário e a um espetacular globo tridimensional com as horas mundiais — a par de um turbilhão de 24 segundos inclinado a 25 graus. O impacto cénico proporcionado pela minuciosa réplica do globo terrestre rapidamente catapultou o GMT para o topo das preferências da marca e da própria alta-relojoaria. Em 2015, uma versão negra deu um toque mais desportivo e contemporâneo ao GMT. E inspirou a criação do GMT Sport, uma extraordinária peça dada hoje a conhecer ao mundo mas que já tivemos a oportunidade de manusear — obviamente sob juras de sigilo! — na recente Dubai Watch Week.

Um calibre especificamente preparado para o novo modelo © Greubel Forsey
Um calibre especificamente preparado para o novo modelo © Greubel Forsey

Evolucionário e revolucionário

O GMT Sport é mesmo uma obra prima no sentido em que se trata de um conceito completamente diferente no âmbito da Greubel Forsey sem que a marca perca a sua forte identidade ou o nível técnico seja inferior devido à sua vocação declaradamente desportiva. Pelo contrário. É um modelo revolucionário mas que mantém o ADN da Greubel Forsey, expresso através de uma nova caixa de grande impacto arquitetural devido à construção e ergonomia, sem esquecer toda a complexidade mecânica que o mostrador deixa entender.

© Greubel Forsey
Mostrador tridimensional e um fascinante universo mecãnico © Greubel Forsey

Para começar, a caixa parece perfeitamente redonda quando vista de cima; no entanto, quando observada de qualquer outro ângulo, revela-se claramente arqueada e mesmo ovoide — o próprio vidro de safira é de um oval convexo! Por baixo, um mostrador típico da Greubel Forsey mas com ponteiros maiores e de eixo central que complementam um cenário tridimensional de pontes suspensas e rodagens semi-escondidas.

© Greubel Forsey
Os ponteiros e as pontes t~em uma curvatura que acompanha a ergonomia da caixa © Greubel Forsey

Um submostrador às 11 horas inclui os pequenos segundos apresentados num disco rotativo e um segundo fuso horário por via analógica. O indicador da reserva de marcha de 72 horas fica situado às 3 horas. O rápido turbilhão de 24 segundos surge inclinado a 25 graus à 1 hora, bem seguro por uma ponte; é formado por 88 componentes para um peso total de 0,38 gramas; a inclinação impede que os órgãos reguladores praticamente nunca estejam nas posições mais nocivas à precisão: horizontal e vertical. No total, o calibre de corda manual do GMT Sport é composto por 435 peças.

GMT Sport © Greubel Forsey
GMT Sport © Greubel Forsey

E em grande destaque, claro, o globo terrestre, colocado como se fosse visto a partir do pólo norte. Faz a sua rotação em 24 horas e está rodeado de um anel de cristal com a divisão dos 24 fusos horários com indicação dia/noite. A respetiva informação é complementada no fundo da caixa, com um anéis centrais e exteriores a distinguir as zonas que adotam o tempo de verão — um disco com os 24 fusos horários considera a hora de verão/inverno no local do planeta onde ela está vigente.

Esq.: Greubel Forsey GMT Sport com o modelo GMT de fundo. Dta.: Fundo do Greubel Forsey GMT Sport © Miguel Seabra / Espiral do Tempo
O GMT Sport com o modelo GMT como cenário de fundo. E o fundo da caixa do GMT Sport © Miguel Seabra / Espiral do Tempo

As funções do GMT Sport são controladas a partir de dois botões no lado esquerdo da caixa; um deles serve para selecionar o segundo fuso horário, enquanto o outro possibilita a sincronização do tempo local com o globo. As restantes funções são controladas a partir da coroa, também em titânio mas revestida de borracha para um manuseamento mais seguro mesmo em condições desportivas. Estão disponíveis duas braceletes de cauchu (preta e azul), devidamente complementadas com um fecho de báscula em titânio bem moldado ao pulso. A decoração é tipicamente greubelforseyiana, reforçando a tal identidade tão própria mesmo num relógio tão fora da caixa comparativamente com os restantes exemplares da marca. Toda a decoração segue essa premissa, incluindo a gravação na luneta e todas as restantes inscrições. Um autêntico manifesto ao que de melhor se faz na alta relojoaria. O GMT Sport tem, pelo menos nesta edição, uma tiragem extremamente exclusiva: apenas 11 exemplares. Somente onze felizardos terão acesso ao relógio, mas após pagarem 480.000 francos suíços mais IVA. Ou seja, mais de meio milhão de euros…

Greubel Forsey GMT Sport bracelete em cauchu azul e em cauchu preto © Greubel Forsey
GMT Sport nas variantes com bracelete em cauchu azul e cauchu preto © Greubel Forsey

As nossas primeiras impressões

Quando Stephen Forsey e Sylvain van Muylders me puxaram para um canto na nave de exposição da Dubai Watch Week, o mestre britânico cofundador da Greubel Forsey disse-me, com um sorriso maroto: «tenho uma coisa para te mostrar… um relógio desportivo em aço de design integrado e mostrador azul», brincou. Rimo-nos os três. Depois dos controversos lançamentos do BR05 da Bell & Ross, do Alpine Eagle da Chopard e do Odysseus da A. Lange & Söhne, todos eles com uma versão de mostrador azul e a inevitável associação aos emblemáticos Royal Oak e Nautilus, só faltava mesmo que a Greubel Forsey fizesse algo do género. Obviamente que não fez. Surpreendeu com algo de especial e deixou-me de boca aberta, como se pode constatar pelo vídeo que a marca nesta altura já deve ter posto a circular no Instagram. «É diferente de tudo o que a Greubel Forsey já fez mas não deixa de ser claramente um Greubel Forsey», respondi, acrescentando gostar muito do novo espécime da marca. Como não gostar? É um cocktail de alta- relojoaria num invólucro desportivo que assenta ainda melhor no pulso do que qualquer outro modelo da Greubel Forsey devido à sua ergonomia reforçada. O diâmetro de 45 milímetros pode ser considerado grande, mas a verdade é que o design integrado torna-o adaptável a qualquer pulso. Para além de transpirar qualidade e tecnicidade. A estanqueidade de 100 metros poderia eventualmente ser maior, mas é mais do que suficiente; talvez no futuro haja uma bracelete em titânio para condizer com a caixa e complementar as de cauchu. Para já, o único defeito do GMT Sport é mesmo a tiragem limitada a 11 exemplares… porque o preço é uma virtude.

As voluptuosas curvas do GMT Sport © Greubel Forsey
As voluptuosas curvas do GMT Sport © Greubel Forsey

Caraterísticas Técnicas

Greubel Forsey
GMT Sport
Edição limitada a 11 exemplares.

Greubel Forsey GMT Sport © Greubel Forsey
Greubel Forsey GMT Sport © Greubel Forsey

Movimento/ Mecânico de corda manual, 21.600 alt./h., 72h de reserva de corda, 63 joias.
Funções/ Horas e minutos. Pequenos segundos no disco,  indicação de reserva de corda, turbilhão com rotação de 24 segundos, globo de titânio rotacional com horas universais (24 fusos horários e horário de verão/inverno), indicação de dia/noite, segundo fuso horário GMT.
Caixa Ø 45 mm / Titânio, vidro de safira sintético curvo, fundo em vidro de safira sintético abobado, estanque até 100 metros.
Bracelete/ Cauchu preto ou azul com texto em relevo. Fecho de báscula em titânio com logo Greubel Forsey.
Preço/ 480.000 CHF (s/taxas).

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