A LX Factory, em Alcântara, está inegavelmente consolidada no roteiro cultural e turístico da cidade de Lisboa. E é impossível falar deste espaço sem falar da Ler Devagar, uma livraria com história que se distingue pelo seu acervo de livros de fundo de catálogo. Como companhia para a nossa visita, levámos no pulso um Tudor Black Bay Bronze, versão de 2019 — um dos modelos de referência da coleção Black Bay da Tudor, que consolida as tendências mais procuradas no mercado relojoeiro, com um estilo de inspiração vintage e uma caixa de bronze.
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Ocupando um amplo espaço de 600 m² de área, com quatro pisos e um pé direito de 14 m, a livraria conta com mais de 50 mil títulos de livros novos e cerca de dez mil livros usados. Tínhamos encontro marcado às 11 h com José Pinho, gestor e cofundador da livraria, e deparámo-nos, uma hora antes da abertura, com dezenas de turistas ansiosos, a espreitar pelas janelas. A Ler Devagar anda nas bocas do mundo. E justifica-se. Além de se encontrar ali uma das maiores coleções de autores portugueses traduzidos para inglês e francês, percorrer o espaço é garantia de um dia bem passado, tanto por adultos, como por crianças.
Fundada em 1999, no Bairro Alto, em Lisboa, onde ocupava as antigas instalações da Litografia de Portugal, a Ler Devagar introduziu um conceito novo que entende as livrarias como locais de encontro e de debate de ideias, de leitura, de manifestações artísticas e de comércio de livros. À época, foi considerada uma das mais completas e melhores livrarias do mundo. Em 2005, viu-se obrigada a encerrar o espaço do Bairro Alto e instalou-se provisoriamente na Galeria Zé dos Bois (ZDB), na Rua da Rosa (também no Bairro Alto). Dois anos depois, juntamente com a livraria Eterno Retorno, a Ler Devagar revitalizou a Fábrica Braço de Prata (FBP), ocupando o edifício-sede da antiga fábrica de armamento e material de guerra. A 23 de abril de 2009, instalou-se no então chamado «pólo de indústrias culturais de Alcântara – Lx Factory», abrindo, de novo, numa tipografia: desta vez na antiga Gráfica Mirandela. Uma fração da cidade, que durante anos permaneceu escondida, foi devolvida às pessoas.
Vinte anos volvidos, o projeto, que começou por ser um local de encontro de amigos, para ouvir música, ler ou debater ideias, é hoje uma livraria, uma biblioteca, uma cafetaria, um espaço cultural — onde se realizam desde eventos literários a concertos — e, inclusivamente, um museu vivo, com a exposição permanente de objetos cinemáticos criados por Pietro Proserpio (a seu tempo, lá chegaremos).
Quem lá entra pode (e deve) sentir-se à vontade para consultar os livros e até lê-los por inteiro, como se estivesse na sua sala de estar. Esse foi na verdade, o desígnio deste projeto, desde o início. Não é novidade: uma livraria não é um projeto economicamente viável. Mas, felizmente, nenhum dos sócios está dependente dos lucros. Fruto deste pensamento despretensioso, segundo José Pinho, os clientes acabam por comprar — até por que há títulos que são verdadeiras raridades.
«Somos uma livraria de mochila, como um caracol. Mudámos quatro vezes de instalações em 20 anos, e cada vez que isso acontece é uma tragédia e implica novo investimento, o que permite manter o espírito inicial dos fundadores de continuar de portas abertas mesmo que o negócio não seja rentável», destacou o gestor. E nada garante que não tenham de mudar de instalações outra vez. Porém, isso não os desmotiva. Aliás, entre os planos a curto prazo está a abertura de novos espaços culturais no Porto, no Brasil e em Cabo Verde, onde, a par da leitura, se possam provar vinhos e queijos portugueses. «A leitura pede um copo de vinho», diz José Pinho com um sorriso rasgado.
Objetos poéticos
Não nos esquecemos de Pietro Proserpio. Não há como. Radicado em Lisboa desde 1949, este italiano, prestes a completar 80 anos, cria objetos cinemáticos. Os seus dias são passados no topo da imensa rotativa que domina o espaço da Ler Devagar, deslumbrando os visitantes com as suas máquinas e histórias. Assim que se entra pela porta, não há como não reparar na sua bicicleta voadora. Chama-se «O Sonhador» e conta a história de um homem que, um dia, sonhou alcançar a Lua montado no seu monociclo e armado com um guarda-chuva. O ‘laboratório’ de Pietro Proserpio é no topo da máquina de impressão, em tempos ocupado pelos operários da máquina Minerva, onde se imprimiu o semanário Expresso, após o 25 de abril, pela primeira vez livre de censura e em muito equiparável ao que o italiano ali faz, com toda a liberdade. Subindo ao terceiro piso, é difícil resistir ao repto de Pietro, que convida todos, com muito orgulho, a fazerem um périplo guiado pelas suas obras de arte. A Ler Devagar descobriu-o no Braço de Prata e, ao mudar-se para a LX Factory, desafiou-o para ali se instalar, permanentemente. Em pequeno, fazia brinquedos para si, depois começou a construí-los para os filhos e mais tarde para os netos. Agora, voltou a fazê-los para si, para grande deleite dos visitantes da Ler Devagar. Além de referências cinematográficas, como Dia de Chuva em Alcântara, Charlot e Monsieur Hulot, o tempo é uma constante na obra deste artista, que recorre a peças de relógios e a lixo que recicla para dar corpo à sua poesia. Exemplo disso é o objeto «Espiral do Tempo», que agarra quem o observa e arrasta-o para o seu destino, explica.
Chamam-lhe «mestre relojoeiro» e o seu interesse pelo Tudor Black Bay Bronze que nos acompanhou nesta visita foi evidente. O nosso guia passou, num ápice, a ouvinte. Explicámos-lhe que a Tudor tem vindo a destacar-se enquanto marca, apresentando-se agora com linhas muito distintivas e contemporâneas, mesmo sendo inspiradas no seu próprio passado relojoeiro. A verdade é que a Tudor surpreende agora pelo seu charme muito próprio, com base em modelos de mergulho dos anos 50 da marca. Material dos anais da relojoaria e da história naval, o bronze ressurgiu e está agora mais na moda do que nunca. O apelo é a pátina única que desenvolve ao longo do tempo, conferindo-lhe uma aparência desgastada que consolida a aposta da marca num estilo vintage.
A Idade do Bronze
O metal aplicado na caixa do Tudor Black Bay Bronze é uma liga que combina alumínio e cobre, de elevada resistência e, por isso mesmo, empregue na engenharia naval para que as peças resistam à corrosão causada pela água salgada. Ao invés disso, vai ganhando uma pátina dourada/acastanhada ao longo do tempo. Por forma a garantir que isso aconteça, neste relógio, a caixa foi escovada até ficar acetinada. Importa ainda destacar a caraterística coroa de rosca onde foi gravada a rosa que representa a insígnia da Tudor. Como seria de esperar de um relógio de mergulho feito de bronze e resistente à água até 200 metros, este modelo é pesado e tem uma presença dominante no pulso, embora mantenha sem qualquer dúvida um lado de elegância que o torna especialmente versátil.
Importa também destacar que o Black Bay Bronze está disponível com duas braceletes: uma de couro nobuk preto e outra de tecido acinzentado, decorado com uma listra dourada na zona central centro. E aqui é importante contextualizar, acrescentando que, num determinado momento da história, a Tudor forneceu relógios sem correias à Marinha francesa, o que obrigou os fuzileiros a serem engenhosos por forma a conseguirem atar o relógio ao pulso. Consta dos arquivos da marca que muitos recorreram a elásticos retirados de paraquedas — resultando, daí, a reinterpretação desta engenhosidade: uma correia de tecido cinzento-ardósia com um toque de dourado, que confere subtileza e refinamento ao relógio.
Ler Devagar
Lx Factory | R. Rodrigues de Faria 103 – G 0.3, 1300-501 Lisboa
Horário
segunda-feira : 11:00–21:00
terça-feira: 11:00–23:00
quarta-feira: 11:00–23:00
quinta-feira: 11:00–23:00
sexta-feira: 11:00–01:00
sábado: 11:00–00:00
domingo: 11:00–21:00
Saiba mais no site oficial da Ler Devagar.
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