Vacheron Constantin: em harmonia

EdT50 — O ano de 2015 é um ano especial para a Vacheron Constantin já que a marca celebra o seu 260.º aniversário. E, por isso mesmo, as surpresas não se fizeram esperar. Em cima da mesa está uma nova linha de inspiração vintage que reuniu o consenso geral: chama-se Harmony e recupera um modelo dos anos 20. A Espiral do Tempo esteve com Juan-Carlos Torres, CEO da marca, para saber um pouco mais sobre a nova coleção e sobre este que é um ano com histórias para contar.

Artigo publicado no número 50 da Espiral do Tempo

O Salon International de la Haute Horlogerie 2015 (SIHH) teve lugar, como já é habitual, em Genebra, entre 19 e 23 de janeiro, e nele foram apresentadas as primeiras novidades do ano relojoeiro. Se falarmos em tendências muito gerais, podemos destacar o regresso das complicações acústicas, bem como uma certa presença de modelos de perfil mais clássico. No entanto, e decisivamente, a aposta em relógios de forma parece ser uma das tendências mais marcantes, com enfoque especial para os modelos de inspiração vintage. Nesta linha, a Vacheron Constantin foi um dos grandes destaques.

Juan-Carlos Torres, CEO Vacheron Constantin
Juan-Carlos Torres, CEO da Vacheron Constantin. © Vacheron Constantin

A marca celebra este ano o seu 260.º aniversário e a melhor maneira de imortalizar a efeméride foi precisamente com o lançamento de uma nova linha de relógios — à parte dos sempre tão aguardados modelos da coleção Métiers d’Art (este ano presta-se homenagem à gravação). Batizada Harmony, a nova linha conta, para já, com sete diferentes modelos que traduzem de forma muito especial todo o percurso da marca.

Para Juan-Carlos Torres, a força vital da Vacheron Constantin é aquela que foi transmitida pelo próprio Jean-Marc Vacheron, fundador da manufatura, em 1755. Uma força que se reflete numa «pressão para transmitir o conhecimento a cada dia». Sendo assim, o CEO da marca refere que «quer partilhar isto com o maior número possível de pessoas, com o maior número possível de clientes e, acima de tudo, com uma linguagem comum que passa pelos nossos produtos Harmony para o 260.º aniversário.»


O Harmony

Vacheron Constantin Cronógrafo 1928
O cronógrafo de 1928 que inspirou a nova linha Harmony da Vacheron Constantin. © Vacheron Constantin

A linha Harmony é uma série limitada de relógios que ostenta a chamada forma de ‘almofada’ (a tradução do inglês cushion ou do francês carré cambré), inspirada num dos primeiros cronógrafos de pulso da Vacheron Constantin, apresentado em 1928. Completamente reinventada, a nova caixa foi construída com base nos princípios da precisão, legibilidade e comodidade, numa estrutura que irradia simplicidade e, simultaneamente, sofisticação. «Os produtos do 260.º aniversário são um extraordinário exercício de design. Com efeito, nós começámos por desenvolver o design em simultâneo com o desenvolvimento da própria construção técnica. Acabámos por sentir mais dificuldade no design do que na tecnologia. O design tinha de ser perfeito, equilibrado e era essencial que cada forma tivesse reflexos, de modo a não haver agressão para esta forma de formas, para que esta escultura fosse bem vista e o seu volume bem sentido.»

Harmony Tourbillon Chronograph.
Harmony Tourbillon Chronograph Ref. 5100S/000P-B056. © Vacheron Constantin

Em causa está um conjunto de sete diferentes referências, todas distinguidas com o prestigiado Punção de Genebra e equipadas com novos calibres integralmente desenhados, desenvolvidos e fabricados pela Vacheron Constantin, se bem que uma das versões conta com a versão mais evoluída de um movimento de cronógrafo já existente. O cronógrafo surge como a complicação central na nova coleção, mas, em especial, o cronógrafo monopulsante. Neste sentido, três dos modelos inaugurais surpreendem com esta complicação: o cronógrafo Harmony Ultra-Thin Grande Complication, equipado com ponteiro dos segundos rattrapante que bate um novo recorde com o seu movimento automático ultraplano de apenas 5,20 mm (Calibre 3500); o cronógrafo Harmony Tourbillon que, como o próprio nome indica, é equipado com um turbilhão (movido pelo Calibre 3200 de carga manual); e o cronógrafo Harmony, que mantém uma clara semelhança com o modelo original e que dispõe de escala pulsométrica no mostrador. Equipado com o Calibre 3300 de corda manual, este foi claramente um dos modelos mais aclamados do Salão, juntando os elementos rétro da caixa e do mostrador a dimensões decididamente contemporâneas (42 mm x 52 mm, 12,81 mm de espessura). O cronógrafo Harmony é um modelo simbolicamente limitado a 260 exemplares numerados que não tiveram nenhum problema em ser rapidamente escoados. Refira-se ainda o cronógrafo Harmony de dimensões mais pequenas e dedicado aos pulsos femininos.

Harmony Dual Time
Harmony Dual Time Ref. 7805S/000G-B052 (à esq.); Harmony Dual Time Ref. 7810S/000G-B051. © Vacheron Constantin

A diferença, neste caso, assenta no facto de ser um modelo com dois botões (Calibre 1142 de corda manual). Por fim, destaque para um trio de relógios com duplo fuso horário (Calibre 2460 DT), com indicação do dia e da noite, em caixas de ouro branco e ouro rosa, que tem disponível uma elegante variante dedicada a senhoras.

Juan-Carlos Torres salienta que «todos os produtos do 260.º aniversário apresentam caraterísticas únicas, pequenos toques. A título de exemplo, uma parte da ponte é gravada, assim como o fundo, que é gravado, com um tipo de padrão que pode ser encontrado no fundo da caixa de um relógio do próprio Jean-Marc Vacheron de 1755.» Além disso, os novos modelos representaram «um trabalho de bastante complexidade, protagonizado por Christian Selmoni, diretor artístico, e por Vincent Kaufmann, diretor de design, na busca da quintessência da estética num modelo desafiante.»


O futuro

Os novos relógios Harmony foram muito bem recebidos pelo público presente no SIHH e têm dado muito que falar. E a verdade é que transmitem uma sensação de coerência, de identidade e de savoir-faire que não se encontra todos os dias. No pulso, os relógios assentam na perfeição e aquele misto de sofisticação e simplicidade resulta num modelo com identidade e marcadamente elegante. Como é óbvio, muito do sucesso da linha Harmony está associado à própria experiência e história da marca. Juan-Carlos Torres salienta que «uma vantagem da Vacheron Constantin é o facto de haver uma suave transmissão de conhecimento há 260 anos, pelo que é necessário encontrar ideias. As pessoas estão disponíveis e é necessário encontrar ideias.»

Mas em ano de celebração da história, há que contar com a adversidade e se a linha Harmony surge como uma ponte entre o passado e o presente, o que terá o CEO da Vacheron Constantin a dizer sobre o ano de 2015? Juan-Carlos Torres não hesita em expor o seu ponto de vista e conclui: «2015 será um ano difícil, porque irá testar toda a nossa história, em geral, e não estou apenas a falar da Vacheron Constantin. Eu penso que toda a democracia, todas as conquistas, todos os valores fundamentais serão discutidos. E acho que temos de ter o cuidado de não perder a direção. Considero que os nossos ancestrais e nós próprios levámos anos a construir alguma coisa. E acho que temos de nos lembrar das ideias verdadeiramente originais que fizeram da Europa aquilo que é hoje.» ET_simb

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