A.Lange & Söhne: três curiosidades que mostram que nenhum pormenor é fruto do acaso

Isto de deambular pelo Salon International de la Haute Horlogerie tem muito mais do que se lhe diga porque não se trata só de descobrir novidades, trata-se também de descobrir as novidades à nossa maneira e descobrir o que essas novidades nos podem contar. E foi o que aconteceu com a A.Lange & Söhne.

Ao entrarmos na photo booth da A. Lange & Söhne na edição de 2018 do Salon International de la Haute Horlogerie de Genève, que terminou na passada semana, tivemos uma surpresa. E das grandes! Para além das novidades da marca distribuídas por vários tabuleiros, estavam montados também dois postos de trabalho fotográficos totalmente equipados com luzes, bases e acrílicos para a difusão das luzes.

Dois pensamentos ocorreram-nos imediatamente:

1 – De facto, a marca alemã não deixa nenhum pormenor ao acaso. Não nos referimos apenas aos relógios, mas a tudo o que diga respeito ao trabalho dos jornalistas (e fotógrafos) que visitam o stand da marca;

2 – Seria possível pegar no Triple Split e desatar a correr salão fora até Lisboa?

Forçámo-nos a voltar à Terra! Deixemos lá o Triple Split que já não temos idade para correrias e estamos aqui para tirar fotos.

E lá começámos a fotografar as novidades da marca… Mas por pouco tempo. Forçámo-nos (novamente) a parar.

O motivo?

Muito simples: tínhamo-nos apercebido de que todos os relógios tinham a coroa para dentro e que, apesar disso, não estavam a trabalhar.

A. Lange & Söhne Triple Split, apresentado no SIHH 2018
A. Lange & Söhne Triple Split, apresentado no SIHH 2018. © Espiral do Tempo

Curioso. Principalmente tendo em conta que todos os relógios eram perfeitamente funcionais.

Questionámos a senhora que nos ia passando as peças para fotografar em relação a este ‘importante’ assunto e a sua resposta revelou-nos uma curiosidade acerca da abordagem da A. Lange & Söhne para com os relógios disponíveis para fotografar no SIHH: todos os relógios tinham o balanço bloqueado, o que impossibilita que trabalhem e, além disso, os movimentos estavam limpos de todos os óleos de lubrificação para que os mesmos não apareçam na fotografia!

Genial! Simplesmente genial toda esta atenção e cuidado.

A sala de fotografia da A. Lange & Söhne estava perfeitamente equipada, o balanço dos relógios estava bloqueado e os movimentos limpos de óleos: três pormenores que fizeram muita diferença para o trabalho de quem teve de captar imagens das peças.

Explicamos melhor: quando estamos a fotografar relógios, confrontamo-nos sempre com a velha questão dos componentes que, literalmente, não param quietos, tanto do lado do movimento, como da parte do mostrador. Para contornar essa questão e para que a fotografia fique perfeita, tendemos a puxar a coroa para forçar a paragem do movimento. Ora, a Lange facilitou-nos em muito o trabalho de fotografar as suas novidades – em especial o Triple Split, cujo movimento, além de ser tecnicamente brilhante, é avassalador ao olhar. Hipnotizante mesmo.

Quanto à nossa secreta tentação de virmos a correr até Lisboa com esse mesmo relógio na mão… teve de ser abandonada: afinal, de Genebra a Lisboa são 1885 km e… já não temos, de facto, idade para essas correrias – mesmo que a viagem seja feita de avião!

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