Três marcas, três propostas recentes para quem deseja um relógio distinto: o Cyrus Klepcys Dice Saffron, o Doxa Sub 300 B-Log e o Vulcain Skindiver Lagoon Ocarat.
A cadência de novidades não abrandou desde a Dubai Watch Week. Com a indústria relojoeira a tentar aproveitar o élan de vendas natalícias, todas as semanas há novos modelos a serem apresentados em catadupa e as tiragens limitadas têm-se multiplicado. Hoje focamo-nos em três modelos de marcas independentes lançados em edição especial.
Cyrus Klepcys Dice Saffron
Tendo em conta as várias marcas independentes de alta-relojoaria que estão frequentemente ‘na berra’ (como a MB&F, a De Bethune, a Urwerk ou a Akrivia), a Cyrus faz figura de parente discreto — e, no entanto, a jovem companhia fundada em 2010 e batizada em honra de um lendário conquistador persa também se apresenta num elevado patamar técnico e com uma estética modernista bem vincada, sob a batuta do galardoado mestre Jean-François Mojon. O cronógrafo Klepcys DICE é a prova provada de que a Cyrus está ao nível do que melhor se faz no âmbito da alta-relojoaria contemporânea.
Lançado em 2021, o Klepcys DICE (Double Independent Chronograph Evolution) foi então o primeiro cronógrafo mecânico duplo independente do mundo: pode cronometrar dois eventos não relacionados ao mesmo tempo, tendo sido inspirado pela escuderia de Formula 1 parceira da Cyrus, a Haas — como medir a diferença entre duas voltas do mesmo piloto. Vai muito para além da tradicional função rattrapante, que possibilita medir dois eventos simultaneamente, embora o ponto inicial no tempo deva ser o mesmo para ambos os eventos… algo que não é preciso no Klepcys DICE.
O novo Klepcys DICE Saffron introduz uma nova combinação cromática especialmente desportiva, combinando o cor-de-laranja com o verde-lima num espetacular mostrador open work. Cada cor está associada ao respetivo ponteiro central com leitura na correspondente escala na periferia e a uma das duas coroas funcionais que surgem em lados opostos (às 3 e às 9h) da caixa ergonómica de pendor geométrico. Tanto o formato da caixa em titânio de 42mm como as duas coroas constituem um elemento fundamental na identidade da Cyrus; no caso do cronógrafo Klepcys DICE, ambas as coroas incluem um botão monopulsante para as três funções cronográficas (start/stop/reset), enquanto a coroa da direita também serve para acertar as horas e dar corda manual ao Calibre CYR1718 de 443 componentes e 55 horas de reserva de corda. A edição Klepcys DICE Saffron está limitada a 100 exemplares — 50 com uma bracelete ultraleve em cordura (40.850 euros), 50 com a nova bracelete metálica integrada em titânio (42.500 euros).
Doxa Sub 300 B-Log
Pode dizer-se que a Doxa é uma marca de nicho que se tornou numa marca de culto para um público conhecedor muito específico, mas está cada vez mais a alargar a sua área de influência sob a batuta do experiente Jan Edocs — que assumiu o cargo de CEO em 2018. Foi fundada em 1889 e o seu trajeto secular começou pelos relógios de bolso até passar aos modelos de pulso com precisão cronométrica, para depois especializar em instrumentos de mergulho na década de 60. A partir daí, a sua identidade fixou-se nos tool watches e o catálogo apresenta atualmente cinco linhas com as respetivas ramificações: Sub 200, Sub 300, Sub 600, Sub 1500 e Sub 4000, todas elas destinadas ao mergulho e com diferentes índices de estanqueidade relacionadas com a respetiva nomenclatura. A linha Sub 300 é a mais emblemática e assume-se mesmo como ex-libris da coleção; após o Sub 300B Seddiqi Edition desvelado na Dubai Watch Week, a marca estendeu o conceito de luneta em cerâmica para a variante Sub 300 B-Log.
O Sub 300 clássico é uma representação historicamente fiel do icónico modelo original do mesmo nome que foi lançado em 1967 sob supervisão do oceanógrafo Jacques-Yves Cousteau. Com o Sub 300B (aka Sub 300 B-Log ou Sub 300 Beta), a Doxa proporciona aos seus aficionados um relógio ligeiramente mais delgado e com uma luneta preta em cerâmica que oferece um visual distinto da tradicional luneta graduada com escala dupla em aço. Também a coroa de rosca é confecionada em cerâmica. O mostrador é igualmente diferente, mais estilizado e com um subtil padrão ondulado que evoca a inspiração marítima da marca.
No que diz respeito às caraterísticas técnicas, o diâmetro do Sub 300B é o mesmo do Sub 300 ‘normal’, mas o comprimento entre a ponta das asas é mais curto 0,5mm (44,5mm em vez de 45mm); a diferença de volume nota-se mais claramente, com 11,95mm de espessura contra os 13,65mm habituais — muito devido à utilização de um vidro de safira plano em vez do caraterístico glassbox, mas também graças a uma luneta 0,5mm mais fina. Para contenção de custos e um preço ligeiramente mais baixo em cerca de 200 euros, o Calibre Sellita SW200-1 de corda automática não tem a certificação cronométrica COSC do Calibre ETA 2824-2 utilizado no Sub 300 tradicional. O Sub 300B está disponível com mostrador preto, pontuado com elementos em azul-claro, amarelo ou laranja, consoante a versão; bem como azul-escuro e branco com nuances no icónico tom laranja da marca. Uma palete que vai ao encontro de modelos fundamentais do catálogo e que apresentam as tonalidades Professional (laranja), Sharkhunter (preta), Searambler (prata), Caribbean (azul marinho), Divingstar (amarela) e Aquamarine (azul turquesa). O preço anda à volta dos 2.250 euros com bracelete de cauch FKM e 2.290 com bracelete metálica.
Vulcain Skindiver Laggon x Ocarat
Tal como a Doxa passou a ser definida pelos seus modelos de mergulho a partir de certa altura da sua história, também a Vulcain ganhou tanta notoriedade devido aos seus modelos dotados do alarme mecânico Cricket que quase passaram a ser a raison d’être da marca. Em fase de relançamento sob a batuta de Guillaume Laidet, a Vulcain tem aproveitado um capital de grande simpatia entre os colecionadores e está a recuperar paulatinamente o seu catálogo — não só com os inevitáveis modelos com alarme Cricket (incluindo o histórico Cricket Nautical de mergulho), mas também com relógios sem alarme inspirados em referências históricas. Como os cronógrafos e os relógios de mergulho.
É o caso do Nautique dos anos 60, relançado no início do presente ano sob a designação Skindiver Nautique e agora declinado numa nova variante em colaboração com a plataforma Ocarat. O Skindiver Nautique é um relógio de mergulho compacto em aço — com um diâmetro muito vintage de 38mm por 12,2mm de espessura, luneta rotativa unidirecional de 120 cliques, 200 metros de estanqueidade e motorizado por um Calibre ETA 2824 de corda automática. Está disponível com mostradores azul e preto no catálogo regular da Vulcain, conjugados com índices em tons creme/patina que acentuam a sua personalidade rétro.
Já a edição colaborativa com a Ocarat está limitada a 50 exemplares e apresenta um belo mostrador azul turquesa, combinado com uma correia em couro com textura que replica o efeito do carbono. Obviamente que, para além do estilo neo-vintage que satisfaz tanta gente e lhe dá um estilo intemporal, é a forte tonalidade turquesa — dita Lagoon — que se destaca numa série que pode ser adquirida através do site da Ocarat a um preço de 1.537,50 euros. Uma proposta deveras interessante e acessível.
