A Patek Philippe e a David Rosas inauguraram esta quinta-feira a primeira boutique da casa genebrina em Portugal. Situado no número 12D da avenida da Liberdade, em Lisboa, o novo espaço nasce de uma sólida parceria de longa data. Thierry Stern, presidente da marca, Pedro Rosas, diretor-geral da David Rosas, e Mario Gimenez, diretor-geral da marca na Península Ibérica, falaram com a Espiral do Tempo sobre esta nova etapa.
Por Cesarina Sousa e Miguel Seabra
Foi na avenida da Liberdade, em Lisboa, que a Patek Philippe e a David Rosas encontraram o lugar certo para acolher a primeira boutique da marca genebrina em Portugal e na Península Ibérica. Com cerca de 200 metros quadrados, num piso térreo que mantém a histórica fachada classicista do edifício original, o novo espaço está preparado para oferecer aos visitantes uma experiência que vai além do simples ato de comprar um relógio. E quem entrar pela discreta porta do número 12D da avenida da Liberdade, vai perceber o que isto quer dizer.
Thierry Stern, presidente da Patek Philippe, esteve em Lisboa para a inauguração da boutique, na passada quinta-feira, e explicou-nos, em entrevista, o conceito associado ao novo espaço quando o comparámos a uma embaixada da histórica manufatura: «Gosto do termo embaixada porque o ativo de uma boutique é precisamente a sensação de que se está num lugar como este para compreender a relojoaria e para passar um tempo bem passado. A ideia não é vir aqui apenas para comprar e ir embora, mas antes encontrar um ambiente diferente quando se chega. Aprende-se o mundo da Patek Philippe e desenvolve-se um conhecimento específico em relação à marca. Não se trata apenas de encontrar um lugar bonito, mas também de passar tempo com os colaboradores que irão receber o cliente, oferecendo uma bebida, por exemplo, ao mesmo tempo que explicam os detalhes do produto.»
A ideia foi criar um lugar de experiências e de vivências ancoradas em exclusivo na marca: «O facto de ser uma boutique apenas com relógios Patek Philippe acaba por ser melhor, porque o cliente sabe que ali vai aprender apenas sobre a Patek Philippe — sobre os mecanismos, a história e todas as outras referências diferentes. Numa boutique multimarca e experiência é diferente. Entra-se e é possível ver muitas outras bonitas marcas, mas não oferece a mesma sensação. Quando se vai a uma boutique Patek Philippe percebe-se a razão pela qual ali se está e sabe-se que vai aprender algo de novo. Mais do que vender, o meu objetivo principal é dar as boas-vindas ao nosso mundo. É nisto em que acredito. E espero que o cliente sinta da mesma forma.»
A primeira na Península Ibérica
Depois de cerca de dois anos desde o início do projeto, a boutique Patek Philippe ganhou vida enquanto primeira boutique da casa genebrina em Portugal e na Península Ibérica. Só um grupo restrito de cidades é que tem a possibilidade de contar com um ‘templo da marca’, mas para Thierry Stern não há margem para dúvidas: «começámos aqui porque confiamos muito no nosso parceiro. Temos 40 boas razões para isso. Trabalhamos juntos há quarenta anos e isso conta muito. Ter um parceiro forte é muito importante para mim, para todos nós. Podemos estar na melhor localização do mundo, mas se não for um bom parceiro, não avanço com uma boutique com ele. Para mim, é mais importante confiar, saber que há envolvimento, que tem entusiasmo e vontade de avançar e que podemos confiar a longo prazo. É aí que reside uma grande parte da escolha de fazer a boutique. Não me foco apenas nos números. Estou mais focado nas relações e no conhecimento do cliente. O parceiro conhece o cliente, porque está cá há muito tempo, porque faz parte.» Para qualquer aficionado da bela relojoaria, o espaço passará a ser um templo digno de peregrinação.
Apesar de existirem sempre pontos comuns entre os clientes Patek Philippe de todo o mundo, Thierry Stern destaca o cliente português como sendo muito conhecedor e mais aberto a pequenas mudanças, como uma cor diferente para a bracelete, por exemplo. «O cliente português gosta mesmo de usar o relógio, gosta de mudar pormenores e é muito envolvido. Além disso, tal como todos os clientes, não fica muito satisfeito por ter de esperar muito tempo por um relógio. Mas é um mercado muito conhecedor. Não devemos esquecer isso. Temos muitos colecionadores, talvez mais discretos, mas que conhecem muito bem a vertente ligada aos movimentos também. E é nesse aspeto que me foco bastante hoje em dia. Insisto para que todos falem sempre sobre o movimento e não se concentrem apenas no design. Somos relojoeiros, e talvez estejamos no topo porque temos os melhores movimentos e o mercado português sabe disso.»
Uma relação de longa data
Foi há cerca de quatro décadas que a Patek Philippe chegou a Portugal, pelas mãos da David Rosas, e a nova boutique representa o reforço de uma longa relação ancorada no respeito e admiração de parte a parte. Para Pedro Rosas, diretor-geral da representante da marca em Portugal, a Patek Philippe significa «paixão e emoção». E explicou-nos melhor: «desde o início que é o que sinto. Eu era muito novo e via a paixão que o meu pai [David Rosas] tinha pela Patek Philippe. É curioso porque quando ele decidiu começar a entrar no mercado do retalho do luxo (anteriormente estava ligado à confeção de joias), já tinha uma visão muito clara do que queria: contar com a melhor joalharia e a melhor relojoaria do mundo. Este sonho começou muitos anos antes. Por volta de 1940, o meu avô costumava passar longos períodos fora e, certo dia, durante uma conversa, sobre o relógio do meu avô e outras marcas, o meu pai perguntou qual era a melhor marca de relógios do mundo. Sem hesitar, o meu avô respondeu que era a Patek Philippe. Isto ficou-lhe na cabeça desde os seus 10 anos e ficou claro que algum dia ele teria de representar a Patek Philippe.»
E continua: «Mais tarde, como homem determinado e apaixonado que era, não hesitou em bater à porta da sede da marca, na Rue du Rhône, sem marcação. Entrou, explicou as suas ideias e defendeu as razões pelas quais o seu projeto era o melhor para a Patek Philippe. Estávamos em 1984. Três meses depois, os relógios Patek Philippe estavam orgulhosamente dispostos na nossa loja. A verdade é que o meu pai tinha tanto orgulho na marca e confiava tanto no produto que para ele era fácil vender. Era algo que gostava mesmo de fazer.» Com a abertura do novo templo, a ideia agora é elevar a imagem e visibilidade da Patek Philippe a novos patamares de excelência no nosso mercado e proporcionar uma experiência única ao cliente.
Um espaço à medida
A casa relojoeira apostou num espaço amplo e inovador, mantendo elementos identitários comuns a todas as boutiques, ao mesmo tempo que houve uma necessária adaptação ao contexto e ao país em causa. Mario Gimenez, diretor-geral da Patek Philippe na Península Ibérica, refere em comunicado que «[esta] boutique exclusiva representa a forte ligação que une a Patek Philippe a Lisboa há 25 anos; conseguimos o equilíbrio perfeito entre a solenidade suíça e o calor e a alegria portugueses; uma combinação que ganha o seu significado pelas mãos dos nossos clientes, os verdadeiros protagonistas deste espaço.»
A boutique foi projetada de modo a oferecer três ambientes diferentes que garantem uma experiência única a todos os clientes e visitantes, começando com um hall de entrada no qual estão dispostos, em vitrinas, alguns relógios da marca. Esse primeiro espaço conduz a um bar privado, sempre num ambiente acolhedor e descontraído, seguindo-se depois uma área principal com balcões individualizados para atendimento personalizado. Por fim, foi criada uma zona VIP, para que os mais apaixonados clientes possam desfrutar de um ambiente mais privado.
Um pouco por todo o lado, descobrem-se referências à marca, tanto no projeto global, que combina materiais como ácer Birdseye, pau-rosa indiano e latão com acabamento polido vintage, como em notas decorativas, nomeadamente, flores e apontamentos que evocam a ligação aos métiers d’art, uma vertente identitária da casa genebrina. Ali encontra-se ainda um quadro em relevo alusivo à sede, em Genebra, livros dedicados, entre diversos outros elementos. Em destaque, ainda, uma vitrina dedicada em exclusivo às correias para os relógios. Diversos espelhos, fotografias, ecrãs com vídeos sempre em funcionamento e uma iluminação quente e acolhedora completam o cenário.
Thierry Stern partilhou as suas primeiras impressões em relação ao espaço: «temos trabalhado muito ao longo dos anos para desenvolver uma nova estratégia que não passa por ter muitas boutiques, mas antes por selecionar os lugares certos para fazer a boutique certa. Não temos a ambição de ter a maior boutique no mercado, mas sim a melhor boutique. Quando estou aqui fico com uma boa impressão, como se estivesse num templo dedicado à relojoaria. É agradável, é bonito e evoca-me a Patek Philippe. É o mesmo que criar um relógio. Trata-se de qualidade, eficiência e do modo como se recebe as pessoas, porque também faz parte. Ter uma boutique bonita como esta é fantástico, mas também ter as pessoas certas também porque sem as pessoas certas não é uma boutique Patek Philippe.»
Templo ou embaixada, a Boutique Patek Philippe transporta para Lisboa o universo de uma marca incontornável na história da relojoaria. E o 12D da avenida da Liberdade passa a ser um endereço obrigatório para qualquer apaixonado pela arte relojoeira.
Entrevista completa a Thierry Stern a ser publicada em breve.