Prémio: cinco finalistas, cinco aliciantes projetos

Em fim de ano e após um processo que durou meses, está feita a seleção dos finalistas da segunda edição do Louis Vuitton Watch Prize for Independent Creatives. Qual dos cinco relógios escolhidos será considerado a melhor obra-prima e qual será o correspondente mestre relojoeiro consagrado?

O ano de 2025 foi bom para as marcas independentes — e ainda melhor para os mestres independentes, que viram o seu trabalho valorizado em leilões e longas listas de espera para a aquisição das suas criações. Philippe Dufour, François-Paul Journe, Kari Voutilainen e Rexhep Rexhepi são astros estabelecidos da galáxia relojoeira… mas quem serão os seus sucessores? Foi para descobrir a nova geração de criadores independentes que a Louis Vuitton estabeleceu o Louis Vuitton Watch Prize for Independent Creatives, dando a melhor sequência ao trabalho que tem desenvolvido no enquadramento da La Fabrique du Temps e na ressurreição das marcas Gerald Genta e Daniel Roth.

Imagem composta por duas partes. À esquerda, uma caixa de relógio da Louis Vuitton com um design elegante e clássico, contendo um troféu metálico em forma de espiral dentro. À direita, o troféu é mostrado em close-up, com suas curvas brilhantes e o texto gravado "Louis Vuitton Watch Prize for Independent Creatives 2024". O troféu tem um acabamento polido e moderno.
O troféu e o correspondente estojo/mala de viagem Louis Vuitton | Foto: Louis Vuitton

E a Louis Vuitton anunciou os cinco finalistas da segunda edição do seu certame, cuja edição inaugural foi ganha por Raul Pagès. «Desde o lançamento do Louis Vuitton Watch Prize for Independent Creatives, a nossa admiração pelo dinamismo da relojoaria independente só tem crescido. São artesãos que criam relógios verdadeiramente audazes, unindo um domínio técnico extraordinário à ousadia de desafiar as convenções e alargando os limites do possível. Ao celebrarmos os finalistas deste ano, quero também agradecer a toda a comunidade relojoeira pelo entusiasmo e apoio a esta iniciativa. Gostaria também de estender a minha gratidão aos membros do comité de especialistas. O futuro parece promissor e estamos ansiosos para ver o que vem aí», referiu Jean Arnault, o responsável de relojoaria da Louis Vuitton e das marcas associadas à La Fabrique du Temps (Gerald Genta e Daniel Roth).

Dubai Watch Week 2023
Rexhep Rexhepi, Jean Arnault, Nick Foulkes e Wei Koh na apresentação do concurso na Dubai Watch Week de 2023 | Miguel Seabra/Espiral do Tempo

Foram muitos, os concorrentes para a segunda edição do Louis Vuitton Watch Prize for Independent Creatives. A organização recebeu um número significativo de candidaturas de todo o mundo — com o Comité de Peritos, composto por 65 elementos (entusiastas de relógios, representantes da indústria e colecionadores de todo o mundo) a escolherem primeiramente 20 semifinalistas e depois os cinco finalistas segundo cinco critérios: Design, Criatividade, Inovação, Artesanato e Complexidade Técnica.

Michel Navas e Enrico Barbasini, fundadores da La Fabrique du Temps agora integrada na Louis Vuitton | Foto: LVMH
Michel Navas e Enrico Barbasini, os mestres fundadores da La Fabrique du Temps agora integrada na Louis Vuitton | Foto: LVMH

O vencedor será anunciado numa cerimónia de gala a decorrer no próximo dia 24 de março e o prémio inclui uma bolsa de 150.000 euros — bem como um ano de mentoria personalizada para o projeto criativo, ministrada por especialistas da La Fabrique du Temps e da Louis Vuitton. Eis os cinco finalistas da edição 2025-2026 do Louis Vuitton Watch Prize for Independent Creatives, com destaque para três concorrentes asiáticos (dois japoneses e um chinês):

Beauties Of Nature

Daizoh Makihara Watchcraft Japan; Daizoh Makihara, relojoeiro independente desde 2017.

Imagem dividida em duas partes: à esquerda, uma fotografia em preto e branco de Daizoh Makihara, finalista do prémio de relógios de 2025-2026, com um fundo cinza e a legenda "Daizoh Makihara Finalist 2025-2026". À direita, um close-up de um relógio elaborado com detalhes florais e mecânicos, exibindo flores em tons de rosa e dourado, além de pequenos pássaros e componentes de relojoaria expostos, com uma pulseira de couro castanho. Daizoh Makihara (Daizoh Makihara Watchkraft Japan Beauties of Nature)

O Beauties of Nature do nipónico Daizoh Makihara é uma pièce unique que apresenta um mecanismo com pétalas que abrem e fecham, operando em duas escalas de tempo: um mostrador de 24 horas às 10 horas e um mostrador de 12 horas às 2 horas, cada qual operando de acordo com o seu respetivo ciclo e fechando em intervalos predefinidos. O Calibre DM 02 de corda manual incorpora uma fase da lua perpétua com uma precisão de somente um dia de erro em 122 anos. Numa estreia mundial, o mostrador foi confecionado com a técnica tradicional japonesa de lapidação de vidro denominada Edo Kiriko, e retrata o quadro ‘Olho Branco e Flores de Cerejeira’ com padrões de folhas de cânhamo gravados à mão tanto no mostrador como no fundo. A caixa em ouro branco mede 42mm de diâmetro e o movimento de 25 rubis funciona a 18.000 vibrações por hora.

"Fundo de um relógio de luxo mostrando um mecanismo complexo com engrenagens, pedras preciosas (rubis) e detalhes de cobre. O design é elegante e a pulseira é de couro escuro."

«Enquanto estudante que estava a descobrir a relojoaria, percebi que queria criar relógios que refletissem a minha própria visão — e construir uma ponte entre o Japão e o artesanato tradicional», diz Daizoh Makihara.

Möbius

Fam Al Hut; Xinyan Dai, relojoeiro independente desde 2024.

Imagem dividida em duas partes: à esquerda, uma fotografia em preto e branco de Xinyan Dai, finalista do prémio de relógios de 2025-2026, com um fundo cinza e a legenda "Xinyan Dai Finalist 2025-2026". À direita, um close-up de um relógio sofisticado e detalhado, exibindo uma complexa estrutura mecânica com componentes visíveis, como engrenagens e molas, num design futurista e elegante.

Alimentado por um movimento de corda manual, o Möbius apresenta o turbilhão biaxial mais compacto concebido até à data e valeu ao relojoeiro chinês Xinyan Dai e à sua marca Fam Al Hut um galardão no Grand Prix d’Horlogerie de Genève deste ano (o Prémio da Audácia). Batizado em homenagem ao laço infinito que define a sua estrutura, combina paradoxo e poesia: uma metade alberga uma gaiola de turbilhão em forma de Möbius que gira em dois eixos, enquanto a outra apresenta, em vez de um mostrador tradicional, uma combinação original de indicadores retrógrados duplos e um mecanismo de horas saltantes — uma inovação na relojoaria. Com compactas medidas de 42,2mm por 24,3mm, a arquitetura da caixa sem asas requer mais de 200 horas de trabalho artesanal.

Vista inferior de um relógio mecânico com caixa metálica, fundo aberto em formato orgânico e engrenagens visíveis, sobre fundo preto.

«Após tantos anos a estudar e a trabalhar na Europa e a testemunhar inúmeros milagres na relojoaria, senti um apelo para criar algo meu — a Fam al Hut une a tradição e o futuro», sublinha Xinyan Dai, que também ganhou um prémio de design na edição deste ano da Dubai Watch Week.

School Watch

Hazemann & Monnin; Victor Monnin e Alexandre Hazemann, relojoeiros independentes desde 2024.

Fotografia a preto e branco com duas pessoas sorrindo, Victor Monnin (à esquerda) e Alexandre Hazemann (à direita), ambos vestidos com fatos de trabalho. Na parte inferior da imagem, o texto "Victor Monnin & Alexandre Hazemann Finalist 2025-2026". À direita da imagem, vê-se um relógio de luxo com mostrador detalhado, inclinação para um design inovador e uma pulseira verde.

Numa homenagem à lendária escola de relojoaria de Morteau, onde tantos relojoeiros se encontraram, o School Watch é uma nova interpretação do relógio escolar da dupla Hazemann & Monnin — apresentando uma caixa de 39,5 mm e o Calibre HM01, um movimento concebido, fabricado e finalizado internamente, sem depender de qualquer base mecânica existente. O Calibre HM01 exibe duas complicações raras em perfeita sincronia: uma badalada que toca a cada hora e uma hora saltante instantânea; juntas, as duas complicações criam uma coreografia mecânica precisa e poética.

Relógio mecânico visto de lado e por trás, com o movimento exposto, caixa metálica polida e bracelete de couro castanho, sobre fundo preto.

«A Hazemann & Monnin nasceu de uma longa amizade e de uma paixão partilhada pela alta relojoaria – unidas pelo desejo de criar relógios com verdadeiras complicações», dizem os jovens mestres Victor Monnin e Alexandre Hazemann.

CIC 39mm Racing Green

Lederer; Bernhard Lederer, relojoeiro independente desde 1985.

A imagem é dividida em duas partes. À esquerda, uma foto de Bernhard Lederer, um dos finalistas do "Louis Vuitton Watch Prize for Independent Creatives" para 2025-2026, sorrindo e vestindo uma camisa estampada e um blazer preto. À direita, um close-up de um relógio com mostrador verde e detalhes dourados, incluindo um tourbillon visível e uma bracelete de couro castanho. Bernhard Lederer Lederer CIC Racing Green)

O Lederer CIC 39 Racing Green do consagrado mestre alemão Bernhard Lederer apresenta o primeiro escape de dupla retenção totalmente funcional num relógio de pulso, com um movimento de escape duplo e remontoirs d’égalité duplos para uma transmissão constante de energia. Visível através do fundo transparente da caixa, o movimento de 212 componentes revela trens de engrenagens duplos e mecanismos de força constante, enquanto o seu mostrador fosco e lixado exibe o seu escape patenteado e submostradores sobrepostos com segundos invertidos. A caixa de 39mm do CIC (Central Impulse Chronometer) tem 10,75mm de espessura e o movimento com certificação COSC é 98% fabricado internamente.

O Lederer Central Impulse Chronometer 39 com mostrador em tom azul | Fotos: Miguel Seabra/Espiral do Tempo

«A Lederer nasceu de uma busca silenciosa, mas incansável, para compreender e aperfeiçoar a cronometragem mecânica, revelando a beleza de uma arte que está no coração da verdadeira relojoaria», diz Bernhard Lederer, que já ganhou anteriormente um Prémio de Inovação no Grand Prix d’Horlogerie de Genève de 2021.

Fading Hours

Quiet Club; Norifumi Seki, relojoeiro independente desde 2024.

Imagem dividida em duas partes: à esquerda, uma fotografia em preto e branco de Norifumi Seki, finalista do prémio de relógios de 2025-2026, com um fundo cinza e a legenda "Norifumi Seki Finalist 2025-2026". À direita, um close-up de um relógio minimalista com um mostrador simples, dividindo-o em duas seções, com um design moderno e elegante, e uma pulseira de couro azul escuro. Norifumi Seki (Quiet Club Fading Hours)

Concebido e fabricado artesanalmente em Tóquio, o Fading Hours apresenta um movimento mecânico produzido quase inteiramente in-house e um alarme inédito com um martelo montado verticalmente que golpeia o próprio mostrador para produzir som. Tal operação é executada através de um único botão que controla todas as funções do alarme, enquanto uma luneta rotativa ajusta a hora do alarme; quando não está a ser utilizada essa função, os ponteiros da hora e dos minutos do alarme permanecem ocultos atrás dos ponteiros principais. A caixa de titânio de 40mm mede 44mm lug-to-lug e tem somente 12mm de espessura; o movimento de carga manual oferece uma autonomia de 50 horas.

Vista traseira de um relógio mecânico com o movimento à vista, mostrando engrenagens douradas, rubis e componentes de precisão, preso a uma bracelete de couro preta sobre fundo escuro. Norifumi Seki (Quiet Club Fading Hours)

«Acreditamos que a tradição da relojoaria não se resume apenas ao artesanato refinado, mas também ao espírito de invenção — criando novas mecânicas que respondam às necessidades do dia-a-dia», diz o japonês Norifumi Seki.

A decisão

No próximo dia 24 de março de 2026, os cinco finalistas apresentarão os seus projetos/relógios a um painel de jurados na Fundação Louis Vuitton, em Paris. Os cinco jurados da edição 2025-2026 do Louis Vuitton Watch Prize for Independent Creatives foram nomeados pelos seus pares do Comité de Peritos e são Carole Forestier-Kasapi, a Diretora de Alta Relojoaria e Estratégia de Movimentos da TAG Heuer que também será presidente do júri, o jornalista Frank Geelen, fundador e editor-chefe da Monochrome Watches, Matthieu Hegi, Diretor Artístico da La Fabrique du Temps Louis Vuitton, o aficionado François-Xavier Overstake, fundador e editor da plataforma Equation du Temps, e Kari Voutilainen, mestre relojoeiro e proprietário do atelier Voutilainen.

Imagem composta por cinco relógios de luxo dispostos lado a lado, cada um com um design distinto. Os relógios são diferentes em estilo e materiais, incluindo mostradores com detalhes intrincados e complicações mecânicas visíveis. Cada relógio tem um estilo próprio, variando de modelos mais clássicos a designs mais modernos e inovadores. Todos possuem braceletes de couro em diferentes tons, e a imagem tem fundo preto para destacar os relógios.

Promotora do certame, a Louis Vuitton (fundada em 1858) começou a confecionar relógios em 2002 com o lançamento do Tambour e, desde então, tem procurado constantemente a excelência numa área que ressoa fortemente com a paixão da maison parisiense pelas viagens. Em outubro de 2014, inaugurou a sua nova manufatura de relógios, uma infrastrutura de última geração na vanguarda da criatividade e da tecnologia para relógios inovadores, em Meyrin, na Suíça.

O hall de entrada da La Fabrique du Temps | Foto: Miguel Seabra/Espiral do Tempo
O hall de entrada da La Fabrique du Temps | Foto: Miguel Seabra/Espiral do Tempo

A Fabrique du Temps — literalmente ‘a fábrica do tempo’ — alberga todas as diferentes competências especializadas necessárias para o fabrico dos relógios Louis Vuitton e dispõe de 4.000 metros quadrados de espaço aberto e luminoso, equipado com ferramentas artesanais tradicionais e as mais recentes tecnologias digitais. É também lá que se confecionam os relógios com a assinatura Gerald Genta e Daniel Roth.

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