Para celebrar o 70.º aniversário da British North Greenland Expedition, a Tudor apresentou, em Londres, o novo Ranger que evoca o espírito associado à expedição. Com caixa de 39mm, o relógio está equipado com um calibre automático de manufatura e volta a surpreender pelo preço competitivo. Na prática, trata-se do renascimento de um modelo que faz há muito parte da história da marca suíça.
Em Londres | Foi no passado dia 8 de julho, em Londres, que a Tudor celebrou o 70.º aniversário da British North Greenland Expedition, uma missão científica que arrancou das margens do rio Tamisa precisamente a 8 de julho de 1952 e se prolongou durante dois anos com o objetivo de estudar os lençóis de gelo da Gronelândia. A razão pela qual a Tudor celebra as sete décadas desta missão está naturalmente relacionada com os relógios da marca: os membros da expedição estavam equipados com o Oyster Prince, o primeiro Tudor estanque com movimento de corda automática. Foi assim, com estes relógios, que cientistas e marinheiros britânicos terão conduzido levantamentos glaciológicos e sísmicos aprofundados em vários locais. E, na altura, a marca solicitou mesmo que fossem recolhidos dados de desempenho em condições extremas sobre os 30 exemplares da missão. Depois do North Flag ter nascido, há uns anos, inspirado na British North Greenland Expedition, a Tudor volta a evocar esta expedição prestando homenagem ao espírito aventureiro dos seus protagonistas com o lançamento de mais uma novidade para o pulso que não é completamente nova em termos de história: chama-se Ranger o novo relógio e tem um preço muito competitivo.
A história de um nome
O nome Ranger não foi escolhido ao acaso para a nova linha e também não está ligado à expedição em si. De facto, os relógios usados pelos membros da missão não se chamavam Ranger, como já vimos, nem tinham essa designação no seu mostrador. Segundo a Tudor, teremos de recuar até 1929 para descobrir o registo do nome ‘Ranger’ por Hans Wilsdorf, fundador da marca, que pretendia traduzir o caráter aventureiro de diferentes relógios da Tudor, independentemente da coleção. Porém, foi só em 1960 que surgiu uma estética de relógio associada ao nome Ranger que passava por grandes algarismos árabes às 3 (nos modelos sem data), 6 e 9 horas com revestimento luminescente e por ponteiros com um design específico em forma de seta. Ao longo dos tempos, foram lançadas diversas variações deste modelo e, em 1973, a marca apresentou o Ranger II, uma variante do Ranger com design integrado.
Em 2014, o Ranger renasceu enquanto linhagem Heritage Ranger, com caixa de 41mm e a inscrição «Self-Winding» em disposição smiley-face que passou a estar associada aos modelos da marca sem calibres de manufatura e que se descobre também em modelos vintage da marca. Foi porém descontinuada há uns anos. O regresso do nome Ranger, agora em 2022, significa várias coisas novas – um tamanho mais versátil, um movimento de manufatura, melhorias técnicas e o (re)assumir do nome Ranger no mostrador – e outras que se mantiveram: o espírito aventureiro associado ao seu nome, as linhas bem marcadas e o facto de ser um tool watch acessível, como sempre foi.
Tudor Ranger
Embora o Ranger propriamente dito não tivesse participado na expedição, as diversas gerações que foram depois criadas acabaram por traduzir o conceito associado aos relógios que foram usados entre 1952 e 1954, enquanto modelos robustos práticos e acessíveis. E esta foi a razão pela qual o Ranger renasce em 2022 numa nova linhagem. O relógio segue os padrões estéticos que marcaram a história do Ranger, nomeadamente algarismos árabes de grandes dimensões, e segue o mesmo perfil e dimensão de caixa que a marca já tinha apostado no Black Bay 58. Na prática, temos assim um relógio em aço de 39mm de diâmetro, com acabamento escovado a alguns apontamentos polidos; já o mostrador, em preto mate, tem um acabamento texturado que salienta o formato e luminescência dos numerais e indexes. Os ponteiros, em forma de seta arredondada para as horas e angulares para os minutos, são próprios da estética do Ranger, mas são complementados por um ponteiro dos segundos com extremidade bordeaux – uma novidade, portanto. Por outro lado, temos uma luneta em aço escovado, fundo aparafusado em aço e coroa adornada com o logótipo Tudor em forma de rosa. Este conjunto garante uma estanqueidade até 100 metros.
Para dar vida ao novo Ranger, a marca recorreu ao Calibre MT5402 manufaturado pela Kenissi com certificação COSC, espiral de silício e reserva de marcha de 70 horas – o mesmo movimento usado no Black Bay 58. Por isso, a inscrição «Rotor Self-Winding» em disposição smiley-face desaparece do mostrador Ranger para dar lugar ao efetivo nome do relógio numa disposição em linha reta que se via em modelos mais antigos.
O novo Tudor Ranger está disponível em três versões: com bracelete de tecido Jacquard verde-azeitona com faixas vermelhas e beges; com correia híbrida em borracha e pele com costuras bege e fecho de báscula; e bracelete em aço com um sistema de ajuste rápido que não necessita de ferramentas e possibilita cinco posições diferentes, permitindo um ajuste preciso e instantâneo até 8mm do comprimento da bracelete. A bracelete em aço é um forte argumento e distingue-se por ter uma peça de integração entre asas, ao contrário da bracelete em aço da geração anterior do Ranger — de inspiração vintage, com espaço entre a bracelete e a caixa.
As nossas impressões
A Espiral do Tempo esteve presente no evento de apresentação do novo Tudor Ranger e esta novidade parece-nos um concentrado muito apelativo, surgindo como um relógio com pedigree que renasceu para os tempos contemporâneos sem abdicar das características que mais o identificam.
O novo diâmetro é versátil e equilibrado e as diferentes opções de bracelete um verdadeiro convite à indecisão, afinal todas elas resultam e garantem uma cara diferente a um relógio com muito para ser bem recebido. Podem dizer que o seu espírito de tool watch está lá, que o toque de aventura também se faz ver e podem ainda complementar com os apontamentos marcados no mostrador que não o deixam ser um relógio propriamente discreto, mas a verdade é que o novo Ranger serve à sua maneira os mais diferentes propósitos, combinando com as mais diversas situações da nossa vida.
Quem tem predileção por exemplares mais antigos vai obviamente perceber que se trata de um relógio novo que chama outros tempos, mas sem ter a pretensão de parecer efetivamente antigo. E isso é positivo. Não há fingimento, apenas inspiração. Mas esse é território que a Tudor já domina muito bem.
Por fim, não queremos, para já, fazer comparações com outras possibilidades (mais ou menos acessíveis) e sim apenas destacar o óbvio: um prático e robusto relógio de 39mm em aço, melhorado tecnicamente, com identidade forte e simples, uma dimensão histórica acrescida e um movimento automático de manufatura já com alguma testagem em vida real, por um preço que começa nos 2.630 euros (correia em pele e bracelete de tecido) e termina nos 2.930 euros para o modelo com bracelete metálica. Depois, é uma questão de gosto e das possíveis saudades do ‘sorriso’ que se via no modelo anterior. Só que essa é outra questão.
Características técnicas
Tudor
Ranger
Ano de lançamento | 2022
Referência | 79950
Movimento | Mecânico de corda automática. Calibre de Manufatura MT5402 (COSC). 70h de reserva de corda. 28.800 alt/h. 27 rubis.
Funções | Horas, minutos e segundos.
Caixa ø 39 mm | Aço com acabamento acetinado. Vidro de safira côncavo. Coroa de rosca. Estanque até 100 metros.
Bracelete | Aço com três elos, fecho desdobrável e fecho de segurança TUDOR “T-fit”; híbrida em borracha e pele com fecho desdobrável e fecho de segurança em aço; ou em tecido verde com faixas vermelhas e beges com fivela.
Preço | Bracelete em aço: 2.930€; Bracelete híbrida: 2.630€; Bracelete em tecido: 2.630€
Visite o site oficial da Tudor para mais informações.