A propósito do Dia Internacional da Mulher

Para assinalar o Dia Internacional da Mulher, a celebrar no dia 8 de março, recordamos hoje três histórias ligadas ao mundo dos relógios que têm mulheres como protagonistas. Para redescobrir sempre.

The Story Of The Radium Girls

Jovens americanas sentadas a pintar mostradores com tinta à base de rádio.
As jovens que ficaram conhecidas como ‘Radium Girls’ tinham com função pintar os indexes de mostradores para relógios com tinta à base de rádio.

Seja em livro, filme ou documentário, a história das Radium Girls merece ser sempre recordada. No início do século XX, com a Primeira Guerra Mundial em curso, várias empresas norte-americanas especializadas na aplicação de tinta luminescente — uma inovação na época — nos mostradores de relógios começavam a expandir-se de forma significativa. O processo de aplicação da tinta era realizado por centenas de jovens, que utilizavam a designada técnica de lip-pointing: afiavam os pincéis com os lábios para garantir a máxima precisão na aplicação da tinta nos indexes.

Sem estarem a par dos riscos das suas funções e tendo em conta que os efeitos nocivos daquela tinta à base rádio ainda não eram propriamente conhecidos, as jovens manipulavam todos os dias e com entusiasmo uma substância altamente perigosa que era, inclusive, considerada milagrosa. Quantos mais mostradores pintassem, mais dinheiro levavam para casa. Porém, como tempo, a realidade começou a mudar quando as jovens começaram a sentir na própria pele e nos seus corpos, as consequências devastadoras da exposição àquele elemento.

A luta destas mulheres pela justiça enfrentou interesses corporativos poderosos e tornou-se um marco na defesa dos direitos dos trabalhadores e na regulamentação da segurança industrial.

Rebecca Struthers

Rebecca Struthers: a primeira relojoeira da história britânica a obter um doutoramento em relojoaria. | Foto: Struthers Watchmakers

Considerada como uma das maiores especialistas no mundo em relojoaria, Rebecca Struthers foi a primeira pessoa a doutorar-se nesta área muito específica. Com o seu marido, gere a Struthers Watchmakers, um pequeno atelier em Birmingham, Inglaterra, que se revela uma verdadeira viagem no tempo. Nele, concebe peças únicas de raiz e recupera obras-primas complicadas. Como se fazia antigamente.

Recentemente lançou o livro Hands of Time, uma obra de leitura obrigatória que nos mostra a história do tempo numa perspetiva pessoal que tem como fio condutor o contexto histórico da relojoaria inglesa e o seu enquadramento e importância no contexto global da relojoaria. Mais do que uma história, é uma reflexão sobre o mundo dos relógios, uma introspeção, uma partilha cativante sob o ponto de viste da alguém que acredita bem na importância de seguirmos o caminho que queremos seguir.

O mundo encantado de Brittany Nicole Cox

Brittany Nicole Cox é uma relojoeira americana especializada no restauro e conservação de relógios antigos, autómatos, caixas de música, relógios complicados, etc. e uma das poucas pessoas especializadas no estudo da ciência e arte da medição do tempo. Michael Culyba, realizador de Keeper of Time, considera que a visita ao atelier desta especialista americana lhe tocou muito: «Uma das minhas partes favoritas do filme é a visita ao atelier de Brittany Nicole Cox, no momento em que é apresentado o cisne prateado. Se pensarmos que esse cisne foi feito em 1773, ainda sem eletricidade, durante o dia ou à luz das velas, com máquinas com pedais ou tudo à mão, é surpreendente! Além disso, são objetos que resistem ao teste do tempo». Estas palavras mostram bem o mundo encantado ao qual todos os dias Britanny Cox se dedica.

E continua: «Alguém pode restaurar o cisne e, passados 200 e tal anos, ainda funciona. Este lado fascinou-me imenso: num mundo de obsolescência, em que deitamos fora computadores, telemóveis poucos anos depois, tornando-se lixo, estes objetos são reparáveis e bonitos, mantêm o seu valor, e vale a pena serem guardados e serem passados a gerações futuras. Em última análise, se forem preservados, duram. Carregam consigo este significado mais profundo.»

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