A Credor é a mais refinada marca pertencente ao portefólio da Seiko e teve um relógio assinado por Gerald Genta no final da década de 70. O estiloso Credor Locomotive está de regresso com um mostrador verde para se juntar à coleção permanente.
A década de 70 foi revolucionária a todos os níveis, desde a vertente social até ao plano científico — sem esquecer a indústria relojoeira, tanto afetada pela chamada crise do quartzo e influenciada pelo design integrado. E o grande apóstolo do design integrado que tanto contribuiu para o advento do relógio moderno foi o incontornável Gerald Genta.
Extremamente profícuo, Gerald Genta assinou a estética de alguns dos mais emblemáticos relógios de pulso na história da relojoaria e que continuam a ser extremamente cobiçados meio século depois… como o Royal Oak da Audemars Piguet, o Nautilus da Patek Philippe e o Ingenieur da IWC. No entanto, para lá desse triunvirato e muito além das fronteiras suíças, também foi o autor do design de um peculiar relógio japonês de uma marca de gama alta pertencente à Seiko: o Locomotive, da Credor.
Gerald Genta viajava frequentemente para o Japão e estabeleceu laços de amizade com Reijiro Hattori, então líder da Seiko. O convite para um relógio que traduzisse bem o espírito da altura foi inevitável e, no seguimento da estreia da Credor enquanto marca complementar da Grand Seiko no segmento de alta-relojoaria em 1974, Gerald Genta propôs em 1978 um sketch com múltiplas soluções estéticas que se tornaram na sua imagem de marca. O Locomotive foi lançado em 1979 com uma caixa de forma, parafusos protagonistas, coroa descentrada e bracelete metálica. E foi relançado o ano passado, numa edição comemorativa em titânio com mostrador preto radial e limitada a 300 exemplares. O Locomotive Ref. GCCR997 de mostrador verde agora colocado à venda passa a integrar o catálogo regular da marca nipónica.
A estrutura
O ressurgimento algo inesperado do Locomotive, embora compreensível atendendo à fama de Gerald Genta e à loucura do design integrado que se tem vivido na relojoaria desde o final da década passada, deu que falar em 2024 — mas sobretudo pela estética peculiar, com uma caixa de forma (e ‘de forma’ significa aqui ‘não redonda’) bem ao gosto do lendário designer mas menos consensual do que as do Royal Oak ou do Nautilus.
É, de facto, um relógio diferente… mesmo que os seus elementos de estilo pertençam claramente à tipologia ‘Gentiana’ declaradamente geométrica. Trata-se de uma caixa hexagonal arredondada, com a coroa descaída para as 4 horas (uma solução muito utilizada nos tool watches da Seiko) e uma luneta hexagonal adornada com seis parafusos hexagonais que são funcionais.
Mas o visual sui generis acabou por abafar a qualidade global do conjunto. Porque a qualidade dos materiais é superlativa e o nível de acabamento é sofisticado. Essas valências da edição limitada de 2024 mantêm-se no modelo de produção regular agora lançado em 2025, apesar de serem aplicadas a um rosto bem distinto. No que diz respeito à estrutura, mantiveram-se as dimensões (38,8mm de diâmetro por 8,9mm de espessura) e a escolha pelo titânio de alta intensidade com acabamento alternadamente escovado e espelhado. A coroa de rosca às 4 horas contribui para uma estanquidade de 100 metros.
A bracelete em titânio com fecho de báscula inclui pequenos elos de ligação que reforçam a temática hexagonal, embora a ligação à caixa faça com que o relógio não seja propriamente típico do design integrado — porque a acoplagem é feita a partir de uma única peça às 6 horas. Ou seja, o Locomotive de Gerald Genta é um relógio-bracelete e não propriamente um relógio de estética integrada.
O mostrador
É sobretudo no mostrador que reside a diferença entre o Locomotive comemorativo dos 50 anos da Credor e o Locomotive GCCR997 deste ano. Mesmo que a configuração de três ponteiros com data e a tipografia sejam as mesmas, a compleição é bem diferente — com a adoção de um atraente padrão alveolado e uma bela tonalidade verde, que se diz ser inspirada pelos sinais verdes do sistema ferroviário… embora pareça ser um verde demasiado escuro para que isso seja evidente.
O padrão alveolado do mostrador é salientado por um fino delinear dos hexágonos e a alternância entre dois tons de verde escuro. Os índices preenchidos com Super-LumiNova e o caixilho da janela da data são impecavelmente confecionados e polidos. Trata-se de um mostrador de qualidade excecional.
O movimento
O Locomotive GCCR997 locomove-se graças ao Calibre CR01, um movimento exclusivo desenvolvido para a Credor a partir do Calibre 6L35 da Seiko. Trata-se de um movimento automático preciso e fiável, com 45 horas de reserva de carga e que foi melhorado substancialmente para estar à altura da circunstância e da herança histórica do modelo originalmente assinado por Gerald Genta. Mas, como no original, o fundo é sólido e o Calibre CR01 não pode ser apreciado a partir do exterior…
O preço de um relógio de excelente qualidade, com história e um visual excêntrico? 14.500 euros. A mais recente versão do elo perdido — ou, pelo menos, mais desconhecido — de Gerald Genta está disponível a partir do próximo mês de maio.
Algumas caraterísticas técnicas:
Credor
Locomotive
Referência | Ref. GCCR997
Ano de lançamento | 2025
Movimento | Calibre CR01 de corda automática. 28.800 alternâncias/h, 45 horas de reserva de marcha.
Mostrador | Verde em dois tons com padrão alveolado, índices horários aplicados e janela para a data com caixilho
Funções | Horas, minutos, segundos e data
Caixa Ø 38,8mm | Titânio escovado e polido. Estanque até 100 metros. Vidro de safira com tratamento antirreflexo. Espessura de 8,9mm.
Bracelete | Titânio escovado e polido; fecho de báscula com três lâminas.
Preço anunciado | 14.500 €
