Em Basileia | A Tudor arriscou transformar um seu antigo protótipo num modelo de produção em série. A ousadia foi recompensada: o polarizante Black Bay P01 não só veio suscitar debate como ainda valeu à marca mais um triunfo no Grand Prix d’Horlogerie de Genève. Depois de termos apresentado o relógio há uns meses, no âmbito do seu lançamento em Baselworld, tivemos agora a oportunidade de o ter em mãos e de o fotografar em pormenor.
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A Tudor surpreendeu em 2019 com o lançamento daquele que será o mais arrojado relógio da sua história, catapultando para o catálogo regular uma reinterpretação de um antigo protótipo idealizado para equipar forças militares de elite. Tal como a sua sister company Rolex, a Tudor sempre se caraterizou por produtos sólidos que respeitassem a consistência de um ideal há muito estabelecido; no entanto, e logo no dealbar da presente década, tem apresentado uma maior liberdade de soluções técnicas e estéticas — desde as já famosas braceletes têxteis produzidas numa tecelagem secular em St. Étienne até ao geométrico modelo North Flag, que em 2015 estreou o novo movimento de manufatura que agora é o esteio da coleção. O Black Bay P01 vai mais longe do que tudo na sua ousadia estilística: trata-se de um modelo de caraterísticas concetuais ou experimentais produzido em série para estar disponível ao público, mas que não é para todos devido ao seu formato peculiar e à especificidade técnica associada ao mergulho. Além de ser aparentemente um relógio ‘fora do baralho’, a assimetria da caixa e o sistema de bloqueio da luneta transformaram instantaneamente o Black Bay P01 num modelo de culto. Precisamente por ser diferente e por suscitar controvérsia. No entanto, essa diferença não é fútil: o perfil singular está diretamente relacionado com a sua funcionalidade. E mesmo que a maior parte dos aficionados não precise de acionar essa funcionalidade da luneta no dia a dia, não há dúvida de que se trata de um relógio com uma presença única no pulso. O Black Bay P01 é uma súmula de mais de 60 anos de história da Tudor no âmbito dos relógios de mergulho e reinterpreta um histórico projeto associado à marinha norte-americana.
Project Commando
O original tipo de encaixe da correia esconde a função que esteve por trás do protótipo da década de 60 destinado a forças de operações especiais (a marinha norte-americana) sob o nome de código ‘Project Commando’: um sistema de bloqueio da luneta, para evitar alterações na escala (marcada com 12 horas) aquando do mergulho ou de atividades mais drásticas. Levanta-se a peça metálica entre asas na parte superior da caixa para libertar a luneta rotativa bidirecional e depois volta-se a fechar para que fique imobilizada. A casa-mãe Rolex patenteou o sistema em 1968.
Linhagem no mostrador
O mostrador preto-mate ligeiramente côncavo apresenta o grafismo típico da linha Black Bay, destacando-se o emblemático ponteiro Snow Flake das horas que este ano cumpriu o seu 50.º aniversário de vida. A matéria luminescente Super-LumiNova em tom bege e um toque de vermelho (sempre muito apreciado pelos aficionados do vintage) na tipografia acentuam-lhe ainda mais o caráter rétro — afinal de contas, trata-se de uma reinterpretação moderna de um protótipo com mais de meio século.
Caixa assimétrica
As adendas metálicas nas entre-asas e a estrutura protetora da coroa fazem o relógio parecer maior e sobretudo mais comprido, mas a caixa — com um bonito acabamento totalmente acetinado — não é especialmente sobredimensionada. Tem apenas 42 mm e não anda muito longe de tantos outros Black Bay ‘convencionais’. O conjunto é estanque a 200 metros, resistência igualmente conseguida através do sistema de rosca na coroa às 4 horas que dá o toque assimétrico ao conjunto.
Calibre de manufatura
Concebido para garantir longevidade e fiabilidade numa arquitetura robusta que inclui um balanço de inércia variável com espiral em silício não magnético e um rotor bidirecional, o calibre de manufatura MT5612 de corda automática inclui as funções de horas, minutos, segundos e data. Apresenta uma autonomia com cerca de 70 horas de reserva de corda e garantiu a certidão do Contrôle Officiel Suisse des Chronomètres (COSC) pela sua precisão cronométrica após uma dura bateria de testes.
Bracelete híbrida
A bracelete escolhida marca a diferença relativamente a todas as outras já usadas pela Tudor e destaca-se pelo seu pragmatismo: trata-se de uma bracelete da nova geração, com uma base de cauchu que a torna especialmente resistente em qualquer circunstância e uma inserção de calfe que contribui especialmente para o visual vintage global do Black Bay P01. A base da bracelete é decorada com o padrão Snow Flake. O fecho de báscula inclui uma abertura de segurança e apresenta um acabamento acetinado semelhante ao da caixa.
Luneta marcante
A luneta do Black Bay P01 é completamente original no contexto da linha Black Bay e contribui ainda mais para marcar a diferença relativamente aos outros modelos da coleção. Com um acabamento escovado que reforça o caráter instrumental, inclui uma escala com os algarismos das 12 horas e marcadores de meia hora. A dentadura parcialmente visível tem a ver com o sistema de bloqueio e também favorece a rotação manual nos dois sentidos.
O Black Bay P01 fechou o ano com uma invejável coroa de glória: venceu o Challenge Watch Prize do Grand Prix d’Horlogerie de Genève, categoria que premeia relógios que se destacam na sua categoria de preço.
Características Técnicas
Tudor
Black Bay P01
Referência/ 70150
Movimento/ Mecânico de corda automática com um sistema de rotor bidirecional, calibre de manufatura MT5612 (COSC), cerca de 70 horas de reserva de corda, 28.800 alt/h.
Funções/ Horas, minutos, segundos e data.
Caixa Ø 42 mm/ Aço com acabamento acetinado, luneta giratória bidirecional com sistema de bloqueio, vidro em cristal de safira côncavo, estanque até 200 metros.
Bracelete/ Híbrida em borracha e pele com fecho desdobrável e fecho de segurança, com acabamento inteiramente acetinado.
Preço/ € 3.790
Visite o site oficial da Tudor para mais informações.
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