Com a época das nomeações dos melhores relógios do ano já em curso, sucedem-se os eventos comemorativos. Em Zurique, a gala anual dos Temporis International Awards consagrou mais um excelente e diversificado lote de exemplares eleitos por um exigente júri internacional.
Escolher os melhores relógios do ano e até mesmo distribuí-los por determinadas categorias é sempre um exercício aliciante, mas nunca fácil. E, perante tão alargada oferta, também não é fácil a qualquer membro do júri dos diversos concursos fazer a escolha certa. Mas, para os aficionados, é sempre interessante conhecer os resultados — e concordar ou discordar. Após o Timepiece World Awards de Toronto, desenrolou-se em Zurique, na passada semana, a gala de designação e atribuição de prémios da 12.ª edição do Temporis International Awards, uma organização que se apresenta como os Golden Globes da relojoaria (em contraponto aos Óscares da relojoaria, o Grand Prix d’Horlogerie de Genève).

Sob a batuta de Dan Vardie, o evento realizou-se no Kongresshaus de Zurique com animação musical e na presença de centena e meia de distintos convidados — entre elementos do júri, mestres relojoeiros, representantes das marcas e reputadas personalidades do meio relojoeiro. Foi, como nas edições anteriores e como outras reputadas iniciativas do género, uma celebração da relojoaria tradicional e contemporânea que foi acompanhada digitalmente nos cinco continentes e que até contou com mais de 350.000 participantes na categoria do ‘Voto do Público’.

Quanto às categorias votadas pelo júri internacional, houve algumas eleições óbvias e outras menos evidentes, umas mais complexas e outras mais simples, algumas mais elegantes e outras mais desportivas — mas, obviamente, todas elas válidas e com o seu mérito particular, ou não tivessem passado pelo crivo de um exigente naipe de jurados. E acabou por ser o Minute Repeater Perpetual da A. Lange & Söhne a sagrar-se o maior vencedor do serão, ganhando a categoria Best of the Best. Ou seja, foi o Relógio do Ano 2025 para o júri do Temporis International Awards.

Trata-se de um belo relógio que junta duas complicações nobres — a repetição de minutos e o calendário perpétuo — numa execução digna dos pergaminhos da manufatura germânica e com todas as valências decorativas da alta-relojoaria saxónica. Todo o concentrado técnico surge compactado numa caixa de dimensões contidas — 40,5mm de diâmetro por 12,1mm de espessura — e adaptada a (quase) todos os tipos de pulso.

Dan Vardie, fundador do concurso, disse-nos que «A edição de 2025 foi um marco na evolução da nossa gala; desde start-ups a lendárias maisons, de novos talentos relojoeiros a colecionadores experientes, celebrámos a diversidade, a criatividade e a paixão global pela relojoaria. Os números de engajamento e a atenção mundial confirmam a crescente influência e ressonância do Temporis International Awards». Para além disso, a noite em si foi extremamente divertida e animada com a participação de um excelente cantor/artista norte-americano — tendo sido conduzida por uma estrela da televisão alemã.
Lista de Honra:
• Watch of the Year 2025: A. Lange & Söhne Minute Repeater Perpetual
• Jury Watch of the Year 2025: Vacheron Constantin Les Cabinotiers Solaria Ultra Grand Complication
• Melhor Obra-Prima do Watches & Wonders: A. Lange & Söhne Minute Repeater Perpetual.

• Melhor Relógio de Senhora de Cerimónia: Grönefeld 1944 Tanfana
• Melhor Relógio de Senhora de Quartzo: TAG Heuer Formula 1 Solargraph
• Melhor Relógio Diário de Senhora: IWC Ingenieur Automatic 35

• Melhor Relógio Diário de Homem: Panerai Luminor Quaranta BiTempo
• Melhor Relógio de Viagem: Bovet Récital 30 Worldtimer
• Melhor Relógio Complicado: Roger Dubuis Excalibur Grande Complication

• Relógio Complicado com Melhor Preço: Breitling Navitimer B19 Perpetual Calendar Chronograph
• Melhor Relógio Maverick (fora da caixa): H. Moser & Cie Endeavour Tourbillon Concept Pop
• Melhor Exemplo de Sustentabilidade: Sinn U16 (com ‘aço submarino’)

• Melhor Smartwatch: Montblanc Summit 3 Smartwatch
• Melhor Relógio Start-Up: Elka Arinis

Principais Destaques
Entre os prémios extra-categoria decididos exclusivamente pelo júri, dois relógios destacaram-se naturalmente — tendo ambos sido protagonistas entra a fina-flor desvelada na edição deste ano do Watches and Wonders.

Como Watch of the Year 2025 foi eleito o já mencionado e devidamente destacado Minute Repeater Perpetual da A. Lange & Söhne — que arrecadou o prémio supremo do júri. Uma superlativa criação que honra simultaneamente a excecionalidade técnica e o artesanato intemporal.

A categoria Jury Watch of the Year 2025 foi ganha pelo Vacheron Constantin Les Cabinotiers Solaria Ultra Grand Complication, escolhido exclusivamente pelo júri internacional devido ao seu design visionário e excelência mecânica. No ano do seu 270.º aniversário (talvez o mais saliente dos vários aniversários celebrados em 2025), a Vacheron Constantin não deixou os seus créditos por mãos alheias e apresentou um fortíssimo leque de relógios comemorativos que teve precisamente como ponta de lança o Vacheron Constantin Solaria Ultra Grand Complication — que passou a ser o relógio de pulso mais complicado de sempre. Interessante é o facto de a sua estilização assumir um visual contemporâneo; é também o relógio mais ‘portável’ entre os modelos hipercomplicados que têm sido lançados ao longo das últimas quatro décadas.

Foi também muito interessante ver a Roger Dubuis ganhar a categoria de Best Complicated Watch — retomando contacto com a fase inicial da sua história, após uma fase de declarado investimento numa via vanguardista. O Excalibur Grande Complication é uma espécie de regresso a um passado em que a marca fundada pelo empresário português Carlos Dias e pelo mestre relojoeiro suíço Roger Dubuis apresentava contornos neoclássicos de grande originalidade e uma vocação declarada pelas indicações retrógradas.

Relativamente ao galardão da categoria Travel Watch, o prémio não constituiu uma grande surpresa para os observadores mais atentos: o novo Récital 30 Worldtimer da Bovet é não só tecnicamente inovador como também muito apelativo no plano estético. Normalmente, os utilizadores ou colecionadores têm de acertar os seus relógios worldtimer para os países que mudam ou para os países que não mudam de hora entre o verão e o inverno (apenas cerca de um terço das mudanças mundiais, 70 países de 195); o grande avanço da técnica relojoeira para resolver mecanicamente esse problema foi a decisão de usar roletes em vez de um mostrador convencional e a Bovet fê-lo de modo supremo no Récital 30.
Júri de Peso
O cosmopolita elenco do júri do Temporis International Watch Awards tem grande peso na indústria e é formado por nomes conhecidos no setor, incluindo um representante português da Espiral do Tempo (o autor destas linhas) entre protagonistas de várias áreas da relojoaria. Em 2025 juntaram-se-lhe Silvio Jobim, co-autor do Deloitte Swiss Watch Industry Study, Andy Palmer, ex-CEO of Aston e colecionador, Roger Ruegger, editor-chefe da revista WatchTime, e Roberta Naas, pioneira entre as jornalistas femininas da especialidade.

Porque é importante o público saber, o lote inclui também o lendário Jean Claude Biver (antigo CEO da Hublot, TAG Heuer e presidente do grupo relojoeiro da LVMH), Jeff Dodds (CEO da Formula E), Astrid Wendlandt (fundadora da plataforma Miss Tweed), Fabienne Lupo (antiga diretora do Salon International de l’Haute Horlogerie e fundadora da exposição Reluxury), Fanny Queloz (vencedora do Veuve Clicquot Bold Future Award), Xavier Dietlin (fundador da Dietlin Swiss Showcases, os melhores expositores da indústria), Jean-Claude Eggen (CEO da manufatura de movimentos La Joux-Perret); Fabrice Brulhart (consultor da indústria); Giorgio Galli (designer); Jean-Marc Wiederrecht (mestre relojoeiro fundador da AgenHor); o lendário Philippe Dufour (mestre relojoeiro); Romain Gauthier (mestre relojoeiro); Kari Voutilainen (mestre relojoeiro); Stefano Macaluso (designer e consultor de estratégia de produto); Patrik Hoffman (CEO da Fravre-Leuba); Manuel Emch (diretor Louis Erard, consultor independente); Bernard Werk (jornalista especializado); Carlos Eduardo Barretti (jornalista especializasdo da Pulso Magazine); Dubravka Tomekovic (jornsliats especializada); Ines Kasparek (jornalista especializada); Jan Lidmansky (jornalista especializado); Serdar Oal (jornalista especializado, Horobox); Nicolas Rosse (jornalista de economia, RTS Swiss Television), Pooja Agarwal (jornalista especializado), Radu Budeș (diretor televisivo); Thomas Campion (consultor e fundador do The Swiss Hour Club); Vidas Rachlevicius (jornalista especializado); e Dan Vardie, fundador da plataforma Temporis.
Panteão da Fama
Para além de ser fundador do Temporis International Awards, Dan Vardie também criou o Temporis Hall of Fame — um panteão da fama dedicado à relojoaria. E a gala da 12ª edição contou com a presença dos hall of famers Carole Forestier-Kasapi, Kurt Klaus, Stephen McGonigle, Martin Frei, Bart Gronefeld, Tim Gronefeld e Andreas Strehler, mas a grande vedeta foi Kurt Klaus — com os seus 91 anos, o inventor do calendário perpétuo da IWC surgiu em grande forma e destacou-se com um Portugieser Perpetual Calendar no pulso entre uma alargada comitiva da marca de Schaffhausen, que compareceu para receber um prémio pelo novo tamanho midsize do icónico Ingenieur.

O Temporis Hall of Fame inclui também Antoine Preziuso, Franc Villa, Jean-Daniel Dubois, Jean-Marc Wiederrecht, Kari Voutilainen, Konstantin Chaykin, Ludwig Oechslin, Mathias Buttet, Michel Parmigiani, Philippe Dufour, Richard Mille, Roger Dubuis, Romain Gautier, Stephen Forsey, Vianney Halter, Yves Corthesy, John McGonigle, Laurent Ferrier, Anthony de Haas, Felix Baumgartner, Martin Freie Jean-François Mojon. Tudo mestres relojoeiros de primeira linha!



