Monaco de 1969 a 2019: o top 5 dos especialistas

No ano do 50º aniversário do emblemático Monaco, fomos consultar dois amigos da Espiral do Tempo que são também grandes especialistas da história da TAG Heuer para nos darem uma lista dos seus cinco modelos preferidos do famoso cronógrafo quadrilátero: Jeff Stein (do blog On The Dash) e David Chalmers (do site Calibre 11). Aqui ficam as suas opiniões sobre o Monaco e as respetivas escolhas.


O Monaco original de 1969 deu que falar com o seu mostrador azul associado a uma geometria ousada. O azul tornou-se moda no início da presente década. © TAG Heuer
O Monaco original de 1969 deu que falar não só pelo movimento cronográfico automático mas sobretudo pelo mostrador azul associado a uma geometria inédita. © TAG Heuer

Na mais recente edição da Espiral do Tempo celebrámos condignamente o 50º aniversário do mais celebrado cronógrafo quadrado da relojoaria com um artigo de fundo sobre a história do Monaco e o lançamento das primeiras edições comemorativas das Bodas de Ouro do geométrico ex-libris da TAG Heuer – o Monaco 1969-1979 Special Edition, o Monaco 1979-1989 Special Edition e o Monaco 1989-1999 Special Edition, três modelos alusivos às primeiras três décadas de vida do Monaco e já devidamente escalpelizados no nosso site. Nessa reportagem publicada na revista apresentámos também o top 5 das preferências de dois amigos da imprensa relojoeira que são também especialistas do Monaco por dirigirem os mais conhecidos sites relacionados com a TAG Heuer e o seu historial.

O revolucionário Calibre 11/Chronomatic, a atual reedição do Monaco original de 1969 e Jack Heuer
O revolucionário Calibre 11/Chronomatic, a atual reedição do Monaco original de 1969 e Jack Heuer © DR

O artigo tem a opinião resumida do norte-americano Jeff Stein, do OnTheDash.com, e do australiano David Chalmers, do Calibre11.com, sobre a relevância do Monaco – juntamente com os seus cinco modelos preferidos no meio século de vida do inconfundível cronógrafo. E porque o Monaco tem mesmo muito que se lhe diga, como aliás ficou patente nessa reportagem de oito páginas na Espiral do Tempo, aqui ficam os registos completos dos pareceres que esses dois amigos da imprensa relojoeira nos prestaram, juntamente com as suas variantes preferidas do Monaco… tendo-lhes sido especificamente pedido que incluíssem na sua escolha um misto de modelos históricos (entre 1969 e cerca de 1975, quando deixou de ser produzido) e de versões contemporâneas (de 1998, ano da primeira reinterpretação, até à atualidade). Vale a pena ler os testemunhos de ambos:

A OPINIÃO DE JEFF STEIN (ON THE DASH)

Jeff Stein | Fundador do site OnTheDash.com © DR
Jeff Stein | Fundador do site OnTheDash.com © DR

O Monaco representa o desafio de desenhar o relógio perfeito e o entusiasmo que sentimos quando o estilista consegue concretizar o seu desiderato. Se voltarmos aos primeiros tempos da Heuer, no século XIX, os relógios eram feitos para serem colocados no bolso e os ponteiros rodavam à volta de um ponto fixo, forçando de certa maneira o formato redondo. Há cerca de 100 anos, as caixas redondas passaram do bolso para o pulso e essa tendência manteve-se ao longo do século XX. Mas se olharmos para o pulso, podemos aperceber-nos de que a caixa de relógio mais adequada para se aproveitar o espaço existente será a quadrada ou a retangular. Desse modo, a quadratura do círculo acaba por se tornar na configuração ideal para um relógio de pulso – com a caixa quadrada a assentar perfeitamente e as indicações do tempo localizadas no anel interior do mostrador.

Heuer Ref. 73633G © DR
Se o Monaco foi escolhido para apresentar o primeiro movimento cronográfico automático em 1969, esta versão Ref. 73633G dos anos 70 com corda manual e três contadores é particularmente atraente © DR

Nos primeiros tempos, os carros de corrida tinham uma única cor específica associada à nacionalidade – British Racing Green, os Silver Arrow da Alemanha, azul para os Estados Unidos e, claro, Corsa Rossa dos italianos. Os patrocinadores aperceberam-se de que as máquinas de corrida podiam ser os cartazes ideais para os seus logótipos e cores. Começamos a ver as listas da Gulf e da Martini, as cores caraterísticas da Marlboro e da STP, e também o Porsche 917 pintado como um porco. Por isso, em 1969, Jack Heuer apercebeu-se de que o Monaco apresentava o formato ideal para personificar a energia e a excitação das corridas. Fiel ao seu propósito essencial, era uma máquina que nos dava o tempo. E, ao longo dos tempos, tornou-se numa tela para cores vivas, listas vincadas, algarismos sobredimensionados e materiais de ponta que foram capturando o entusiasmo do desporto motorizado ou expressando a ligação do aficionado às corridas e à sua equipa preferida. Sim, o círculo é adequado à relojoaria; mas, nos últimos 50 anos, o quadrado tem sido o formato ideal para refletir a energia do desporto motorizado.

Heuer Ref. 74033 N © DR
Um dos exemplares vintage mais procurados e possivelmente o último Monaco da primeira era: o Ref. 74033 N, dito ‘Dark Lord’, equipado com um movimento Valjoux 7740 de corda manual © DR

No que diz respeito aos meus três Monacos vintage preferidos, opto por três diferentes cores e três diferentes calibres. O primeiro Monaco (Ref. 1133) nas cores ‘Steve McQueen’ lembra-nos que Jack Heuer acertou logo à primeira com a combinação do azul, branco e vermelho, e o movimento automático calibre 11. O modelo cinzento com três totalizadores (Ref. 73633 G) dá ao relógio um visual completamente diferente numa versão de corda manual. A meio da década de 70, houve uma última tentativa de puxar pelo Monaco, com uma caixa preta em PVD e mostrador com pormenores brancos e laranja acompanhados de um movimento de corda manual (Ref. 74033 N).

TAG Heuer Monaco Twenty Four Chronograph Calibre 36 | Ref. CAL5112.FC6298
Vanguardismo negro com as tradicionais cores Gulf e amortecedores à vista: o Monaco Twenty Four Calibre 36 | Ref. CAL5112.FC6298. © TAG Heuer

As minhas escolhas dos modelos contemporâneos são aquelas que evocam a herança motorizada do Monaco através do design ou dos materiais. O Monaco Twenty-Four, com a caixa escovada e os pormenores laranja, usa uma ‘suspensão’ visível para fixar o Calibre 36 na caixa; o ‘24’ no topo do mostrador faz-nos recordar que foi nas 24 Horas de Le Mans que Steve McQueen conheceu o Monaco. E uma das mais recentes edições Gulf celebra o Porsche 917 conduzido por Steve McQueen, incorporando o azul dos primeiros Monacos no lado esquerdo do mostrador e o azul claro com o laranja nas listas destacadas na parte direita.

TAG Heuer  Monaco Gulf Edition | Ref. CAW211T © TAG Heuer
O Monaco Gulf Edition de 2017 com as emblemáticas racing stripes da Gulf e o respetivo logotipo | Ref. CAW211T © TAG Heuer

OS CINCO DE JEFF STEIN

  1. Heuer Ref. 1133: o primeiro Monaco com as cores ‘McQueen’ azul, branca e vermelha provam que Jack Heuer acertou à primeira.
  2. Heuer Ref. 73633G: o modelo cinzento de três submostradores oferece um visual completamente diferente, numa versão de corda manual.
  3. Heuer Ref. 74033N: a última tentativa de salvar o Monaco, através de uma caixa preta PVD com destaques laranja e branco no mostrador.
  4. TAG Heuer Ref. CAL5112: Monaco Twenty-Four Racing de caixa escovada e pormenores laranja com uma suspensão a segurar o Calibre 36.
  5. TAG Heuer Ref. CAW211T: Monaco ‘Gulf Edition’ com o mostrador azul escuro dos primeiros Monacos e racing stripes azul/laranja.

A OPINIÃO DE DAVID CHALMERS (CALIBRE 11)

David Chalmers | Fundador do site Calibre11.com © DR
David Chalmers | Fundador do site Calibre11.com © DR

O que faz do Monaco um relógio tão especial? Comparado com os seus ‘irmãos’ Autavia e Carrera igualmente apresentados com o novo movimento cronográfico automático em 1969, o Monaco teve uma aparição relativamente breve na coleção e nunca foi um grande sucesso comercial. No início da década de 90, os colecionadores podiam adquirir por alguma centenas de dólares Monacos novos dos anos 70 que ainda estavam nas gavetas das lojas. E, no entanto, não há modelo mais especial ou mais emblemático na história da TAG Heuer do que o Monaco. O Carrera pode ser o motor do catálogo atual da TAG Heuer, mas o Monaco é a alma.

A razão porque o Monaco tem tanta importância é o design arriscado e surpreendente que se adequa tão bem ao posicionamento avant-garde que a TAG Heuer tem hoje em dia. Em 1969, quando o ousado Monaco azul quadrado chegou aos agentes da marca foi como se aparecesse um concept car no stand de automóveis da esquina. Até porque os relógios Heuer da altura costumavam ter combinações monocromáticas a preto ou branco em caixas de 36 ou 38mm. O Monaco veio abalar tudo. Mostrou estar à frente do seu tempo com um visual que antecipava as tendências de design que se seguiram e a sua pureza ainda se mostra relevante na atualidade.

Heuer Monaco Calibre 15 Grey | Ref. 1533G © DR
Uma das edições vintage mais apreciadas do Monaco: o Ref 1533G ‘Grey Sub’ de 1972, com a sua peculiar configuração de mostrador decorrente do Calibre 15 utilizado com pequenos segundos às 10 horas © DR

Nenhum outro relógio se parece com o Monaco. E isso vale para 2019 como para 1969. O que não quer dizer que o Monaco represente apenas o passado, como vimos quando a TAG Heuer lançou as caixas quadriláteras modernas para o Monaco V4 e os modelos Twenty-Four há cerca de dez anos. A caixa quadrada espalmada e com arestas tornou-se numa caixa quadrada angulada com um vidro convexo, em ambos os casos designs altamente modernos e também futuristas que deram continuidade ao espírito arrojado do mais famoso relógio da TAG Heuer.

TAG Heuer Monaco Re-Edition Limited series | Ref. CS2110 © TAG Heuer
O primeiro Monaco da era moderna: a reinterpretação de 1998 limitada a 5.000 exemplares | Ref. CS2110 © TAG Heuer

Quando penso numa mini-coleção perfeita de cinco Monacos, é importante recordar que, mesmo que vejamos o Monaco como um pilar da coleção vintage da marca, o original só integrou o catálogo Heuer durante seis anos – enquanto tem feito parte da coleção TAG Heuer há já mais de vinte anos. Por isso, a minha escolha reflete esse pendor – com dois modelos vintage e três da era moderna. Começando logo com o Monaco 1133B, que não foi das primeiras versões Chronomatic de 1969 que são muito raras, mas o que saiu por volta de 1971 e que foi usado por Steve McQueen. Depois o 1533G, o Monaco vintage dos verdadeiros conhecedores, com um mostrador que parece um misto de prateado e dourado com uma configuração pouco habitual devido ao Calibre 15.

TAG Heuer Ref. CAW211B © TAG Heuer
Uma edição de 2010 muito apreciada: o Monaco Calibre 11 Ref. CAW211B © TAG Heuer

Já na era contemporânea, começo por escolher o CS2110, a primeira reinterpretação com a caixa redesenhada e que foi tão bem sucedida que a TAG Heuer continua basicamente a utilizar a mesma estrutura vinte anos depois: um design inspirado no passado, mas não uma cópia que foi então lançado em edição limitada (5.000 exemplares) e cujo sucesso relançou permanentemente o Monaco no catálogo da TAG Heuer. O Monaco Ref. CAW211B é uma reedição moderna do 1133G, mas com um Calibre 11 moderno e vidro de safira; foi uma edição limitada de 2010 confinada a 1860 exemplares e é uma interpretação mais subtil do design do mostrador. Finalmente, o Monaco Twenty-Four Gulf, um Monaco atrevido do futuro com o mostrador e o calibre 36 de base El Primero suspenso na caixa por quatro amortecedores; o vidro é convexo, a caixa também: um Monaco de espírito tão vanguardista como o original.

OS CINCO DE DAVID CHALMERS

  1. Heuer Ref. 1133B: o Monaco azul com o Calibre 11 numa das séries de 1971, o mesmo que Steve McQueen usou.
  2. Heuer Ref. 1533G: com um mostrador prateado/dourado e uma configuração única do Calibre 15 que é o Monaco vintage de quem está realmente por dentro.
  3. TAG Heuer Ref. CS2110: a primeira reedição/reinterpretação da era moderna com uma caixa redesenhada que basicamente se mantém 20 anos depois.
  4. TAG Heuer Ref. CAW211B: a reinterpretação cinzenta do Monaco de Steve McQueen mas com um Calibre 11 atual e vidro de safira numa edição limitada de 2010.
  5. TAG Heuer Ref. CAL5110: um Monaco Twenty-Four ‘Gulf’ do futuro, com movimento El Primero adaptado (Calibre 36) suspenso através de quatro amortecedores.
Steve McQueen e o Monaco no filme 'Le Mans', de 1971 © TAG Heuer
Imagem para a lenda: Steve McQueen e o Monaco no filme ‘Le Mans’, de 1971 © TAG Heuer

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