Le Mans: tudo a postos!

Após uma passagem da primavera para o verão na sequência da pandemia, as míticas 24 Horas de Le Mans realizam-se neste fim-de-semana com muita emoção e histórias relojoeiras à mistura — sem esquecer toda a atenção gerada pela participação dos pilotos portugueses. Um evento a não perder!

Le Mans, treinos na pista em 2021
Depois de uma semana de treinos, a edição 2021 de Le Mans está quase a arrancar | © Rolex

Num cenário em que a riqueza do médio oriente e os novos mercados asiáticos mudaram a geoestratégia do desporto motorizado, algumas provas icónicas e circuitos históricos conseguiram manter o seu lugar no calendário das principais disciplinas e reforçaram o seu estatuto mítico. Como as 24 Horas de Le Mans, a lendária corrida de resistência que este ano se corre no penúltimo fim de semana de Agosto — sensivelmente dois meses após a sua data habitual, na sequência dos condicionalismos impostos pela pandemia. A partir das 14 horas portuguesas (15 horas locais), e durante as 24 horas que deram nome à prova, seis dezenas de bólides e os seus intrépidos pilotos embarcam numa corrida contra o tempo. E há muitas novidades a ter em conta, sem esquecer a participação lusa e toda a vertente relojoeira que é obrigatório mencionar.

Le Mans, treinos na pista em 2021
Le Mans 2021 | © Rolex

A Rolex está oficialmente ligada às 24 Horas de Le Mans desde 2001 e atribui relógios (cronógrafos Daytona) aos pilotos dos carros vencedores nas múltiplas categorias, mas a sua associação à prova e aos desportos motorizados tem muitas mais décadas de vida: remonta à década de 30 e aos recordes de velocidade de Sir Malcolm Campbell no seu Bluebird. A marca da coroa também patrocina as 24 Horas de Daytona enquanto title sponsor e é cronometrista do Campeonato do Mundo de Endurance, para além da Formula 1 e de um conjunto de pilotos de exceção desde Sir Jackie Stewart em 1968. Sem esquecer eventos como o Pebble Beach Concours d’Élegance, o The Quail, o Monterrey Motorsports Reunion e o festival Goodwood Revival.

Os vencedores recebem uma variante do Oyster Perpetual Cosmograph Daytona com a devida inscrição | © Rolex

E é certo e sabido que a Rolex só escolhe associar-se a eventos que se tornaram praticamente instituições — pela sua relevância, pelo seu caráter místico. E os fatores que transportaram Le Mans para a lenda são múltiplos e vão desde os mais objectivos até aos inevitavelmente subjetivos. Claro que a história assume um peso determinante: os campeões que participaram e ganharam, os episódios mais dramáticos e as anedotas mais rocambolescas ao longo do tempo. Depois, o desafio que constitui e a dificuldade que lhe é inerente. O enquadramento também se afigura particularmente relevante, desde as caraterísticas do circuito até à beleza paisagística. E o desejo que desperta em pilotos profissionais e amadores.

Le Mans 2020
Le Mans 2020 | © United Autosports

Entre sábado e domingo, Le Mans vai mesmo concitar as atenções do mundo desportivo: o circuito de La Sarthe, com um total de 13,629 km, é um misto de pista permanente e de estradas públicas que são encerradas durante a prova. Com diversas classes de carros com diferentes níveis de performance dirigidos por equipas de três pilotos que se revezam, é uma corrida em que a velocidade e a resistência se combinam ao longo de 24 horas que deram nome à prova — durante as quais as condições mudam do dia para a noite. O trajeto é plano e inclui troços lendários como a curvas Dunlop e Porsche. A primeira edição teve lugar em 1923 e a maior das tragédias ocorreu em 1955, quando o carro de Pierre Levegh se despistou e provocou a morte de 85 pessoas; apesar disso, a prova continuou a realizar-se anualmente e hoje em dia passa por ser a mais famosa competição automobilística do planeta, sendo talvez secundada pelo Grande Prémio do Monaco de Formula 1 e com as 500 Milhas de Indianápolis e as 24 Horas de Daytona logo atrás.

Le Mans 2020
O descanso antes da grande corrida na edição de 2020 | © United Autosports
Le Mans, treinos na pista à noite em 2021
A competição noturna é sempre uma fatia emblemática das 24 Horas de Le Mans | © Rolex

Apesar do enorme peso histórico, as 24 Horas de Le Mans não pararam no tempo — aliás, o desporto motorizado está sempre na vanguarda da tecnologia e após a participação dos carros híbridos ter dominado a última década, este ano há a salientar a estreia dos chamados Hypercars na nova classe LMH (Le Mans Hypercar), projetada pela Federação Internacional Automóvel (FIA) e o Automobile Club de l’Ouest (ACO) para reduzir custos e testar tecnologia relevante que possa mais facilmente ser adaptada à condução em estrada dos veículos comuns, promovendo ao mesmo tempo o regresso imediato ou a médio prazo de muitas marcas à esfera do desporto motorizado. No que diz respeito ao Campeonato do Mundo de Endurance (FIA World Endurance Championship), a Toyota e a Alpine têm sido as escuderias protagonistas; a Toyota ganhou mesmo as últimas três edições. No total, haverá 62 carros participantes: 5 na nova categoria LMH, 25 na categoria LMP2 (Le Mans Prototype 2), oito na categoria Pro LMGTE (Le Mans Grand Touring Endurance) e mais 23 na categoria regular LMGTE. Dá-se também o regresso da categoria Innovative Car, com viaturas adaptadas como a do quádruplo amputado Frédéric Sausset.

Piloto Filipe Albuquerque no carro em Le Mans 2020
Filipe Albuquerque e o seu capacete identificativo, com a sua cidade natal em destaque| © United Autosports

Lusos de olho no relógio

Os dois pilotos portugueses em compita este ano — e que no ano passado terminaram nos dois primeiros lugares na sua categoria — podem assumir ainda mais protagonismo neste fim-de-semana. Porque tudo indica que, devido à fiabilidade ainda suspeita dos Hypercars, os bólides LMP2 podem tornar-se também candidatos ao pódio global: uma razia na classe rainha dos Hypercars, que contempla apenas cinco carros pode dar perfeitamente um LMP2 como vencedor igualmente na classificação geral!

Vencedores de Le Mans 2020
A equipa de Filipe Albuquerque no triunfo em LMP2 há um ano | © United Autosports

A categoria LMP2 promete muita animação e uma lista de pilotos de alto quilate, muitos deles à procura de se mostrarem para as marcas que estão a preparer a tal entrada no WEC na sequência das alterações implementadas. É por isso que Filipe Albuquerque (o número 22 da equipa United Autosports) e António Félix da Costa (número 38 da JOTA) estarão em particular destaque e vão lutar pela vitória na sua categoria com o aliciante suplementar de poderem espreitar o pódio na geral se houver uma hecatombe nos Hypercars. Já em 2020 a classe LMP2 terá sido a que mais interesse suscitou; este ano inclui 25 carros, sendo 24 Oreca e um Ligier… o que significa que, numa competição praticamente monomarca, o que faz mesmo a diferença é a qualidade das equipas e o talento dos pilotos.  O número 22 da United (Phil Hanson, Fabio Scherer e Filipe Albuquerque) já conta com duas vitórias este ano (Spa e Monza), contra uma da JOTA (Portimão). Mas há dez bólides que têm argumentos para lutar pela vitória na categoria LMP2 — e a vitória em cada categoria tem a recompensa adicional da atribuição de um Rolex Daytona a cada piloto da equipa. Filipe Albuquerque, que até já foi embaixador da TAG Heuer e da Oris, já tem dois cronógrafos Daytona, que juntou aos dois Daytona ganhos no circuito de… Daytona!

Le Mans 2020
O bólide de Filipe Albuquerque em mudança de pneus| © United Autosports
Richard Mille RM 029 Automatique Le Mans Classic
Edição especial: o RM 029 Automatique Le Mans Classic | © Richard Mille

Tom Kristensen, embaixador Rolex e conhecido por Mr Le Mans devido ao seu recorde de nove vitórias, tem ainda mais. E considera que este ano a prova vai decorrer sob condições muito peculiares: “As temperaturas serão mais elevadas do que ao habitual devido à corrida se efetuar em agosto e isso pode dificultar a gestão dos pneus. Também a fadiga acumulada de uma temporada que não teve o intervalo de verão será um fator adicional. E vai ser muito bom ver o regresso do público, que faz sempre sentir a sua energia em Le Mans”.

Steve McQueen e o TAG Heuer Monaco no filme le Mans
A emblemática imagem de Steve McQueen com o Monaco no filme ‘Le Mans’ | © TAG Heuer

Se a Rolex é cronometrista oficial, o universo relojoeiro de Le Mans também se estende a outras marcas. A Richard Mille patrocina a competição Le Mans Classic para carros vintage. O cronógrafo quadrilátero Monaco da TAG Heuer tornou-se famoso por ter sido usado por Steve McQueen no filme ‘Le Mans’ de 1971, sendo que o anúncio da parceria entre a TAG Heuer e a Porsche através do vínculo Carrera foi uma das novidades mais importantes dos últimos tempos na ligação entre as duas vertentes. E depois há todas as outras marcas associadas às diversas escuderias e pilotos através de patrocínios coletivos ou individuais. Sem esquecer todos os modelos inspirados pelo desporto motorizado, desde as principais marcas do panorama relojoeiro até aos cronógrafos da Raidillon e da Maurice de Mauriac.

TAG Heuer Carrera Porsche Chronograph Special Edition. Relógio visto de frente com bracelete em pele e relógio visto de frente com bracelete em aço.
Carrera Porsche Chronograph Special Edition: versões com bracelete em pele e em aço | © TAG Heuer

Cada segundo do total de 86.400 que compõem as 24 Horas de Le Mans terá um peso especial. Para acompanhar em direto e integralmente no Eurosport!

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