A Rolex é especialista em estanquidade e o Deepsea é o relógio da sua coleção com maior capacidade de mergulho. Está agora disponível numa edição em ouro amarelo. Porque não? Afinal de contas, alguns dos maiores tesouros podem encontrar-se no fundo do mar…
De Mercedes Gleitze a James Cameron, do Sea-Dweller ao Deepsea Challenge, dos protótipos recordistas aos modelos regulares levados ao extremo: a história da Rolex está intimamente associada à estanquidade. Que começou por ser publicitada no pulso de Mercedes Gleitze aquando da sua travessia a nado do canal da Mancha, em 1927. Depois, foi a conquista das profundezas. Em 1960, um protótipo Deepsea Special preparado pela Rolex com um vidro em forma de bolha foi acoplado no flanco exterior do batiscafo Trieste para acompanhar o capitão Don Walsh e Jacques Piccard numa descida a 10.916 metros de profundidade na Fossa das Marianas; a pressão exercida foi superior a uma tonelada por centímetro quadrado, mas o relógio passou o teste com distinção. Mais de meio século depois, e numa acção conjunta com o realizador de cinema James Cameron, a Rolex criou um Deapsea Challenge para ultrapassar os 12.000 metros de profundidade e pulverizar todos os recordes.
Ao contrário do Deapsea Special de 1960, que tinha um aspeto conceptual, o Deapsea Challenge estava muito mais próximo dos modelos de produção regular — nomeadamente do Deepsea, criado em 2008 para ir ainda mais fundo do que o Submariner (lançado em 1953) e do que o Sea-Dweller (estreado em 1967 com válvula de hélio). Apresentava os códigos estéticos dos seus antecessores, mas era bem maior e de visual ainda mais poderoso… até porque, na altura do seu aparecimento, havia uma grande propensão para relógios grandes. Porque a forma segue a função, o crescimento até aos 44 mm de diâmetro por 17,7mm de espessura justificou-se pela inclusão de um cocktail tecnológico que garantia uma estanquidade até aos 3.900 metros.
Após a versão inaugural de mostrador preto e da de mostrador dégradé vertical (azul para preto) associada a James Cameron que se seguiu, a Rolex estreou este ano um terceiro modelo Deepsea… em ouro amarelo de 18 quilates. Uma novidade surpreendente e de peso — 322 gramas! — que apresenta todas as valências técnicas dos seus congéneres em aço e ainda lhe dá a aura suplementar do metal precioso por excelência.
Ringlock, Triplock, Fliplock, Glidelock
E essas valências técnicas estão primordialmente associadas à estanquidade, obviamente. A caixa apresenta uma arquitetura única, graças ao sistema patenteado Ringlock que faz com que a pressão inerente às profundezas fique distribuída. Trata-se de um anel de compressão em cerâmica (e que antes era feito de um metal especialmente tratado com nitrogénio para aguentar a pressão), ao qual são enroscados a luneta (incluindo o vidro de safira convexo de 5,5 mm!) e o fundo em titânio RLX (que se molda ligeiramente para gerir a extrema pressão das profundezas e reverte sempre à forma original).
Já a coroa de rosca Triplock é munida de três juntas; de grande precisão, é patenteada e a sua génese está relacionada com o fundador Hans Wilsdorf, que na primeira metade do século resolveu o problema das infiltrações através da coroa idealizando o famoso sistema de rosca tão associado à marca. Uma solução simples e genial que fez com que a Rolex se tornasse pioneira na conceção de relógios estanques — e o sistema Triplock vai mais além do que o Twinlock que se pode encontrar nos modelos regulares.
A luneta rotativa unidirecional obrigatória em qualquer modelo de mergulho certificado inclui uma escala de 60 minutos em Cerachrom (nome patenteado da cerâmica utilizada pela Rolex nas suas lunetas); gravados na cerâmica, os algarismos e indicadores são preenchidos com ouro graças a uma técnica de PVD original; o triângulo da escala é especialmente visível à noite ou nas profundezas devido a uma cápsula que contém o material luminescente Chromalight de tons azulados, também utilizado nos indexes e nos ponteiros.
Quanto à bracelete Oyster em ouro maciço, que inclui as inserções de cerâmica usadas desde 2015 para uma melhor articulação, integra tanto a extensão para os habituais ajustes milimétricos como para colocação sobre o fato de mergulho graças a um engenhoso sistema indetectável quando não está accionado. A extensão Fliplock deixou de ser utilizada no fecho Oysterclasp em 2022 e foi integralmente substituída pelo sistema Glidelock (que alarga até 20 mm em incrementos de 2mm). A arquitetura de elos maciços é superlativa e apresenta as proporções e afinações introduzidas na atualização efetuada em 2022 para a segunda geração do Deepsea.
Calibre de batiscafo
O mecanismo automático que alimenta o novo Rolex Deepsea é o calibre 3235, reputado pela sua precisão cronométrica — com a certificação habitual Superlative Chronometer de fiabilidade e precisão da Rolex que ultrapassa os parâmetros tradicionais do COSC (mesmo tendo também a certificação do Côntrole Officiel Suisse des Chronomètres). Apresenta 70 horas de reserva de corda e está equipado do escape Chronergy, que integra uma espiral Parachrom de conceção própria da Rolex especialmente resistente aos choques e imune aos campos magnéticos, e ainda amortecedores de choque Paraflex.
As nossas impressões
O Oyster Perpetual Rolex Deepsea Ref. 136668LB é mesmo um relógio de peso, tanto no sentido literal como figurativo. 322 gramas por 55 mil euros, mais a prestigiosa aura do metal precioso que apela a um certo tipo de clientela que já gostava dos Submariners em ouro — e dos Yacht-Master II em ouro, também de 44mm de diâmetro. E uma das razões porque faz sentido um Deepsea em ouro tem precisamente a ver com o facto de a linha Yacht-Master II ter sido discretamente descontinuada. E também porque o ouro é um metal extremamente resistente à corrosão e à água salgada, convém não esquecer!
A adição de uma versão em ouro amarelo de 18 quilates faz com que o Deepsea se torne numa espécie de coleção cápsula da Rolex com três modelos e, para vincar essa ‘autonomia’, passa a surgir apenas a designação Deepsea no mostrador — quando até agora o nome Deepsea, colocado às 12 horas debaixo do logótipo Rolex, se fazia acompanhar do termo Sea-Dweller, que surgia às 6 horas. O mesmo acontece a partir de agora nos mostradores das duas versões em aço Oystersteel de mostrador preto e azul dégradé que já faziam parte do catálogo.
Algumas caraterísticas técnicas:
Rolex
Deepsea
Referência | 136668LB
Ano de lançamento | 2024
Movimento | Perpetual, mecânico, de corda automática Calibre 3235. Espiral Parachrom azul paramagnética. Sistema de absorção de choques Paraflex de alto desempenho. 70 horas de reserva de corda.
Funções | Horas, minutos e segundos no centro. Data com mudança instantânea, ajuste rápido. Stop-seconds para ajuste preciso da hora.
Caixa 44 mm | Ouro amarelo polido. Carrura monobloco com fundo e coroa de rosca. Arquitetura Rolex Ringlock System com válvula de hélio. Coroa com sistema de tripla impermeabilidade Triplock. Estanque até 3900 metros.
Bracelete | Oyster de três fileiras de elos maciços em ouro amarelo. Fecho Oysterlock, desdobrável com dispositivo de segurança, sistema de extensão Rolex Glidelock.
Preço recomendado no site | 55.000 €
Visite o site oficial da Rolex para mais informações.