A visitar: eventos relojoeiros até final do ano

À partida para o último quartel de 2025, aqui fica o guia dos eventos relojoeiros essenciais para os aficionados — desde o Geneva Watch Days até à Dubai Watch Week, passando pelo VO’Clock da Vicenzaoro e pelo After Time em Milão. Sem esquecer a estreia do Tempo Futuro, em Portugal.

Se antigamente os principais eventos relojoeiros estavam reservados a profissionais da indústria (distribuidores, lojistas, imprensa especializada), hoje em dia eles estão cada vez mais virados para os aficionados e abertos ao público. A revolução comunicacional que acompanhou o advento das redes sociais e a criação de comunidades relojoeiras também impeliram as organizações a promover essa abertura, que tem o condão de celebrar a relojoaria de modo mais inclusivo e democrático. Ou seja, com tempo e disponibilidade, qualquer um pode visitar os grandes certames relojoeiros — e não faltarão oportunidades para o fazer nos últimos meses de 2025, começando já dentro de duas semanas. Aqui fica a nossa sugestão relativa a uma mão-cheia de eventos que vale a pena visitar nos últimos meses de 2025 (nota: a lista não inclui os eventos novaiorquinos de outubro, Windup Watch Fair e WatchTime New York).

Geneva Watch Days

Onde: Genebra
Quando: 3 a 7 de setembro
Prós: muitas marcas de topo, ambiente relaxado, ar livre
Contras: descentralização, festas por convite

A cidade de Calvino engalanada para acolher o Geneva Watch Days | Foto. GWD
A cidade de Calvino engalanada para acolher o Geneva Watch Days | Foto. GWD

Nascido no ano da pandemia e para colmatar o cancelamento do Watches and Wonders nesse ano, o Geneva Watch Days vai para a sua quinta edição e este ano tem lugar uma semana mais tarde (normalmente realiza-se nos últimos dias de agosto). Tem mantido o espírito inicial e acaba por ser o melhor complemento possível para o Watches and Wonders, já que toda a gente dispõe de mais tempo para relaxar do que na atarefada semana do certame da Palexpo — encontrando-se ao fim do dia no pavilhão montado no Quai du Mont-Blanc. O grande promotor foi e continua a ser Jean-Christophe Babin, CEO da Bulgari, que conta com o apoio da Fondation de la Haute Horlogerie e dos dirigentes de relevantes maisons envolvidas — em especial as do grupo LVMH, como a TAG Heuer e a Zenith, e de grandes independentes. Este ano, há 66 marcas oficialmente associadas ao evento.

Este ano, há mais de 60 marcas associadas ao Geneva Watch Days | Foto: GWD
Este ano, há mais de 60 marcas associadas ao Geneva Watch Days | Foto: GWD

Trata-se de um evento ‘aberto’, em que as marcas estão espraiadas por showrooms nos hotéis vizinhos (Beau Rivage, Hotel d’Angleterre) e pelas boutiques próprias em Genebra, com maior incidência nas da Rue du Rhône. No pavilhão central montado no Quai du Mont-Blanc e que serve de centro nevrálgico ao Geneva Watch Days estão expostos exemplares das marcas associadas, havendo também um espaço para conferências; é igualmente lá que haverá um leilão de beneficência. Normalmente as condições meteorológicas são excelentes e adequam-se bem ao espírito do evento, que se conclui diariamente de copo na mão e em amena cavaqueira entre amigos e aficionados. No entanto, algumas iniciativas requerem um registo prévio e as festas que irão ocorrer em cada uma das noites são de acesso condicionado a convites.

VO’Clock Privé

Onde: Vicenza
Quando: 5 a 9 de setembro
Prós: ambiente privado, sprezzatura
Contras: alojamento, aeroporto distante

A entrada para a Vicenzaoro e o espaço VO’Clock | Foto: Miguel Seabra/Espiral do Tempo

O atrasar de uma semana por parte da Geneva Watch Days veio colidir com o evento relojoeiro VO’Clock que integra a Vicenzaoro, maior feira mundial de joalharia. Mesmo assim, ainda sobra um dia após a conclusão do certame genebrino (segunda-feira, 8) para ir até ao norte de Itália espreitar as várias palestras e debates destinados a aficionados ou ver o que as várias marcas têm para a presentar — e há marcas desde as mais pequenas até às mais conhecidas, sem esquecer várias companhias relojoeiras italianas e companhias de acessórios (estojos, moinhos de corda, correias). Mas o foco estará no vintage e no pre-owned.

Há sempre palestras e debates no programa da VO’Clock | Foto: Miguel Seabra/Espiral do Tempo

Na VO’Clock é também possível participar em debates e várias comunidades de colecionadores ajudam a animar o ambiente. Obviamente, também há a oportunidade de dar uma vista de olhos a toda a parte joalheira. Sem esquecer que Veneza é servida pelo mesmo aeroporto (que dista uma hora de Vicenza) e pode-se sempre fazer um pouco de turismo e tirar wristshots na mítica cidade dos canais.

After Time Milano

Onde: Milão
Quando: 3 a 5 de outubro
Prós: sprezzatura, micromarcas de culto
Contras: primeira edição, só até às 19 horas diárias

A organização do After Time é a mesma da Milano Watch Week | Imagem: After Time
A organização do After Time é a mesma da Milano Watch Week | Imagem: After Time

Na senda da bienal Milano Watch Week, os jovens organizadores apresentam alternadamente o After Time Milano — que vai ter lugar na Rotonda del Pellegrini (a edição inaugural da Milano Watch Week realizou-se na Terrazza Martini). A presença requer inscrição prévia e o destaque deste ano vai para os ícones do luxo acessível: participam mais de duas dezenas de marcas que desafiam a tradição, redefiniram o design relojoeiro e esticaram os limites da relojoaria.

Numa das capitais mundiais da moda, o estilo relojoeiro estará em destaque | Foto: After Time Milano
Numa das capitais mundiais da moda, o estilo relojoeiro estará em destaque | Foto: After Time Milano

A maior parte das companhias participantes são micromarcas e firmas independentes, mas também há casas de nome estabelecido e com décadas de tradição como a Raymond Weil, a Oris, a Doxa, a Seiko ou a Frederique Constant — por oposição a marcas como a MAD Editions, a Serica ou a Furlan Marri. Não faltarão exemplos de criatividade, storytelling ou ousado design numa iniciativa muito virada para a nova geração e para o futuro da relojoaria.

Dubai Watch Week

Onde: Dubai Mall
Quando: 19 a 23 de novembro
Prós: melhor evento, palestras culturais, líderes de opinião
Contras: longe, custo da viagem

A Dubai Watch Week está sobretudo voltada para a alta-relojoaria independente e para a cultura relojoeira | Imagem: Dubai Watch Week
A Dubai Watch Week está sobretudo voltada para a alta-relojoaria independente e para a cultura relojoeira | Imagem: Dubai Watch Week

É simplesmente o melhor evento relojoeiro do planeta e conta com a presença da fina-flor da indústria. Organizado pelo grupo Seddiqi, realiza-se de modo bienal (alterna com o Horology Forum, que tem lugar fora do Dubai e em cidades distintas do planeta) e este ano comemora a sua sétima edição num novo local — contíguo ao maior shopping center de luxo do mundo, o Dubai Mall. A expetativa reside precisamente em ver se o espírito se irá manter no novo enquadramento e também qual o salto de crescimento num certame de culto que é adorado por todos. O rol de marcas participantes é excecional e marcas como a Rolex ou a Audemars Piguet até têm pavilhões próprios.

Após seis edições no centro financeiro, o evento muda-se para um espaço nas imediações do Dubai Mall | Imagem: Dubai Watch Week
Após seis edições no centro financeiro, o evento muda-se para um espaço nas imediações do Dubai Mall | Imagem: Dubai Watch Week

Para além da grande variedade de relógios e dos lançamentos especiais, uma das valências que ajudou a construir a reputação da Dubai Watch Week foram as palestras. O intenso programa inclui sempre e obrigatoriamente os já famosos fórums e debates, distribuídos por diferentes formatos: os que ficam sob a designação Horology Forum discutem grandes temas da atualidade relojoeira, os que são batizados Creative Hub têm a ver com o processo criativo associado às marcas e os ClickClock colocam frente a frente duas personalidades com vistas supostamente opostas sobre uma grande temática; depois há as reuniões no Collectors Lounge mais associadas com o universo do colecionismo e as sessões Talks by Christie’s estão relacionadas com o mundo dos leilões.

Tempo Futuro

Onde: Lisboa, Museu Medeiros e Almeida
Quando: 10 de outubro
Prós: ambiente amigável, cumplicidade nacional
Contras: um único dia

Salão principal da casa-Museu Medeiros e Almeida | Foto: Espiral do Tempo
Salão principal da Casa-Museu Medeiros e Almeida | Foto: Espiral do Tempo

Será o primeiro salão de relojoaria independente em Portugal — organizado pelo Instituto Português de Relojoaria e pelo Fórum DezDez, na senda das feiras Tempo Passado (essas mais dedicadas à venda de relógios e artigos vintage). Trata-se de uma excelente oportunidade de conhecer as micromarcas nacionais e alguns relojoeiros lusos independentes que concebem e produzem os seus próprios relógios. O programa do dia inclui uma conferência dedicada à educação para a relojoaria independente, com a participação dos mestres Dann PhimPhrachanh e Paulo Anastácio, e o lançamento do livro História e Evolução da Relojoaria, da autoria de Sílvio Pereira. Será também possível adquirir peças únicas, apoiando diretamente o trabalho dos referidos relojoeiros; haverá bancas de exposição de marcas aderentes e é sempre bom rever gente conhecida da comunidade relojoeira nacional.

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