A TAG Heuer purificou o look do seu Carrera mais radical, fazendo-o aproximar das premissas de design do Carrera original. O resultado? Aquele que pode muito bem ser o lançamento estrategicamente mais relevante para a marca em 2020: o Carrera Sport Chronograph, dotado de um visual poderoso mas simultaneamente essencial, tem tudo para agradar aos Heueristas mais exigentes.
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A TAG Heuer celebra em 2020 o seu 160º aniversário e, talvez mais do que qualquer outra histórica companhia relojoeira de semelhante idade, é uma marca que mescla perfeitamente o passado, o presente e o futuro — até por inerência do seu próprio nome: teve a designação Heuer até 1985 e a partir daí assumiu a nomenclatura de TAG Heuer; para quem não sabe, o acrónimo TAG significa Techniques d’Avant-Garde e com a fusão o vanguardismo eletrónico juntou-se à grande herança de cronometragem desportiva para criar relógios diferenciados e de design vanguardista na última dúzia de anos do século XX.
Na primeira década e meia do milénio em curso, e na sequência do regresso de Jack Heuer como presidente honorário da empresa fundada pelo seu bisavô, a TAG Heuer passou a investir mais na herança Heuer da sua história — com múltiplas reinterpretações de modelos míticos do seu portefólio inspirados pelo desporto motorizado (Carrera, Monaco, Autavia, Monza) e a incursão na alta-relojoaria mecânica (sobretudo com o recurso a altas-frequências que potenciaram a precisão do lendário Mikrotimer). A partir do momento em que passou a ser gerida pelo carismático Jean-Claude Biver, a marca decidiu fazer mais jus ao TAG do seu nome bicomposto e apresentar uma linha específica que deixou de lado a relojoaria mecânica tradicional para, associada a dois gigantes de Silicon Valley (a Google e a Intel) apresentar o Carrera Connected. Era a resposta suíça ao Apple Watch.
O célebre guru da relojoaria suíça provocou um abanão no catálogo da marca ao criar um smartwatch de luxo e aproveitar a mesma estrutura modular para lançar uma nova linha de cronógrafos automáticos denominada Carrera Heuer-01 — esses dois produtos tornar-se-iam no cartão de visita da sua liderança até à sua reforma no final de 2018. Atualmente, e sob a batuta do seu novo líder Frédéric Arnault, o Carrera Connected já tem uma terceira geração dotada de um chassis diferente e o Carrera Heuer-01, entretanto tornado Carrera Heuer-02 com a adoção de um novo calibre cronográfico de manufatura, foi completamente repensado para ressurgir numa nova ramificação designada Carrera Sport Chronograph. Deixou de ter caraterísticas tão modulares e os mostradores esqueletizados foram abandonados. E a aceitação, tanto da crítica como dos aficionados ou mesmo dos Heueristas fanáticos dos lendários modelos vintage dos anos 60/70, foi extremamente positiva. O novo Carrera Sport Chronograph é mesmo um relógio apelativo que, mesmo tendo tanto de moderno e sendo dotado do mais recente calibre da marca, segue premissas que estavam presentes aquando da estreia do Carrera original por Jack Heuer no final de 1962.
Um quarteto fantástico
As celebrações dos 160 anos da TAG Heuer até começaram com um piscar de olho ao passado à caixa redonda clássica dessa primeira geração do Carrera com duas reinterpretações de inspiração rétro e tiragem limitada muito apreciadas: o prateado Carrera 160 Years Silver Limited Edition e o colorido Carrera 160 Years Montreal Limited Edition. Mas tratam-se de duas edições comemorativas especiais.
O lançamento do novo Carrera Sport Chronograph é uma medida estrutural que abre um novo capítulo na história do Carrera e promete ser um pilar comercial da marca para esta nova década; apela a uma camada mais jovem que deseja um produto mais contemporâneo e urbano do que os modelos inspirados por relógios icónicos que a marca lançou no passado, mas também oferece aos saudosistas um produto complementar mais robusto para ocasiões especiais. Todas as vertentes do seu ADN são uma reinterpretação dos elementos de estilo que estiveram por trás da criação do original.
Para já, e antes de uma nova fornada que poderá surgir lá mais para o final do ano, o Carrera Sport Chronograph arranca com quatro modelos de personalidade bem distinta. Três diferentes cores de mostrador em modelos integralmente em aço que são apresentados também com uma bracelete metálica e um quarto elemento que surge com detalhes de ouro e correia de pele para um visual mais quente e prestigioso; a utilização do metal precioso faz dele, obviamente, o modelo mais caro e a correia de aligátor torna-o mais adequado a ambientes mais formais/elegantes sem perder aquela pitada desportiva que a herança cronográfica do Carrera lhe dá.
Mas são os modelos full steel que constituem a grande aposta da TAG Heuer. A variante de mostrador preto é sempre incontornável e faz-se acompanhar de uma luneta em cerâmica condizente com escala taquimétrica. O mesmo sucede com a versão de mostrador azul, que continua a ser uma cor especialmente popular. A grande novidade surge com a adoção de um inesperado mostrador verde (de uma bela tonalidade que nem é o british racing green escuro nem o verde mais aberto já utilizado no Aquaracer) combinado com uma luneta em aço graduada com o taquímetro; só o facto de ser em aço dá-lhe uma aparência muito distinta da dos seus ‘irmãos’ e a original tonalidade cromática reforça toda essa diferença.
A caixa (também fabricada in-house, numa das subsidiárias da TAG Heuer) foi toda repensada e apresenta 44 milímetros de diâmetro por 15,27mm de espessura, contra as variantes de 45mm e 43mm do ‘primo’ Carrera Heuer-02; apesar do tamanho ainda considerável, o perfil do Carrera Sport Chronograph foi trabalhado pelo diretor criativo Guy Bove para parecer mais delgado e as asas são mais curtas e curvadas, tornando-a mais adaptável a pulsos mais estreitos. Os mostradores, feitos na ArteCad (outra sucursal), têm um tratamento radial e os contadores apresentam um acabamento circular denominado azurage. Os indexes também apresentam uma nova forma retangular em bastão e são angulados em direção ao centro, ajudando a dar profundidade ao mostrador.
Na orla, a minuteria em réhaut também contribui para essa tridimensionalidade. Os ponteiros são inspirados nos dos Heuer clássicos e mesmo a fonte tipográfica é uma atualização do serif Carrera original. Em suma: clareza e distinção, fazendo jus ao ideal de mostrador preconizado por Jack Heuer em 1962 e patente nas primeiras coleções do Carrera divulgadas em 1963.
Já a bracelete tem por base a construção em H estreada em 2008 no Grand Carrera mas foi igualmente afinada para acompanhar a estreia do Carrera Sport Chronograph: é um pouco menos espessa e também mais leve.
A saga do Calibre Heuer-02
No que diz respeito à motorização, convém recapitular a história dos calibres associados à variante mais radical do Carrera. O Carrera Heuer-01 foi apresentado em 2015 com o movimento cronográfico de manufatura Heuer-01, baseado no anteriormente batizado calibre 1887 de suave acionamento e disposição vertical dos totalizadores do mostrador semi-recortado. Na altura, Jean-Claude Biver resolveu dar um passo atrás na produção do novo movimento cronográfico fabricado nas novas instalações de Chevenez; três anos volvidos, e um ano após o ter reintroduzido sob o nome de Calibre Heuer-02 exclusivamente na reedição limitada do Autavia e no Carrera Heuer-02T com a adição de um turbilhão, foi lançado o Carrera Heuer-02 com esse movimento caraterizado pela disposição ‘horizontal’ dos submostradores (3-6-9), por oposição ao pendor mais vertical do calibre Heuer-01 (6-9-12).
Desenvolvido sob o nome de código Calibre 1888, apresentado em 2012 então sob o nome de Calibre 1969 e depois reapresentado com a designação de Calibre CH-80 num evento mundial realizado na nova manufatura de Chevenez (‘CH’ de Chevenez, ‘80’ de 80 horas de reserva de corda), o novo movimento cronográfico automático da TAG Heuer esteve a ser refinado durante um par de anos para surgir finalmente com a nomenclatura Heuer-02 e 80 horas de reserva de corda. Os acabamentos distinguem-se pela omnipresente decoração negra no rotor e a eventual roda de colunas a vermelho (presente nos Carrera Heuer-02) — podendo ser apreciados no Carrera Sport Chronograph através do fundo transparente graças ao vidro de safira.
As nossas impressões
Um excelente realinhamento da TAG Heuer relativamente a um produto que, de certo modo, se aproximava de determinados modelos igualmente modulares de marcas irmãs do grupo LVMH (Hublot e a Zenith); esse Carrera Heuer-02 modular e de impactante mostrador esqueletizado ainda se mantém no catálogo e é popular junto de um público propenso a um look mais técnico — mas o novo Carrera Sport Chronograph está, de certo modo, mais próximo da tradição Carrera e dá à coleção um futuro tão brilhante como o seu passado. As proporções repensadas e a construção mais ergonómica tornam-no também mais versátil na adaptação a pulsos de mais tamanhos. Um suma: um cronógrafo despretensioso e que fica bem em qualquer circunstância. O preço, estimado entre os 5.500 euros para as variantes em aço e os 6.500 euros para o modelo com detalhes em ouro rosa (estimativa sujeita a confirmação), parece adequado a um produto sofisticado e que é totalmente feito ‘em casa’ — desde o movimento cronográfico de manufatura a todos os outros elementos exteriores. Adivinham-se novas variantes mais racing no futuro, com a inclusão de submostradores contrastantes e ponteiros coloridos.
Caraterísticas técnicas
TAG Heuer
Carrera Sport Chronograph 44mm Calibre Heuer-02 Automatic
Referências | Ref. CBN2A1B.BA0643 ( caixa e bracelete em aço com mostrador preto e luneta preta em cerâmica); Ref. CBN2A1A.BA0643 ( caixa e bracelete em aço com mostrador azul e luneta em cerâmica azul); Ref. CBN2A10.BA0643 (caixa e bracelete em aço com mostrador verde e luneta em aço); Ref. CBN2A5A.FC6481 (caixa em aço com coroa e botões em ouro 18kt, mostrador preto, luneta em cerâmica preta e correia em pele de aligátor).
Movimento | Cronógrafo mecânico de corda automática, calibre Heuer-02, 80 horas de reserva de corda, 28.800 alt/h, 33 rubis.
Funções | Horas, minutos, pequenos segundos, cronógrafo e data.
Caixa Ø 44 mm | Aço polido, com exceção de uma das versões que tem caixa em aço e coroa e botões em ouro 18kt. Vidro em cristal de safira com tratamento antirreflexo am ambos os lados. Estanque até 100 metros.
Mostrador | Preto, azul ou verde, consoante a referência. Indexes aplicados e com Super-Luminova® branca.
Bracelete | Aço ou pele de aligátor, consoante a referência.
Preço | Sob consulta
Visite o site oficial da TAG Heuer ou o site da Torres Distribuição para mais informações.
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