Quinze anos após o seu lançamento, o Lange 1 Time Zone foi atualizado com um novo movimento de manufatura que tem em conta o tempo de verão e afinações estéticas que tornam o modelo para viajantes da A. Lange & Söhne ainda mais apelativo. Estão disponíveis três versões: ouro branco, ouro rosa e ouro amarelo.

Não é raro que um relógio emblemático acabe por dar azo ao nascimento de uma linha completa – foi o que sucedeu também com o Lange 1, o grande ex-libris da nova era da A. Lange & Söhne iniciado com a reintrodução da marca em 1994, na sequência da queda do Muro de Berlim. E uma das suas variantes mais populares é o Lange 1 Time Zone. Lançado em 2005 e com uma ligeira atualização estética através da adição de indicações luminescentes na versão em ouro branco de 2011, o Lange 1 Time Zone foi agora, quinze anos após a sua estreia, completamente renovado — embora, à primeira vista, pareça igual.

Mas os clássicos são assim mesmo, eternos. Embora aparentando não mudar, são constantemente atualizados para manterem os padrões de excelência bem elevados ao longo dos tempos — e é precisamente isso que sucede com o Lange 1 Timezone, com os seus dois submostradores assimétricos para dois fusos horários distintos e um anel com os 24 principais fusos horários na periferia. Até porque as mudanças são sempre discretas numa marca tão tradicional como a A. Lange & Söhne, o que não quer dizer que possam ser significativas… e há mesmo muito a dizer sobre a nova geração do modelo da firma saxónica destinado aos viajantes, mesmo numa altura em que a pandemia continua a restringir severamente as deslocações entre países.

Viagem no tempo

A ligação da Lange aos múltiplos fusos horários remonta ao século XIX; na sequência da Conferência Internacional que estabeleceu a divisão do globo em 24 meridianos em 1884, os mestres relojoeiros da manufatura germânica fizeram relógios de bolso com dois fusos horários. Exatamente 110 anos depois, foram apresentados os primeiros relógios Lange da nova era — com o Lange 1 a destacar-se entre o quarteto de modelos. E o mais emblemático relógio da coleção, que em 2019 celebrou as suas Bodas de Prata com dez variantes (incluindo o Lange 1 Time Zone 25th Anniversary) de modelos comemorativos em edição limitada, mantém-se tão atual e apelativo como aquando da sua estreia em 1994, mas entretanto foi servindo de base a múltiplas variantes e ganhando novos horizontes celestiais e internacionais. Em 2002, recebeu uma janela para as fases da Lua. Em 2003, cresceu um pouco (de 38,5 para 41,9 milímetros) e surgiu declinado num exclusivo conjunto de dois exemplares com a correta amostragem das fases da Lua a partir dos dois lados do Equador. A etapa seguinte, antes de várias outras, foi a adição de um segundo fuso horário capaz de apresentar as horas em qualquer ponto do mundo.

Como qualquer viajante — sobretudo nas transferências intercontinentais! — poderá confirmar, atravessar as diferenças horárias pode causar desconforto e frustração; o Lange 1 Time Zone nasceu em 2005 e foi concebido precisamente para facilitar a leitura do tempo de origem e do tempo local. Se o tempo de origem (ou seja, de ‘casa’) assume prioridade para o utilizador, é apresentado no maior dos dois submostradores descentrados — enquanto um par de ponteiros mostra outro fuso horário no mais pequeno. Mas se o utilizador está noutro país que não o seu e pretende que a hora local seja apresentada no submostrador maior, um engenhoso mecanismo torna possível inverter a prioridade dos dois fusos horários. Foi essa a grande originalidade do Lange 1 relativamente aos seus congéneres de outras marcas — um relógio que chegou a ser protagonista da capa da edição número 64 da nossa revista, que foi para as bancas em outubro de 2018.

O grande trunfo técnico do Lange 1 Timezone residiu no mecanismo de ‘transição’ sincronizado entre os dois fusos horários — ligado à data (sobredimensionada, na habitual janela dupla) e à indicação progressiva dia/noite (em pequenos círculos com setas), tal como também a hora principal está associada ao disco exterior com os 24 fusos horários e correspondentes metrópoles principais representativas. Todas as alterações são facilmente executadas com o recurso aos botões do lado direito da elegante caixa, que ostentava 41,9 milímetros de diâmetro e estava disponível em ouro amarelo, ouro rosa ou platina. Lá dentro batia o calibre L031.1 de corda manual, com mais de 72 horas de reserva de marcha e decorado segundo os padrões estéticos típicos da cidade de onde é originário.

Agora, em 2020 e no arranque de uma nova década, o novo calibre L141.1 leva ainda mais longe todas as qualidades do seu predecessor. No novo Lange 1 Time Zone, a autonomia mínima de 72 horas e a frequência de 21.600 alternâncias/hora mantêm-se, tal como as proporções da caixa (41,9mm de diâmetro por 10,9mm de espessura); o fundo transparente em vidro de safira exibe a habitual riqueza técnica e estética, com a característica platina de 3/4 feita em alpaca e sendo decorado à boa maneira da marca saxónica — incluindo châtons de ouro e galo do balanço gravado à mão com a decoração típica de Glashütte.

As novidades estéticas do mostrador tipicamente assimétrico da família Lange 1 prendem-se com os anéis indicadores do dia/noite no centro de ambos os submostradores, tanto no principal como no secundário, para uma leitura mais intuitiva graças ao semicírculo azul da segunda metade do dia (a fase mais noturna, das 18 horas às 6 horas da manhã) — quando antes essa indicação era proporcionada por uma seta rotativa. Os correspondentes discos rodam uma vez a cada 24 horas, ao passo que os ponteiros das horas e dos minutos completam duas revoluções diárias.

A outra estreia prende-se com a pequena abertura existente na seta dourada aplicada às 5 horas que indica que a localidade de referência para o fuso horário escolhido foi determinada. Se surge o vermelho na abertura, isso quer dizer que que a correspondente cidade adotou o sistema de horário de verão (DST: Daylight Saving Time); nesse caso, tem de ser adicionada uma hora ao correspondente fuso horário desde a primavera até ao outono no hemisfério norte — e desde o final do verão até à primavera no hemisfério sul. Se não há regime de Daylight Saving Time numa determinada cidade, o indicador permanece claro ao longo do ano.

O ajuste do segundo fuso horário faz-se através do anel das cidades representativas dos 24 fusos horários. Quando o botão às 8 horas é premido, o disco avança do oeste para o este num incremento de uma hora. Ao mesmo tempo, ao ponteiro da hora no submostrador mais pequeno avança uma hora e passa a indicar o tempo da cidade por baixo do aplique dourado em forma de seta. Os ponteiros no submostrador principal podem ser independentemente ajustados para a hora local ou qualquer outro fuso horário. E a distinção entre os dois submostradores é, para além do tamanho, acentuada pela utilização de algarismos árabes num e romanos noutro. O galardoado sistema de sincronização que torna o Lange 1 Time Zone tão único mantém-se: basta puxar a coroa para a posição 2 e pode trocar-se o tempo do submostrador principal com o tempo do submostrador secundário — ou seja trocar o ‘local time’ pelo ‘home time’.

Como funciona o sistema? Através da alavanca corretora, o movimento do botão dos fusos horários é transferido para a estrela corretora com quatro dentes. Está conetada rigidamente à roda corretora que é solidária com a engrenagem do anel das cidades e que avança no sentido dos ponteiros em incrementos de 1/24 do círculo, o equivalente a 15 graus. A moção do anel das cidades transfere-se para o pinhão de correção das cidades e depois para a roda de correção dos fusos horários. Através dos dentes protuberantes do pinhão de correção das cidades, o pinhão e a roda estão apenas engajados durante o processo de mudança; depois voltam a separar-se. Através da roda indicadora do dia e da noite e de uma roda intermediária, o movimento giratório da roda de correção muda o tubo da roda com 12 dentes das horas, fazendo com que a hora dos fusos mundiais avance em incrementos de uma hora.

O novo Lange 1 Time Zone está disponível em três combinações: ouro rosa com mostrador prateado, ouro branco com mostrador preto e uma terceira variante em ouro amarelo com mostrador champanhe limitada a 100 exemplares exclusivos das boutiques Lange.

Concurso de elegância 

Já se sabe que a Lange & Söhne é uma marca que não segue os trâmites de marketing habituais na indústria relojoeira e não tem sequer uma política de patrocínios a eventos ou de associação a embaixadores, sendo a única exceção alguns certames de viaturas vintage como o prestigiado Concorso d’Eleganza Villa d’Este — com o dono do veículo clássico vencedor a receber precisamente um Lange 1 Time Zone personalizado com uma gravação no fundo de tampa e a colocação de Como no disco das cidades em representação da Hora Central Europeia. Já acompanhámos in loco o concurso em mais do que uma ocasião no norte de Itália e anualmente temos anunciado tanto os vencedores como o exemplar personalizado (com fundo de tampa e gravação) atribuído ao feliz proprietário.

Como no ano passado. Este ano, a edição do Concorso d’Eleganza Villa d’Este estaria associada ao lançamento da nova geração do Lange 1 Time Zone, mas a pandemia forçou ao cancelamento do evento e à conduziu apresentação virtual dos três novos exemplares…

Esperamos ter o novo Lange 1 Time Zone brevemente entre mãos para uma sessão fotográfica personalizada ou mesmo para uma reportagem semelhante à que fizemos no Porto com o seu antecessor, que se revelou extremamente fotogénico na Cidade Invicta. Percorremos então as várias zonas do Porto e aproveitámos para tirar wristshots nos locais mais emblemáticos. O resultado foi espetacular e vale a pena recordá-lo: o portfolio resultante foi tão vasto quanto rico.

Não há dúvida: o novo Lange 1 Time Zone vem dar-nos mais vontade de viajar numa altura em que as perspetivas de o fazer ainda não são as melhores…