A 129.ª edição de Roland-Garros ficou concluída de modo apoteótico com uma das melhores finais de todos os tempos — e com a Rolex a reforçar a sua hegemonia no ténis, com algumas exceções de relevo entre as marcas relojoeiras independentes.
Quem ganhou Roland-Garros? Este ano, a resposta tem de ser mais filosófica do que o habitual. Acima de tudo, ganhou o ténis. Ganhou o desporto. Ganhou o fair-play. E… ganhou a Rolex: não só por ser official timekeeper do maior torneio do mundo em terra batida, mas também porque fez a dobradinha relativamente aos campeões de singulares homens (Carlos Alcaraz) e singulares senhoras (Coco Gauff) — e o relógio que cronometrou a final masculina no Court Philippe Chatrier esteve sempre em destaque porque se tratou da mais longa final de sempre em Paris e a segunda mais longa de sempre na secular história dos eventos do Grand Slam.

E o relógio marcava 5h29m quando finalmente Carlos Alcaraz bateu Jannik Sinner no termo de uma cimeira entre os dois melhores tenistas mundiais que foi uma autêntica montanha russa de emoções e com um nível de jogo estratosférico. Tanto o espanhol como o italiano são embaixadores Rolex desde que eram teenagers e as razões da aposta da marca genebrina neles ficaram bem patentes ao longo de um duelo sem tréguas que capturou a imaginação do mundo desportivo. Com permanentes demonstrações de desportivismo enquanto se degladiavam a uma velocidade vertiginosa, provaram ser os dignos herdeiros da extraordinária geração de Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic — com muitos analistas a considerar mesmo que conseguiram jogar consistentemente a um nível ainda mais elevado do que o visto nos já lendários confrontos entre os Big 3.

Carlos Alcaraz impôs-se a Jannik Sinner por 4-6, 6-7, 6-4, 7-6, 7-6. Salvou três match-points consecutivos no seu serviço a 3-5, 0/40 no quarto set e de seguida recuperou o break de atraso para encetar uma mítica remontada. A dramaturgia subiu ainda mais de tom quando o espanhol serviu para o título a 5-4 no quinto set e Jannik Sinner fez o contra-break. Tudo ficou decidido no tie-break da quinta partida, que Carlitos jogou de modo excecional. E depois puseram ambos no pulso um Daytona em ouro com bracelete Oysterflex para a cerimónia que se seguiu. Até nisso estiveram equiparados até ao fim!


A escolha do espanhol foi o novo Daytona em ouro amarelo e mostrador azul turquesa, ao passo que o italiano optou por um Daytona em ouro Everose — dois cronógrafos que constam do catálogo atual da Rolex. Entre os restantes embaixadores da marca da coroa em destaque na quinzena parisiense, Lorenzo Musetti foi semifinalista e tanto Holger Rune como Ben Shelton chegaram aos oitavos-de-final; o jovem brasileiro João Fonseca, a mais recente ‘aquisição’, perdeu na terceira ronda mas deu muito que falar e é claramente um jogador que no futuro irá ombrear com os melhores.

Na vertente feminina, a campeã feminina Coco Gauff continua a usar o mesmo Oyster Perpetual com mostrador grape (um tom uva entre o bordeaux e o púrpura) que é o seu talismã desde que lho foi oferecido quando tinha 15 anos, embora como testimonee da Rolex possa escolher qualquer outro modelo; a norte-americana impôs-se na final de singulares senhoras à bielorussa Aryna Sabalenka (embaixadora Audemars Piguet que usou um Royal Oak em ouro com mostrador turquesa) por 6-7, 6-2 e 6-4. Já a polaca Iga Swiatek, também ela embaixadora Rolex e campeã em Roland-Garros por quatro vezes nos últimos cinco anos, não ultrapassou as meias-finais.

Foi a primeira vez desde 1984 (Ivan Lendl bateu John McEnroe e Chris Evert ganhou a Martina Navratilova) que ambas as finais individuais de Roland-Garros foram jogadas entre os dois primeiros do ranking mundial. E, tal como há 41 anos, os segundos cabeças-de-série impuseram-se aos líderes do hierarquia na sequência de equilibradíssimos duelos. Mas o embate entre Alcaraz e Sinner foi de antologia e é mesmo um dos melhores de todos os tempos, havendo até quem arrisque dizer que nunca antes se jogou ténis a um nível tão elevado.
Independentes e surpresas
Já se sabe que o ténis é uma modalidade especialmente apetecível para as marcas relojoeiras, tendo em conta a sua popularidade global e a auréola de prestigio que a envolve. Hoje em dia, colocar um relógio (patrocinado ou escolha pessoal) no pulso antes da on-court interview após cada encontro é um cenário perfeitamente natural no contexto do ténis contemporâneo. E mesmo que todos reconheçam a hegemonia da Rolex no circuito profissional (patrocina todas as principais competições, para além de ter como testimonees muitos dos melhores tenistas da atualidade e velhas glórias do passado), muitas marcas não hesitam em se associar a outros torneios ou jogadores.

É o caso da Gerald Charles, a marca fundada por Gerald Genta cujo CEO, Federico Ziviani, é um grande adepto da modalidade. E na recente edição de Roland-Garros chegou a um título do Grand Slam graças ao italiano Andrea Vavassori — que utilizou no pulso um GC Sport em titânio polido e mostrador azul no seu trajeto até ao triunfo em pares mistos, ao lado da compatriota Sara Errani. A Gerald Charles lança regularmente modelos GC Sport dedicados ao ténis com a coroa à esquerda (para não raspar no pulso) e o ex-top 10 mundial Hubert Hurkacz, que usou um GC Sport com mostrador de terra batida no pulso quando ganhou o Millennium Estoril Open em 2024, utilizou no pó-de-tijolo parisiense o novo modelo com mostrador amarelo ótico evocativo das bolas de ténis.

A grande novidade do torneio em termos relojoeiros foi a estreia de Andrey Rublev como embaixador da marca de alta-relojoaria contemporânea Vanguart, depois de ter estado vários anos associado à Bulgari. Utilizou um modelo Orb com turbilhão volante em alguns encontros (mas não todos), quedando-se pelos oitavos-de-final. O seu amigo Alexander Bublik fez melhor ao qualificar-se pela primeira vez para os quartos-de-final de um torneio do Grand Slam com um B1.618 Ultrafino Flying Tourbillon Skeleton da Bianchet, outra jovem marca de alta-relojoaria contemporânea que tem no craque búlgaro Grigor Dimitrov um dos seus investidores.

Outra menção honrosa vai para uma marca de topo já habitué das lides tenísticas: a De Bethune, com o norte-americano Tommy Paul a atingir os quartos-de-final com um DB28xs Star Wheels no pulso. Desta vez, Jessica Pegula e Emma Navarro — as embaixadoras da De Bethune que no US Open de 2024 atingiram a final e as meias-finais de relógio no pulso — perderam numa fase mais precoce na chamada Catedral da Terra Batida.

Também se viram em Roland Garros modelos da Norqain no pulso de Stan Wawrinka e Matt Ebden; Karen Khachanov jogou o seu primeiro torneio do Grand Slam como embaixador da Cvstos e estreou a edição limitada Challenge K.Khachanov que ajudou a desenhar; Alexander Zverev agora está ligado à Jacob&Co e Daniil Medvedev tem usado o mais recente worldtimer da Bovet (o Récital 30).

Quanto ao campeoníssimo Novak Djokovic, que hoje em dia detém quase todos os recordes do ténis masculino, voltou a demonstrar a sua qualidade e longevidade ao atingir as meias-finais com 38 anos. Ao longo do torneio utilizou alternadamente o ‘seu’ relógio da Hublot — o Big Bang Unico Novak Djokovic de apenas 49 gramas de peso — com uma edição limitada do 20.º aniversário do Big Bang. Na vertente feminina, a veterana Elina Svitolina jogou sempre de Hublot no pulso até ser afastada nos quartos-de-final.

Para concluir, as escolhas mais surpreendentes fora da competição puderam ser vistas durante as transmissões televisivas — e que ‘capturámos’ precisamente a partir do ecrã. O antigo número um mundial Mats Wilander, que ganhou por três vezes em Roland-Garros (num total de sete títulos do Grand Slam conquistados entre 1982 e 1988) e é analista no Eurosport, surgiu com um Linde Werdelin 3-Timer de mostrador preto e correia de crocodilo; sendo ele sueco, pode dizer-se que mostrou solidariedade escandinava ao optar pela marca dinamarquesa co-fundada por Jorn Werdelin, que atualmente reside no Estoril. Mais inesperada ainda foi a escolha de um espetador que, por acaso, surgiu em primeiro plano a aplaudir vigorosamente uma jogada durante a extraordinária final masculina: tinha no pulso o superexclusivo Bulgari x MB&F Serpenti em ouro rosa… com a bizarra particularidade de o estar a usar ao contrário!

O próximo torneio do Grand Slam começa dentro de menos de três semanas — trata-se de Wimbledon, que desde 1978 é patrocinado pela Rolex numa das mais antigas associações (e talvez a mais famosa) na história do patrocínio desportivo.