A 138.ª edição de Wimbledon concluiu-se sob o domínio da Rolex — não só o mais prestigiado evento de ténis do mundo tem uma longa parceria com a marca genebrina, como os novos campeões (em homens e senhoras) são embaixadores. E depois há o caso especial dos modelos Datejust inspirados no torneio.
A presença da Rolex no ténis é fortíssima e bem documentada — e tem sido bem documentada pela Espiral do Tempo ao longo dos anos nas suas diversas plataformas. E a joia da coroa da marca da coroa no que diz respeito à associação à modalidade é mesmo Wimbledon, considerado primus inter pares entre os quatro torneios do Grand Slam e apontado como um dos mais prestigiados eventos desportivos do planeta… senão mesmo o mais prestigiado, e cada ano que passa parece reforçar essa primazia que lhe é atribuída por tanta gente.

A parceria da Rolex a Wimbledon é mesmo perfeita nas mais diversas vertentes e remonta a 1978, numa das mais antigas ligações contínuas na história do patrocínio desportivo. A associação ao ténis tornou-se ainda mais reforçada no dealbar do novo milénio e, gradualmente, os restantes três torneios do Grand Slam passaram a ter também a marca genebrina como official timekeeper, para além de todas as restantes mais importantes competições do circuito profissional (ATP Tour e WTA Tour) e um notável contingente de embaixadores no ativo ou velhas glórias já retiradas. E mesmo que haja cada vez mais marcas de relógios ligadas ao ténis com a associação a jogadores ou o patrocínio a torneios, a Rolex tem sido a grande dominadora até no plano desportivo: dos seis troféus individuais (três masculinos, três femininos) atribuídos este ano nos torneios do Grand Slam já jogados (Open da Austrália, Roland Garros e Wimbledon), cinco foram levantados por embaixadores Rolex: Jannik Sinner no Open da Austrália; Carlos Alcaraz e Coco Gauff em Roland Garros; e, agora, Jannik Sinner e Iga Swiatek em Wimbledon. A exceção foi Madison Keys, que ganhou na Austrália sem ter ligação a qualquer marca relojoeira.

Ou seja, a Rolex voltou a fazer uma dobradinha em Wimbledon — cinco semanas após de ter alcançado tal desiderato em Roland Garros. Mas o domínio na recente quinzena no All England Lawn Tennis Club foi bem para além das finais e dos títulos: três dos quatro semifinalistas masculinos são testimonees (Jannik Sinner, Carlos Alcaraz e Taylor Fritz) e duas das quatro semifinalistas femininas também (Iga Swiatek e Belinda Bencic). Para mais, a final individual masculina reforçou a rivalidade que há mais de um ano tem estado na moda e que recentemente atingiu patamares estratosféricos em Roland Garros, com um épico duelo que foi instantaneamente considerado como uma das cinco melhores finais de todos os tempos.

O italiano teve depois a oportunidade de se vingar do dramático desaire na terra batida parisiense ao bater o espanhol na relva londrina e os dois jovens craques voltaram a exibir no pulso os mesmos Daytona com bracelete Oysterflex que já tinham envergado na capital francesa: Jannik com a versão Everose com mostrador dourado ‘Sundust’, Carlitos com a nova variante em ouro amarelo de mostrador turquesa. Por sua vez, Iga Swiatek optou por ir ao Champions Ball com um Lady-Datejust de 28mm em ouro amarelo com bracelete President e algarismos romanos num mostrador branco, depois de ter usado uma equivalente versão Lady-Datejust em Oystersteel com algarismos romanos em mostrador preto e bracelete Jubilee.

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Mas se o Daytona tem sido claramente o relógio preferido das vedetas do ténis masculino atualmente vinculadas à Rolex e se o novíssimo Land-Dweller brilhou no pulso de gente ilustre presente na Royal Box (Roger Federer, Leonardo di Caprio e o CEO da marca Jean-Frédéric Dufour, embora Bjorn Borg continue a usar o seu habitual Day-Date 36 verde), há um relógio no catálogo que tem uma ligação explícita a Wimbledon. Não tão explícita de modo a que a Rolex o baptize com o nome da prestigiada competição (nem a Rolex tem o hábito de associar nomes de embaixadores ou eventos aos seus modelos), mas toda a gente no meio sabe o que é um Datejust ‘Wimbledon’ — tal como sabe o que é um GMT-Master II ‘Pepsi’ ou um Daytona ‘Paul Newman’, entre as dezenas de cognomes atribuídos aos mais emblemáticos (e mesmo a alguns mais desconhecidos) relógios da marca.

Ou seja, o tão mencionado ‘Mostrador Wimbledon’ não tem designação oficial porque a Rolex nunca o nomeou ‘Wimbledon dial‘, embora seja frequente os suportes comunicacionais associados aos modelos com essa tipologia de mostrador revelarem courts de relva ou detalhes reminiscentes do All England Lawn Tennis Club — que ao longo do recinto mostra ao público 12 relógios Rolex de parede (fora todos os que estão nas zonas reservadas dos edifícios). A comunidade relojoeira e os aficionados foram lestos em adotar o apelido ‘Wimbledon’ devido à combinação de cores que evoca o torneio e ao fato de Roger Federer o ter usado quando levantou o troféu após a épica final de 2009, quatro meses depois da sua apresentação na feira de Basileia.

O primeiro exemplar com ‘Mostrador Wimbledon’ foi lançado precisamente em março de 2009 com a referência 116333; a configuração original era um Datejust II com uma bracelete Oyster somente em versão Rolesor aço/ouro amarelo com aro canelado. Na altura, a intenção era apresentar um mostrador simples e moderno para complementar a introdução do Datejust II; o mostrador caraterizava-se por algarismos romanos em esmalte preto contornados a verde sobre um mostrador cinza-ardósia de acabamento raiado e index dourado às 9 horas preenchido com material luminescente. A partir de 2017, o mostrador passou a estar disponível no Datejust 41 (que sucedeu ao Datejust II) e ficou igualmente disponível no Datejust 36 desde 2021.

Atualmente, o ‘mostrador Wimbledon’ pode-se encontrar em 32 configurações possíveis — entre versões Oystersteel, Rolesor amarelo (aço/ouro amarelo), Rolesor branco (aço/ouro branco) e Rolesor Everose (aço/ouro rosa), com bracelete Oyster ou Jubilee, com luneta canelada ou lisa, nos diâmetros 41 ou 36mm. E, fazendo jus ao cognome, é frequente verem-se muitos exemplares nas bancadas dos courts do All England Lawn Tennis Club e também não é raro apanhar esses visitantes de Datejust ‘Wimbledon’ no pulso e a falarem entre si sobre o relógio. Aqui fica um olhar mais específico sobre a linhagem ‘dedicada’ ao mais lendário dos torneios de ténis.
O inaugural Datejust II ‘Wimbledon’
O primeiro Rolex dotado de um ‘Mostrador Wimbledon’ foi lançado no ano de 2009 em Baselworld, com a estreia do Datejust II — uma versão maior, com uma caixa de 41mm de diâmetro, do clássico Datejust de 36mm. Era uma única referência (mais precisamente a Ref. 116333) bicolor em aço e ouro amarelo, com aro canelado e dotada de uma bracelete Oyster, que rapidamente ganhou fama no pulso de Roger Federer… que ao ganhar Wimbledon nesse ano — e logo numa tremenda maratona de cinco sets diante de Andy Roddick — ultrapassou o recorde de 14 títulos do Grand Slam pertencente a Pete Sampras para então se tornar no melhor tenista de todos os tempos.

Os algarismos romanos em esmalte preto apresentavam um contorno verde que à primeira vista dava a ideia de que os numerais seriam totalmente verdes, mas trata-se de ilusão ótica; curiosamente, houve também uma versão de algarismos com contorno dourado e ainda uma de mostrador preto, mas apenas a versão ardósia com algarismos de contorno verde é considerada ‘Wimbledon dial‘.

O Datejust II seria substituído pelo Datejust 41 em 2016, somente sete anos depois. A Rolex raramente atualiza as suas linhas num tão curto espaço de tempo (sete anos é curto para a Rolex!), mas as afinações que redundaram no Datejust 41 foram cirúrgicas e pertinentes: o novo Datejust 41 apresentava o mesmo diâmetro, mas a ergonomia e todas as proporções foram trabalhadas de modo a que o relógio assentasse de maneira mais fina e elegante no pulso.
Datejust 41 ‘Wimbledon’

Como referido, a Rolex lançou o Datejust 41 em 2016 para manter em destaque no seu catálogo um Datejust de dimensões mais consideráveis. Para além da afinação arquitetural da caixa e da bracelete, o novo Datejust 41 recebeu o Calibre 3235 de nova geração e passou a dispor de duas opções que o Datejust II precedente não tinha: bracelete Jubilee e uma variante bicolor em aço com ouro rosa.

No caso específico do ‘Mostrador Wimbledon’, a Rolex assegura atualmente todas as configurações possíveis no Datejust 41 — já que está disponível independentemente do metal, da luneta ou da bracelete. Sempre com os identificativos algarismos romanos esmaltados em preto sem luminescência (apenas o marcador das horas e os ponteiros das horas e minutos têm revestimento Chromalight) contornados a verde, sobre um fundo em cinza-ardósia de reflexos raiados soleillé a partir do centro.
Datejust 36 ‘Wimbledon’
A Rolex lançou a coleção Datejust 36 da nova geração em 2018, motorizada pelo Calibre 3235 atualizado com 70 horas de reserva de marcha. Na presente década, e mais concretamente a partir de 2021, os Datejust 36 também passaram a ser dotados do ‘Mostrador Wimbledon’ — num tamanho versátil que tanto pode ser usado por homens como por mulheres, com particular destaque para o público masculino que ultimamente tem adotado diâmetros mais contidos abaixo dos 40mm.

Tal como sucede no tamanho de 41mm, os modelos Datejust 36 com ‘mostrador Wimbledon’ estão disponíveis numa alargada variedade de metais e são combinados com os dois tipos de lunetas (canelada ou polida) e de braceletes (Oyster ou Jubilee) caraterísticas da linha Oyster Perpetual Datejust. Mas, comparativamente com o Datejust 41, a variedade é maior no Datejust 36 ‘Wimbledon’ porque estão igualmente disponíveis lunetas com diamantes.
Que ‘Wimbledon’virá a seguir?
Em menos de duas décadas, mais precisamente de 2009 a 2025, os Datejust alusivos a Wimbledon passaram de uma única referência para um total atual de… 32 variantes.

O que só quer dizer que se trata de uma aposta declarada da Rolex e que a clientela da marca é muito apreciadora — e basta visitar Wimbledon, ou mesmo ver o torneio pela televisão, para se perceber o porquê. A simbologia é incontornável e a Rolex já faz parte da mística wimbledoniana, destacando-se o seu logótipo no scoreboard de courts que permanecem imaculados relativamente a qualquer outro tipo de sponsorização.

O ‘mostrador Wimbledon’ permanece um exclusivo da linha Datejust e a Rolex, tal como o próprio torneio de Wimbledon, faz da tradição um alicerce fundamental da sua existência. Mas é sempre bom alvitrar e antecipar eventuais variações ou exercícios de estilo. O que poderá a marca da coroa fazer futuramente para coroar a sua estreita ligação à Catedral do Ténis?

Tendo em conta que a maior parte dos testimonees masculinos da marca têm adotado incondicionalmente o Daytona, em especial as novas supervedetas Carlos Alcaraz e Jannik Sinner os Daytona com bracelete Oysterflex, a Rolex teria um sucesso estrondoso com a aplicação de um ‘Mostrador Wimbledon’ ao seu famoso cronógrafo. Mas estamos já a entrar no âmbito da especulação — e todos os anos a crítica especula sobre os novos Rolex a serem desvelados no Watches and Wonders sem conseguir acertar qualquer vaticínio…