A 93.ª edição das 24 Horas de Le Mans realiza-se neste fim-de-semana. A Rolex é title sponsor da mítica corrida de endurance, mas outras marcas estarão envolvidas — até porque a associação entre a relojoaria mecânica e os desportos motorizados é histórica e está pejada de lendas.
O circuito de La Sarthe, nas imediações da localidade francesa de Le Mans, já está pronto para acolher a 93ª edição da mais prestigiada competição de resistência do mundo — e este ano a corrida promete: o elenco de 21 Hypercars entre os 62 carros inscritos é impressionante e envolve muitas das mais credenciadas escuderias do planeta, há representação portuguesa com pilotos em três categorias e ainda uma equipa lusa. Ou seja, estão reunidos os ingredientes para uma prova memorável que terá início às 15h00 de sábado e conclusão à mesma hora do dia seguinte (mais uma hora no fuso horário local). A bandeirada de partida será dada por Roger Federer… não só por ser um campeão do ténis que é também um dos melhores desportistas de sempre, mas também por ser embaixador da Rolex.

E a Rolex é o principal patrocinador das 24 Horas de Le Mans, mantendo uma longa associação ao desporto motorizado que tem especial incidência nas provas de endurance e premiando os vencedores das diversas categorias de Le Mans e Daytona com um cronógrafo Daytona. É mesmo a única circunstância em que a marca da coroa oferece relógios… e todos os pilotos, mesmo aqueles que eventualmente possam ter contrato pessoal ou via equipa com outras marcas, desejam ter um Daytona com a inscrição ‘Winner’ gravada no fundo. Este ano, o modelo escolhido para premiar os vencedores foi a referência em aço com mostrador preto e luneta preta Cerachrom.

A luta pelo triunfo promete ser espetacular: o elenco da categoria Hypercar é composto por 21 carros de oito construtores diferentes — Ferrari, Porsche, Toyota, Cadillac, BMW, Alpine, Peugeot e a recém-chegada Aston Martin (que regressa pela primeira vez desde 2011). Apesar do pedigree das várias equipas, o favoritismo está do lado da Ferrari porque a escuderia de Maranello triunfou nas últimas duas edições e está invicta na época em curso, tendo vencido as três provas do Campeonato Mundial de Resistência já disputadas na presente temporada.

A rivalidade entre tão laureados construtores é enorme e o troféu em compita o mais prestigiado do planeta. Por isso, de modo a reforçar as suas hipóteses de triunfar em Le Mans, a Porsche e a Cadillac inscreveram os seus carros e pilotos do campeonato IMSA: os alemães adicionaram um Porsche pilotado por Felipe Nasr, Nick Tandy e Pascal Wehrlein, enquanto os norte-americanos juntaram os carros da Wayne Taylor Racing e da Action Express Racing aos habituais Cadillac da Hertz Team Jota. A Aston Martin estará particularmente em foco no seu regresso. E muitas das escuderias ostentam nos seus veículos os logótipos de marcas relojoeiras às quais estão institucionalmente ligadas, como sucede com a Ferrari e a Richard Mille ou a Aston Martin e a Girard-Perregaux — enquanto noutros casos se trata de patrocínios exclusivos de uma equipa ou de parcerias pontuais.
Participação Lusa
No que diz respeito aos portugueses, o já habitué Filipe Albuquerque (único representante luso na edição transata) faz-se acompanhar este ano de António Félix da Costa e Bernardo Sousa. Para Filipe Albuquerque, que já ganhou quatro Daytonas (dois em Daytona e dois em Le Mans!), é um muito desejado regresso à categoria principal após um interregno de uma década noutras categorias: na sua 12ª participação, o piloto conimbricense dividirá o Cadillac número 101 da Wayne Taylor Racing com os irmãos Ricky e Jordan Taylor. No que diz respeito a Félix da Costa, será a sétima participação em Le Mans e o regresso à categoria LMP2; o piloto da Porsche no Mundial de Fórmula E estará, juntamente com François Perrodo e Matthieu Vaxiviere, aos comandos do Oreca 07-Gibson número 183 da AF Corse. Já o madeirense Bernardo Sousa, que é o único português que está a disputar a temporada completa do Mundial de Resistência, fará a sua estreia absoluta em Le Mans na categoria LMGT3, partilhando o Ford Mustang número 77 da Proton Competition com os britânicos Bem Tuck e Benjamin Barker.

Também se destaca a participação dos dois carros da equipa portuguesa Algarve Pro Racing na categoria LMP2. E, obviamente, todos os outros grandes pilotos que fazem parte do elenco da corrida. Mesmo que a sobreposição de datas com o Grande Prémio do Canadá impossibilite a presença de atuais pilotos do Campeonato do Mundo de Fórmula 1 em Le Mans, a 93.ª edição conta com muitos nomes conhecidos que já estiveram associados à disciplina máxima do desporto motorizado: dos 63 pilotos inscritos na categoria Hypercar, 17 já competiram em Grandes Prémios de Fórmula 1; entre os ex-pilotos de Fórmula 1 mais conhecidos estão os já veteranos Jenson Button (há muito um Rolex testimonee) e Robert Kubica, para além de pilotos de um passado mais recente como Kevin Magnussen, Mick Schumacher e Nyck de Vries.

O recordista de vitórias em Le Mans é o dinamarquês Tom Kristensen, que por nove vezes ergueu o troféu no circuito de La Sarthe e é um dos mais relevantes embaixadores da Rolex. A britânica Jamie Chadwick também é embaixadora da Rolex e foi a primeira mulher piloto a ganhar uma corrida na categoria LMP2; estará igualmente no centro das atenções em La Sarthe.

Le Mans forma com o Grande Prémio do Mónaco de Fórmula 1 e as 500 Milhas de Indianápolis a tríade sagrada do desporto motorizado, sendo também o vértice da troika das corridas de resistência com as 24 Horas de Daytona e as 12 Horas de Sebring — todas as três patrocinadas pela Rolex, que também é official timekeeper do FIA World Endurance Championship (WEC) e da International Motor Sports Association (IMSA).

Organizada desde 1923, as 24 Horas de Le Mans celebraram o centenário em 2023 com a cumplicidade da Rolex (através de uma exclusiva versão do Daytona) e é a mais antiga prova de endurance vigente e a sua história mistura-se com a lenda.
Filmes e Lenda

É natural que tão mítica competição tenha capturado o imaginário dos aficionados e o interesse de Hollywood, com dois filmes a sobressaírem. Le Mans é de 1971 e tem Steve McQueen como protagonista; retrata a corrida misturada com a vida atribulada de um piloto americano que volta ao circuito após um acidente e o seu romance com a viúva de outro piloto que pereceu nesse acidente. Le Mans 66: O Duelo é de 2019 e conta a história da rivalidade entre a Ford e a Ferrari na década de 60; Matt Damon interpreta o designer Carroll Shelby e Christian Bale interpreta o piloto Ken Miles, trabalhando juntos para desenvolver um carro capaz de vencer as 24 Horas perante a forte concorrência europeia.

Tal como a Rolex, também a TAG Heuer é uma marca historicamente associada às corridas automóveis e até sucedeu à marca da coroa como official timekeeper da Fórmula 1; não obstante essa aposta, terá a sua insígnia em várias equipas a competir em Le Mans, como já é habitual… ou não tivesse a mítica corrida contribuído para a lenda da marca — precisamente através do filme Le Mans, no qual Steve McQueen usou um exemplar do emblemático cronógrafo quadrilátero Monaco que tem batido recordes em leilão.

A festa dos outros
Para além de grandes potentados da relojoaria como a Rolex, a TAG Heuer e a Richard Mille, Le Mans representa também uma bela oportunidade para as marcas mais pequenas se associarem à ocasião através de patrocínios pontuais ou associações particulares a pilotos. É o caso da Maurice de Mauriac, que até tem no seu catálogo uma linha Racing que inclui o modelo Chrono Modern ‘Le Mans’. E que em Le Mans estará no pulso de Finn Gehrsitz, o emergente piloto alemão de 20 anos que é treinado pela lendária Ellen Lohr (única mulher a vencer uma corrida no DTM) e que será um dos mais jovens participantes na 93ª edição da corrida.

O conceito do Chrono Modern ‘Le Mans’ da Maurice de Mauriac combina um número escolhido com listas longitudinais — as chamadas Racing Stripes, que surgiram na década de 1950 como uma forma de distinguir equipas e adicionar um elemento visual aos veículos; embora o propósito inicial fosse a identificação, essas listas tornaram-se um símbolo de desempenho, velocidade e aerodinâmica, capturando a imaginação dos apaixonados por carros de corrida e sendo muito populares entre os aficionados do automobilismo.

Finn Gehrsitz usará um cronógrafo Chrono Modern Racing ‘Le Mans’ com o número 78 do seu carro e listras tricolores azul-branco-vermelha. O movimento automático integrado é alimentado por uma massa oscilante em forma de volante que inclui a gravação ‘Finn Le Mans 2025’. Cada modelo Chrono MOdern ‘Le Mans’ é adornado com um Número da Sorte escolhido pelo cliente (qualquer número de 1 a 99 é possível) e uma bracelete NATO ou uma bracelete metálica de cinco elos.
Velocidade e Quilómetros
Ao contrário de corridas com distâncias fixas cujo vencedor é determinado pela rapidez no mais curto espaço de tempo, as 24 Hoars de Le Mans é uma prova de duração pré-determinada cujo vencedor é o carro que mais distância percorre em 24 horas. E os bólides participantes podem atingir 366 km/h (o recorde é 407 km/h na reta de Mulsanne em 1988, levando depois à criação de chicanes para maior segurança). Mas o mais importante é combinar a velocidade com a resistência mecânica ao longo de 24 horas, daí Le Mans ter sido sempre crucial enquanto campo preferencial de experimentação — não só para fabricantes de motores e carrosserias, mas também de pneus, óleos e travões. É o teste supremo.

Muitas vezes as condições meteorológicas tornam a prova ainda mais difícil: calor extremo e chuvas torrenciais — ou a combinação dos dois. Atualmente, os competidores ultrapassam os 5.000 quilómetros em 24 horas e o recorde foi estabelecido em 2010: 5.410 km, seis vezes a extensão das 500 Milhas de Indianápolis e mais de 18 vezes a de um Grande Prémio de Fórmula 1.

Foi precisamente em Le Mans que um vencedor/campeão iniciou a prática de banhar os espetadores com champanhe, hoje em dia incontornável em qualquer corrida ou mesmo evento desportivo: aconteceu quando Dan Gurney triunfou na edição de 1967 com A.J. Foyt e decidiu polvilhar o CEO da Ford, Henry Ford III, Carroll Shelby, dono da equipa, as respetivas mulheres e também vários jornalistas. Quem vai dar banho de champanhe e receber Daytonas no próximo domingo?
As 24 Horas de Le Mans podem ser acompanhadas na sua totalidade no canal Eurosport.