Qualquer aficionado de relojoaria desejaria receber o seu relógio de sonho como presente de Natal. A 16ª edição do concurso WOTY proporcionou uma lista para todos os bolsos com uma obra-prima (da Vacheron Constantin) consagrada primus inter pares e ainda celebrou um grande vulto da indústria (o mestre Kari Voutilainen).
Em fase de rescaldo anual e na véspera de Natal, vale a pena recordar os preferidos e lançar para o debate sugestões de presentes. Já se sabe que os últimos meses da temporada relojoeira contam sempre com as famosas eleições de relógio do ano — e escolher os melhores modelos é sempre um interessante exercício para quem faz a seleção e uma excelente fonte de debate para quem observa, sendo que as categorias implementadas e o regulamento do concurso também influem muito na seleção.

Este ano, já aqui reportámos duas relevantes eleições de relógio do ano — os Temporis Awards, realizados em Zurique, e o Grand Prix d’Horlogerie de Genève, que assume o estatuto de Óscares da Relojoaria, a par da nova iniciativa Timepiece World Awards realizada em Toronto. Agora, e como também sucede anualmente, damos conta do concurso CH24 Watch Of The Year promovido pelos nossos colegas da plataforma ch24.pl; depois de, na comemoração do seu 15º aniversário, os prémios de 2024 terem sido entregues porta a porta das marcas ganhadoras numa inesquecível road trip que foi de um lado ao outro da Suíça, a 16ª edição voltou às origens e à cidade de Varsóvia para a cerimónia de entrega de prémios.

O palco do evento de entrega de prémios do CH24 Watch of the Year teve lugar num dos pisos superiores do icónico Hotel Warszawa, mais precisamente no acolhedor restaurante ‘Szóstka’ — e incluiu uma refeição preparada pelo galardoado chef Dariusz Barański que satisfez os paladares mais exigentes. E os relógios anunciados como vencedores também atenderam ao exigente paladar do júri, uns com maior e outros com menor unanimidade. Mas foi essa a opção feita por Tomasz Kieltyka e Lukasz Doskocz, os mentores da iniciativa, juntamente com Elizabeth Doerr, (EUA) Frank Geelen (Holanda; Monochrome), Kristian Haagen (Dinamarca), Jan Lidmansky (Chéquia), Lex Stolk (Holanda; Fratello Watches) e o autor destas linhas, a par dos ‘locais’ Mateusz Musielak, Magdalena Piekarska, Jakub Filip Szymaniak e Wadim Zalewski.

A lista de vencedores da 16ª edição do CH24 Watch of the Year confirma que as tendências em constante mudança continuam a moldar a indústria relojoeira contemporânea. A abordagem tradicional, tanto em relação à estética como à mecânica relojoeira, mantém-se em ascensão. Embora o mercado esteja a enfrentar uma certa recessão e um abrandamento em diversas vertentes, a criatividade das marcas dos grandes grupos e das marcas independentes resulta sempre numa série de novos produtos interessantes. Essa criatividade, que se expressa num claro respeito pela tradição (e por aquilo que universalmente consideramos intemporal), pela mais elevada qualidade e pelo bom gosto, normalmente sai sempre premiada. Foi o que aconteceu em mais uma eleição CH24 Watch Of The Year.

No caso específico da iniciativa CH24 Watch of the Year, as categorias sempre foram menos e mais focadas do que noutros concursos — seis, juntando-se-lhe um Prémio Especial do Júri anualmente atribuído a uma personalidade ou instituição e um Prémio Especial do Público na sequência de uma votação on-line, sendo depois consagrado um relógio vencedor entre os modelos galardoados. Os vencedores de 2025 já foram anunciados e aqui está a respetiva lista:
Relógio masculino:

Jaeger-LeCoultre Reverso Tribute Monoface Small Seconds. Uma tendência indiscutível dos últimos tempos é o orgulhoso regresso dos relógios clássicos e de forma (ou seja, não redondos), com todo o seu minimalismo estético, funcionalidade simples e forma elegante. Os dress watches estão a sair-se muito bem, despertando emoções totalmente novas nos colecionadores que apreciam os relógios tradicionais. O Jaeger-LeCoultre Reverso Monoface — vencedor da categoria do Relógio Masculino — combina as formas icónicas, geométricas e elegantes do clássico Reverso com o tom quente do ouro rosa.


O ouro é utilizado não só na caixa, mas também na surpreendente bracelete de malha, fantasticamente ergonómica e elegante. Embora o Reverso tenha ADN desportivo (o pólo, em 1934!), foi concebido como um fato perfeitamente ajustado, e adapta-se ao pulso como tal.
Relógio desportivo:

Chopard Alpine Eagle 41 SL Cadence 8HF. Um verdadeiro relógio com caráter desportivo deve possuir diversas características que permitam a sua utilização em praticamente qualquer ambiente. Uma delas é a durabilidade, que não impediu a Chopard de a combinar com um mecanismo inovador. O Alpine Eagle 8 Hz possui um exterior leve em titânio, aliado a um mecanismo de alta frequência de alta qualidade. A experiência é realçada por um visual muito técnico em cores escuras, contrastado por alguns detalhes em laranja.


Entre os modelos Alpine Eagle de design integrado reminiscente da década de 70 que regressaram em força ao mercado, o Alpine Eagle 8 Hz destaca-se pela sua singularidade e vanguardismo.
Relógio de senhora:

Hermès Cut Le Temps Suspendu. Como combinar um design intrigante, uma excelente mecânica relojoeira e um toque de magia? A Hermès encontrou a receita perfeita com a mais recente versão do Cut: o Le Temps Suspendu. O relógio de formato meio arredondado/meio cushion e ergonómico, esculpido em ouro rosa, apresenta uma complicação que permite alcançar o praticamente impossível: suspender o tempo.


Um simples toque de botão e parece congelar numa quietude poética, para regressar ao seu estado original um instante depois. Um pouco de magia num relógio de conceito lírico.
Relógio de homem até 3.500 euros:

Seiko King Seiko Vanac SLA083. A posição do fabricante japonês Seiko na categoria de relógios acessíveis e de alta qualidade permanece incontestável há anos. O King Seiko Vanac — o vencedor deste ano na categoria até 3.500 euros — é um modelo em aço com um design integrado e formas distintas, meticulosamente trabalhado pela Seiko até ao mais ínfimo detalhe.


Baseado em referências de arquivo e com uma personalidade vincadamente ‘facetada’, o Vanac é um relógio desportivo, mas com um toque de descontração expresso pelo mostrador violeta e por algumas aplicações douradas.
Relógio de senhora até 3.500 euros:

Frederique Constant Classics Manchette. As mulheres que procuram o relógio perfeito dão sempre grande importância à sua estética. Um relógio deve ser uma peça de joalharia requintada que realce o carácter e as paixões de quem o usa. O Frederique Constant Classics Manchette assemelha-se a uma bracelete lindamente trabalhada, onde o pequeno mostrador serve como um complemento discreto (mas funcional).


A integridade estética do Manchette emana um apelo sensual equilibrado, uma elegância harmoniosa e um subtil toque de requinte. Um bonito relógio-bracelete.
Alta relojoaria:

Vacheron Constantin Les Cabinotiers Solaria Ultra Grand Complication. A grande relojoaria alimenta não só os colecionadores exigentes, mas também os fabricantes sempre ansiosos por exibir o que podem fazer de de melhor. Nome grado da alta-relojoaria e a celebrar o 270º aniversário, a Vacheron Constantin consolida-se como uma das principais marcas no patamar mais superlativo. E o Solaria Ultra Grand Complication demonstra na perfeição a vasta experiência da manufatura genebrina no setor das complicações.


No total, inclui um recorde de 41 complicações diferentes — seis funções de disposição do tempo e oito calendários perpétuos distintos — que faz dele o relógio de pulso mais complicado do mundo. E nem é excessivamente grande, apresentando dimensões notavelmente compactas para tanta complexidade mecânica.
Prémio do Público:

TAG Heuer Monaco Chronograph x Gulf. Atribuido pelos internautas que votaram no lote de relógios finalistas. E quem não gostaria de ser um pouco como Steve McQueen? Graças ao filme Le Mans de 1971, o lendário ator americano e style icon fez do quadrilátero Monaco um dos mais emblemáticos relógios da história da relojoaria. Na sua versão anual Gulf de 2025, o Monaco — classicamente com a coroa à esquerda, como no carismático original lançado por Jack Heuer em 1969 —apresenta uma caixa em titânio escovado e um espírito muito racing.


O design de mostrador do Monaco Chronograph x Gulf de 2025 foi precisamente inspirado no fato de corrida branco com racing stripes de Steve McQueen no mencionado filme Le Mans, embora as tonalidades sejam parentes das cores corporate da Gulf — e o tipo de correia escolhida adequa-se ao esquema cromático predominante.
Prémio Especial do Júri:

Kari Voutilainen. Natural de Rovaniemi, o mestre relojoeiro finlandês cedo transitou para a Suíça e tornou-se num dos mais distintos relojoeiros da atualidade. Atualmente, Kari Voutilainen é proprietário de uma manufatura independente que confeciona peças muito cobiçadas pelos colecionadores, mas é também criador de mostradores guilhoché tradicionais, designer de movimentos e, entre outras coisas, co-responsável pelo regresso da lendária marca Urban Jürgensen.

Com 13 estatuetas do Grand Prix d’Horlogerie no currículo, Kari Voutilainen (que este ano esteve em Portugal) é um purista da relojoaria com um sentido estético único e respeito pela mais pura tradição da cultura relojoeira clássica.
Grande Prémio:

Vacheron Constantin Les Cabinotiers Solaria Ultra Grand Complication. Entre os vencedores das múltiplas categorias, o júri elegeu o novo relógio de pulso mais complicado do mundo como recipiente do Grande Prémio de 2025.

Ou seja, o Solaria Ultra Grand Complication é o relógio do ano — para o júri do CH24 Watch Of The Year e também para muita gente que acompanhou os lançamentos relojoeiros de 2025. Um relógio que seria também um presente de Natal ideal… se não estivesse ao alcance de muito pouca gente. Muito pouca, mesmo.





