Max Büsser revolucionou a alta-relojoaria com a fundação da sua marca sindicalista MB&F em 2005, assente num conceito de geniais parcerias. No ano do 20.º aniversário, a comemoração arranca com o lançamento de uma variante especial das duas obras-primas da marca: o LM Perpetual e o LM Sequential Flyback, ambos apresentados numa caixa com asas longas.
Num ano de múltiplos aniversários de destaque, a MB&F comemora duas décadas de história. Mas com um embrião que já vem de trás. Engenheiro de formação com passagem pela Jaeger-LeCoultre na primeira metade da década de 90, Maximilian Büsser foi responsável pelo salto da Harry Winston Timepieces para o cume da alta-relojoaria graças ao lançamento anual de um instrumento do tempo revolucionário feito em parceria com um grande mestre; depois resolveu assumir esse conceito com ainda maior liberdade para conceber esculturas relojoeiras de caráter radical a partir de 2005 – acompanhado por um lote de amigos sem limites para a criatividade. Estava fundada a MB&F, cuja sigla significa Max Büsser & Friends e que representa um coletivo de talentosos independentes (criadores, artesãos, mestres relojoeiros) desejoso de transformar a sua paixão numa obra-prima radicalmente nova.

Primeiro foram as exorbitantes Horological Machines, depois surgiram as menos radicais Legacy Machines — e é precisamente com duas edições especiais das mais geniais Legacy Machines que a MB&F começa a assinalar o seu 20.º aniversário: o calendário perpétuo LM Perpetual e o cronógrafo duplo LM Sequential Flyback, ambos gizados por Stephen McDonnell e que agora estão disponíveis em tiragens de 20 exemplares numa caixa com asas particularmente alongadas.

Daí o nome oficial ser LM Perpetual Longhorn e LM Sequential Flyback Longhorn.
Asas longas
As asas compridas, ditas Longhorn, dos dois modelos especiais fazem parte da história da MB&F — embora de maneira não muito evidente. Integraram esboços iniciais e mesmo um protótipo do LM1, o primeiro modelo da linha Legacy Machine, mas acabaram por ser preteridas: havia a dúvida entre colocar os buracos de posicionamento da correia na ponta das asas ou mais perto da caixa, pelo que se optou por asas mais tradicionais. Esse protótipo acabou por ser leiloado por 277.200 francos suíços em 2021, com a verba a reverter em favor da fundação de caridade Save The Rhino… e com dois conjuntos de buracos para as molas de asa de modo a satisfazer os gostos do comprador, podendo optar por colocar a correia mais perto ou mais longe da caixa.

Quanto a Stephen McDonnell, é um dos mais destacados ‘Friends’ da sigla MB&F — sendo que Max & Amigos se tornaram nos novos mosqueteiros da indústria: um pouco como D’Artagnan e os Três Mosqueteiros, utilizam as sinergias para conseguir algo mais do que a soma das partes. «Um por todos e todos por um»: o primeiro projeto dos amigos surpreendeu pela ousadia, evocando a ficção científica numa Horological Machine Nº1 desenhada por Éric Giroud e transformada numa obra de arte da micromecânica pelo criador de mecanismos Laurent Besse e pelo mestre relojoeiro Peter Speake. O HM1 surgiu como uma espécie de fusão entre as ’20 Mil Léguas Submarinas’ e a ‘2001 Odisseia no Espaço’, sendo então apelidado de ‘Star Trek’ da relojoaria.

A ideia utópica em criar uma marca vocacionada para desenvolver conceitos relojoeiros radicalmente novos com um coletivo de compinchas (criadores e artesãos) prosseguiu com várias outras Horological Machines saídas do imaginário juvenil de Max Büsser — até que o lançamento da nova linha Legacy Machine em 2011 permitiu abraçar um público mais conservador sem perder nada da originalidade visual, técnica e emocional associada à marca. Entretanto, o conceito de parcerias já se havia estendido a outro tipo de esculturas mecânicas: os relógios de mesa, primeiramente com a histórica companhia de caixas de música Reuge e depois com a especialista L’Epée.

Pelo meio, deu-se o estabelecimento da Mechanical Art Devices Gallery e o recente estabelecimento da M.A.D House nos arredores de Genebra. A M.A.D. Gallery proporcionou o espaço e o contexto ideal para a apresentação ao público dos modelos da marca, juntamente com obras de arte de design futurista ou retrofuturista que incluem esculturas mecânicas (com lojas em Genebra, Paris e Dubai); a M.A.D. House em Carouge serve de sede à marca e inclui os ateliers relojoeiros.

Ou seja, em 20 anos a MB&F tornou-se numa marca protagonista e os seus relógios transcendentes têm recebido galardões um pouco por todo o mundo, com destaque especial para os troféus acumulados no Grand Prix d’Horlogerie de Genève. O universo alternativo de Max Busser está cada vez mais universal, sempre fiel ao delicioso mote ‘Um adulto criativo é uma criança que sobreviveu’.
LM Perpetual Longhorn
O LM Perpetual Longhorn celebra o relógio que, em 2015, revolucionou a configuração dos calendários perpétuos através de uma nova abordagem imaginada por Stephen McDonnell após vários anos à volta da resolução de múltiplos problemas inerentes à complicação — assentando num movimento integrado com 581 componentes. A edição especial do 20.º aniversário surge numa caixa em aço de 44mm de diâmetro por 17,5mm de espessura com as tais asas curvas e alongadas que fazem jus ao seu nome, dotadas de duas posições para as molas de fixação das correias de modo a proporcionar duas alternativas consoante o gosto do freguês.

O mostrador é de grande beleza, com um esquema cromático inspirado no tal protótipo leiloado no décimo aniversário do LM1 — em que o tom prateado geral é entrecortado pelo preto do submostrador principal das horas e dos minutos e dos anéis nos submostradores com as indicações do calendário perpétuo, e pelo azul dos ponteiros.

LM Sequential Flyback Longhorn
Já o LM Sequential Longhorn comemora o supercronógrafo idealizado por Stephen McDonnell e que em 2022 ganhou o máximo galardão no Grand Prix d’Horlogerie de Genève. Tratou-se do primeiro cronógrafo das MB&F e o primeiro da história da relojoaria com uma embraiagem binária Twinverter vertical que permite a cronometragem com ponteiros de recuperação, cumulativa e laptimer em dois submostradores que podem contabilizar o tempo de maneira completamente distinta ou associada. Muito provavelmente é o melhor cronógrafo mecânico de todos os tempos.

O esquema cromático é idêntico ao do seu ‘irmão’ LM Perpetual Longhorn — predominando o tom prateado com alternâncias de preto no disco que serve de submostrador das horas e minutos, e nos anéis que destacam os totalizadores associados à função cronográfica. Para mais, associa também a função flyback à função rattrapante. A caixa de 44mm por 18,2mm também é esculpida em aço inoxidável, tal como a correia é igualmente bege.
