Desde tempos imemoriais que o ouro é considerado o metal precioso por excelência. No 40.º aniversário do tema Gold dos Spandau Ballet, apresentamos um trio de prestigiados relógios em ouro com funções diferentes e inspirações distintas: o Zeitwerk Minute Repeater, o Endeavour Chinese Calendar e o Carrera Glassbox Chronograph.
Os Spandau Ballet lançaram o tema Gold em 1983, no final do verão. Em 2023, e já em pleno outono, destacamos um trio de relógios em ouro recentemente lançados — não pelo mítico Rei Midas, mas por três relevantes casas relojoeiras. Todos eles dotados de complicações diferentes e inspirações distintas. Sendo ouro o metal precioso por excelência desde tempos imemoriais devido à sua superior maleabilidade e demais propriedades, sobressai igualmente pelo tom que se tornou igualmente sinónimo de sofisticação. Na relojoaria, e mesmo havendo outros metais e materiais mais caros, qualquer modelo de prestígio acaba por ser invariavelmente declinado numa versão em ouro. Há mesmo companhias relojoeiras, como a Rolex ou a Chopard, que têm fundições próprias e se especializaram em ligas e tonalidades especiais. E mesmo que o ouro branco também seja utilizado para um look mais frio e/ou discreto, a caraterística tonalidade dourada é a que traduz imediatamente a sua origem.
40 anos após o hit Gold do quinteto neo-romântico Spandau Ballet, o triunvirato de relógios em ouro recentemente lançados e que passamos a apresentar faz mesmo sonhar: o Zeitwerk Minute Repeater Honey Gold Edition da A. Lange & Söhne com função acústica, o Endeavour Chinese Calendar da H. Moser & Cie. que junta calendários de duas civilizações, e o Carrera Glassbox Chronograph Gold da TAG Heuer com a sua herança cronográfica dos desportos motorizados. Aqui estão eles:
A. Lange & Söhne Zeitwerk Minute Repeater Honeygold
Tendo por inspiração o relógio de cinco minutos sobre o palco da Ópera de Semper em Dresden e por base o revolucionário Zeitwerk de horas e minutos digitais com dupla janela para o tempo, a A. Lange & Söhne desvelou no início desta semana o Zeitwerk Minute Repeater Honeygold Edition — uma terceira versão do mesmo modelo mas com recurso ao chamado ‘ouro mel’, uma liga secreta que a manufatura germânica desenvolveu e patenteou em 2010 e que foi assim batizada devido ao facto de se assemelhar a mel líquido. Apesar dessa analogia fluída, o ouro mel da A. Lange & Söhne é mais duro de trabalhar do que outras ligas de ouro e até a platina… mas oferece mesmo uma tonalidade subtil e elegante. Sendo proprietária, a marca de Glashütte passou naturalmente a declinar os seus mais prestigiados modelos em Honeygold.
Para além da tonalidade mel, o Zeitwerk Minute Repeater Honeygold Edition destaca-se também pelo mostrador cinza contrastante com o tom metálico da ponte (que inclui as janelas para as horas e minutos). Os gongos também estão à vista e podem ver-se em ação quando a função do repetidor de minutos é despoletada: ativando-se o botão na caixa às 10 horas, o mecanismo faz soar as horas, os intervalos de 10 minutos (outra especialidade, sendo que o mais habitual neste tipo de complicação são os quartos) e os minutos. Outro aspeto interessante relativamente ao que é usual ver-se em repetidores de minutos, o Zeitwerk Minute Repeater da A. Lange & Söhne utiliza um botão de acionamento em vez da habitual alavanca deslizante que corre ao longo do flanco da caixa — como a energia da complicação acústica é fornecida pelo duplo tambor de corda, não é necessária a tal alavanca deslizante para puxar por uma mola adicional. Ou seja, não há uma abertura lateral na caixa para afetar a acústica. Após o Zeitwerk Minute Repeater inaugural de platina em 2015 e a variante em ouro branco de 2020, o Zeitwerk Minute Repeater Honeygold Edition é a terceira edição de uma extraordinária obra-prima da relojoaria.
Preço: por requisição (a versão de 2020 em ouro branco valia 450.000 euros).
H. Moser & Cie. Endeavour Chinese Calendar
A H. Moser & Cie. tem-se destacado pela abordagem minimalista dos seus mostradores coloridos e fumados. Naturalmente, essas caraterísticas surgem em grande evidência no novo Endeavour Chinese Calendar — um relógio que tem uma clara alusão ao calendário chinês na sua nomenclatura, mas que também inclui um calendário ocidental. A marca de Neuhausen am Rheinfall (nos arredores Schaffhausen, no limite da fronteira com a Alemanha) já tinha ganho fama por descomplicar visualmente uma função tão carregada de indicações como a do calendário perpétuo — como se viu no intuitivo Perpetual Calendar Concept de 2015 — e através do Endeavour Chinese Calendar surpreende com uma nova configuração que até é dupla: para além do calendário lunissolar chinês, apresenta também o tradicional calendário solar Gregoriano pelo qual se rege o mundo ocidental. Não é a primeira vez que tal acontece na relojoaria (já se viram exercícios de estilo semelhantes da Blancpain e da Parmigiani), mas não há dúvida de que a interpretação da H. Moser & Cie. elevou a fasquia.
A fusão de dois conceitos de calendário tão distintos num mesmo mostrador foi conseguida com o apoio do atelier de complicações de alta-relojoaria fundado pelo mestre Jean-Marc Wiederrecht, a Agenhor, no qual o grupo MELB Luxe (que integra a H. Moser & Cie., a Hautlence e a Precision Engineering) investiu financeiramente. O Calibre HMC 210 de corda automática é equipado com um módulo Agenhor que proporciona a tal junção de duas civilizações numa caixa em ouro rosa de dimensões bem menores do que seria de esperar: ‘apenas’ 40mm de diâmetro para 13mm de espessura! Os dois cortes em forma de lua crescente no mostrador revelam, através de ponteiros retrógrados, os meses lunissolares chineses à esquerda e os dias lunissolares chineses com fases da lua à direita. Às 12 horas, a janela triangular revela o ano chinês e correspondente animal do zodíaco (também mostra o mês suplementar nos anos de 13 meses; por baixo dos pequenos segundos às 6 horas aparece a janela da data do calendário Gregoriano tradicional.
Preço: 78.200 euros.
TAG Heuer Carrera Glassbox Chronograph Gold
O 60.º aniversário do Carrera tem sido efusivamente celebrado pela TAG Heuer através de múltiplas versões e várias edições limitadas, mas a principal comemoração foi mesmo a completa renovação da emblemática linha (claramente a gama bestseller da marca) com o lançamento do formato Carrera Glassbox. E é precisamente nesse invólucro que foi lançado o Carrera Glassbox Gold com um mostrador que remete para uma histórica referência associada a campeões. Simbolicamente, e olimpicamente, o ouro sempre esteve ligado aos vencedores — e Jack Heuer costumava dar Carreras Ref. 1158 CHN em ouro aos seus embaixadores na Formula 1, como os pilotos da Ferrari e ainda o malogrado Ronnie Petterson (que teve outra edição Carrera inspirada por ele usada por Cristiano Ronaldo numa ocasião solene).
Essa específica referência em ouro do Carrera, pelo simbolismo e pelas memórias, sempre foi o relógio que Jack Heuer elegeu como preferido no longo historial de modelos lançados sob a sua vigência entre as décadas de 60 e 80. Após múltiplas reedições e reinterpretações ao longo dos anos, a mais recente corresponde inteiramente à herança que o inspirou. O vidro abobadado glassbox replica os vidros plexiglass dos Carrera de tempos idos e integra-se muito bem na caixa, juntamente com a surpreendente solução encontrada para a escala taquimétrica na orla do mostrador — com uma inclinação que permite a sua leitura a partir de qualquer ângulo de visão. O tom dourado com acabamento escovado vertical do mostrador e os totalizadores contrastantes a preto reforçam a aura de prestígio e a identidade histórica do Carrera Glassbox Gold. A juntar à configuração bicompax surge discretamente um pequeno ponteiro de pequenos segundos à seis horas (um condicionalismo do Calibre TH20-20, uma atualização do Heuer-02) que até seria dispensável para um look ainda mais puro.
Preço: 22.000 euros.